Águas passadas

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Quando Conrado faz a curva para colocar o carro em nossa garagem vemos uma pessoa sentada na guia da calçada.

-Quem é? –Pergunta Conrado a si mesmo tentando enxergar melhor.

-Alice.

-Quem?

Saio do carro e vou de encontro a ela.

-Alice? O que faz aqui?

-Quando ela levanta o rosto para me olhar posso ver algumas marcas e suas lágrimas desenfreadas.

-Desculpe, Emmily... Sei que você mal me conhece, mas eu realmente sou sozinha e não tenho mais a quem pedir ajuda. –Ela diz de forma rápida segurando minhas mãos.

-O que houve? –Pergunto.

-Um cara...

-Ah, não...

Sinto Conrado atrás de mim e dou um passo para o lado para que ele possa vê-la.

-Esta é Alice, a menina que te falei ontem.

-Meu Deus, o que aconteceu com ela?

-Você é Conrado Vasconcelos? –Ela pergunta surpresa.

-Sim?... –Ele chega perto da minha orelha e sussurra: “Como ela me conhece?”

-E você é a Emmily Figueiredo? Meu Deus, que vergonha! –Ela se levanta para correr, mas a seguro gentilmente pelo braço.

-Como você sabe nossos nomes?

-Por causa da editora Limbus. Já tentei estágio lá. Meu Deus, me desculpem mesmo! Vou ir embora.

Olho para Conrado.

-Não. Entre. Você não parece estar nada bem. –Ele diz para minha surpresa.

Ela nos olha em silêncio pensando no que fazer.

-Venha. –Estendo minha mão e a guio para dentro de casa.

***

A

lice está na sala tomando um copo d’água enquanto eu e Conrado permanecemos na cozinha.

-O que eu faço? –Pergunto.

-Assume o B.O. –Dou  um tapa em seu ombro.

-Falo sério!

-Ok! Conversa com ela, veja o que aconteceu. Não tem muito o que fazer, por enquanto.

-Confia nela?

-Não mesmo. Nem a conheço e pelo visto ela nos conhece muito bem.

-É só uma garota...

-Não se iluda, Emmy. Preciso voltar para a editora, mas não quero deixar você sozinha...

-Pode ir. Sei me cuidar.

-Não sei, não...

Cruzo os braços e o encaro.

-Está bem, está bem! –Ergue os braços em rendição. –No que precisar me ligue.

Ele me dá um beijo no rosto e sai pela porta dos fundos.

-Alice? Como está se sentindo?

-Ainda envergonhada... Não sei como não a reconheci antes. Se eu soubesse...

-Pare com isso. Eu sou igual a você, não me coloque em um pedestal, por favor.

-Me desculpe. É que eu realmente admiro muito o trabalho de vocês com a Limbus, é mágico aquele lugar.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora