Ternura

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Ouvimos um barulho de chaves abrindo a porta e rapidamente Vicente desaparece.

Conrado entra com algumas pastas em mãos e seu terno, trancando a porta e pendurando as chaves ao lado da porta. Ele se aproxima de mim, que permaneço parada no mesmo lugar, apoiada no balcão.

Ele não diz nada, apenas coloca suas coisas em cima da mesa e me olha.

Não consigo esconder o quão abalada estou.

Corro até ele e choro como criança. Ele me abraça e faz cafuné em minha cabeça, me permitindo colocar tudo para fora.

Subimos para o quarto sem conversar. Em minha cabeça se repete as imagens de Conrado pequeno junto com Vicente e isso me traz um mix de sentimentos que não consigo administrar.

Ele segue para o closet e retira suas roupas sociais para tomar banho. Estou sentada na cama, ainda em silêncio.

-Está melhor?

Nego com a cabeça.

Sinto a mão dele em meu queixo para que o olhe.

-Vem comigo. Não gosto de te ver assim...

O sigo para o banheiro, onde Conrado liga a torneira para encher a banheira.

Ele apenas veste sua calça social, estando descalço.

O vapor começa a tomar conta de todo o espaço. Conrado se aproxima e toma meu rosto com suas mãos, depositando um beijo caloroso em meus lábios.

Ele tira toda a vestimenta e entra na banheira. Faço o mesmo, o acompanhando.

Sento entre suas pernas e descanso minha cabeça em seu peito, sentindo seus dedos passearem pelo meu corpo.

-Eu vou cuidar de você, Emmy. Tudo vai passar, confie em mim.

Eu sei que vai. Eu vou cuidar disso. E espero que ele confie em mim.

-Eu confio.

Vou para a outra extremidade da banheira e Conrado faz massagem em meus pés.

Me lembro da vez em que ele me surpreendeu neste mesmo lugar e eu quase morri de vergonha. Dou um riso com as lembranças mantendo meus olhos nele. Me sinto bem e com aquele sentimento de conquista, de paz.

Coloco minha perna de volta a água e me aproximo dele, o beijando intensamente e junto com o vapor nos preenchemos em todo o espaço. Me sinto grande, flutuante, leve. Conrado mantém seus gestos com calma, me fazendo sentir e aproveitar de cada arrepio que me proporciona.

Nossos corpos e cabelos molhados, a espuma vestindo nossa pele, o ar quente preenchendo nossos pulmões. Depositamos todos os fardos, tristezas, inseguranças para fora de nossas vidas nesse momento.

Somos apenas eu e Conrado.

Fazemos amor lenta e calmamente, nos contrapondo à loucura agitada que tem sido nossos dias.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora