Acordo pela manhã e resolvo sair um pouco de casa. Coloco uma roupa confortável, pego meu celular e ponho as músicas no aleatório (já que muitas delas eu nem me lembro como seja) e vou correr pelas ruas do bairro para não me perder.
Algumas pessoas me cumprimentam com aceno quando passo em frente às suas casas. Tento parecer o mais natural possível, mas eu realmente não faço ideia de quem sejam.
Já ofegante e pingando suor resolvo voltar para casa para ficar um tempinho dentro da banheira. Viro a esquina buscando uma música conhecida e de repente estou de bunda no chão.
-Meu Deus, moça! Me desculpe! -Uma garota se levanta do chão também e estende a mão para me ajudar.
-Nossa... -Olho um leve arranhão na palma da minha mão.
-Me desculpa mesmo. -Ela está agitada.
-Você está bem?
-Eu... Eu fui assaltada na rua de trás e saí correndo. Perdão mesmo, não queria te derrubar.
-Você mora por aqui?
-Aqui? Puff... Quem me dera. Eu só estava passando mesmo. Me admira ter sido assaltada aqui e não no meu bairro, que é bem menos "chique" que esse.
-Se acalme. Vem comigo, vou te dar um copo d'água. Você está pálida.
-Não, imagina. Eu quem deveria te oferecer algo, eu te machuquei. É que eu realmente não tenho nada...
-Esqueça isso. Vamos.
Seguimos em direção à minha casa.
-Meu nome é Emmily. -Estendo a mão ralada.
-O meu é Alice, prazer.
-O que fazia por aqui?
-Ah, sempre venho para cá. Gosto muito do parque e na volta para casa costumo passar por esses bairros e admirar um pouco essas casas diferentes e tentar adivinhar quem mora nela. Por exemplo, olha aquela casa ali. Deve ser de um casal jovem que sai de manhã para correr com seu cachorro Golden ou Labrador e à tarde escolhe um carro para ir trabalhar.
-Na verdade, não temos um cachorro. Mas boa ideia... -Digo dando risada e pegando a chave no bolso.
-Você... Você... -Diz apontando para casa e para mim enquanto processa a informação.
-Fique à vontade.
Ela entra observando tudo com os olhos esbugalhados e a boca aberta me seguindo até a cozinha.
-Eu nunca tinha estado em um lugar assim antes... Estou até com o braço colocado no corpo para não esbarrar em nada ou sujar essas paredes brancas!
-Relaxa! -Digo rindo. -Água ou suco?
-Água, por favor.
-Sente-se. Está com fome?
-Oh, não, não. Não vou abusar.
Pego a cafeteira e ponho na bancada com duas xícaras. No armário busco torradas e com muito custo consigo achar.
-É bom ter companhia às vezes... Fico sozinha, por enquanto, no tempo em que meu noivo -Tusso involuntariamente - trabalha. Então, Alice, me fale um pouco de você.
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Entre o passado e o agora
RomanceEmmily Figueiredo leva uma vida perfeita ao lado de seu noivo Conrado Vasconcelos, após sofrer um trauma que a derrubou por um longo tempo. Em uma madrugada, misteriosamente, Emmily perde sua memória. Mesmo sem reconhecer o próprio noivo, Conrado...