Segredo

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Sigo um pouco anestesiada para o escritório.

-Está tudo bem? -Conrado pergunta quando entro.

-Está, está sim. Já tem coisas para mim?

-Sim. Vem cá.

Me aproximo dele e sento na cadeira, enquanto ele fica do meu lado, me indicando as coisas.

-Aqui tem alguns arquivos para você analisar. São relatórios que precisamos ter toda semana dos trabalhos que cada funcionário tem em seu setor. Isso pode te ocupar bastante, mas caso queira continuar também deixei um arquivo de uns capítulos de um livro que estamos em processo de fechar como autor. Os relatórios precisam ser lidos e depois você vem aqui na planilha e checa se está tudo certo, se teve alterações, enfim, tudo o que precisa ver está escrito aqui, está vendo?

-Estou sim.

-O livro você lê e me diz, por email, se gostou, o que mudaria, sua visão para uma divulgação, essas coisas críticas.

-Entendido.

-Qualquer dúvida você me manda email, está bem? Se eu não vir, Joaquim verá e te respondo imediatamente. Muita coisa?

-Sim, mas dou conta! -Olho para ele.

-Claro que dá. -Ele me deixa um beijo na testa. -Preciso ir.

-Espera... Tem cinco minutinhos?

-Claro. O que foi?

Me levanto e fico de frente para ele.

-Você conhece algum Vicente?

-Vicente? O cara do seu pesadelo?
-Sim. E não.

-Como assim?

-Você conhece algum Vicente, além dele.

-Não.

-Não minta para mim.

-Estou atrasado, preciso ir.

-Conrado!

-Emmily, agora não. Por favor.

-Ok! Mas não pense que vou deixar de tocar neste assunto quando você voltar para casa.

-Eu estaria sonhando se isso acontecesse. Enfim, tchau.

Fecha a porta e parte.

Alguma coisa tem ai...

***

Passo a tarde fazendo todas aquelas coisas que ele me deixou. Não foi difícil... Consegui me virar muito bem sem nem ter que mandar email para perguntar algo. Não por orgulho (talvez), mas por eu saber (e sentir) que era capaz de concluir. E fui.

Aperto o último "enter" para enviar todas as coisas concluídas, inclusive minha visão crítica sobre o capítulo do livro, que eu gostei muito.

-Nada mal, Emmily! -Fico orgulhosa de mim mesma.

Desço para comer algo. Acho na gaveta um panfleto de uma pizzaria e minha boca saliva de tanta vontade. Ligo e peço uma de mussarela.

-Merda, o dinheiro...

Eu preciso ter uma carteira, não é?

Subo correndo para o quarto e a procuro em todos os cantos. No fim, ela está na gaveta do criado mudo ao lado da cama.

-Perfeito!

Desço novamente e aguardo na cozinha.

Ouço um barulho do lado de fora e automaticamente olho para a porta, temendo o pior.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora