-Vicente!
Ouço a voz de Conrado ao longe. Não posso me mover. Mal consigo respirar.
Sinto meu irmão se aproximar de mim, desesperado. Mas não consigo dizer nada, apenas ouvi-lo.
-Vin, por favor, não vá! Por favor, irmão. Fica comigo. Você não pode ir agora. Não, não.
Sinto meu corpo ser arrastado para fora do carro. Estou em seu colo. E ele está chorando. Eu luto para ficar para não ouvi-lo mais chorar.
Mas eu não consigo.
Me sinto ser levado para longe dos braços do meu irmão.
E do breu que estive por um piscar de olhos, me vejo novamente naquela rua escura com o carro capotado. Vejo Conrado gritar por socorro sentado no asfalto, fora de si, com meu corpo ainda em seu colo.
Me aproximo sem entender nada do que está acontecendo.
-Conrado! –Grito e ouço meu nome ecoar pela rua, mas ele não me dá atenção.
Tento tocá-lo, me abaixo e grito em seu ouvido. Mas nada muda.
Conrado abraça meu corpo em seu colo, sussurra em meu ouvido. E eu posso sentir.
Vejo Natan se levantar e caminhar em minha direção.
-Natan! Pode me ouvir?
-Claro.
-O que aconteceu?
-Adivinha! Seu irmãozinho nos matou!
-Não, não é verdade! –Me levanto e coloco o dedo indicador na frente de seu rosto.
-Deu pra virar homem depois de morto, filho da puta?
-Cala essa boca, Natan, Você fez essa merda! Você quem é um filho da puta! Olha que merda! –Aponto para Conrado.
Me ajoelho em sua frente e ouço as sirenes da ambulância.
-Ele vai se culpar a vida inteira por isso... –Lamento.
-Ótimo!
-Eu não sei por que fui seu amigo... Você é ridículo.
-Que seja! Olha só, ele me largou no meio da rua para ir atrás de você...
-Você infernizou a vida dele e queria que ele ficasse com você depois do que causou?
Ee dá de ombros.
-O que vamos fazer agora?...
-Vou me vingar.
-O que?
-Vou me vingar. Vou dar um jeito.
-Eu não acredito que...
-Conrado nos matou? Nem eu.
-...que isso seja real.
Ao contrário do que dizem, não vejo luz branca alguma e nem sinto paz. Morrer é uma merda mesmo... E estou fadado a ficar com o desgraçado do Natan.
-Você vem?
-Claro que não! Não quero me vingar de Conrado.
-Tem certeza? Vem, vamos planejar uma coisa muito boa e merecida. Vai perder a oportunidade de ficar perto do seu irmão?
Sei que os argumentos dele são para me influenciar. Mas eu não quero deixar Conrado.
-Está bem.
-É assim que se diz, meu amigo!
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Entre o passado e o agora
RomanceEmmily Figueiredo leva uma vida perfeita ao lado de seu noivo Conrado Vasconcelos, após sofrer um trauma que a derrubou por um longo tempo. Em uma madrugada, misteriosamente, Emmily perde sua memória. Mesmo sem reconhecer o próprio noivo, Conrado...