Editora

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Acordo com um susto e uma almofada no rosto.

-Ei! Isso é jeito de acordar uma pessoa? –Jogo a almofada de volta para Conrado, que está de pé na ponta da cama.

-Acorda, preguiçosa.

-Perdeu completamente o respeito ao próximo!

-Quero te levar a um lugar, mas se preferir ficar dormindo... –Ele vira de costas lentamente.

-Para onde?

-Levanta.

-Mas que ousadia, meu Deus do céu. Pronto, estou de pé.

Ele checa o relógio de pulso.

-Você tem vinte minutos para se arrumar e chegar comigo na editora do seu pai. –Diz com desdém.

-O que?! É sério?

A essa altura estou dando pulinhos pelo quarto e o agradecendo. Corro para o closet e depois para o banheiro.

-Você nunca se trocou tão rápido em toda a sua vida.

-Se não me lembro é porque é mentira. –Passo meu braço pelo o dele e nos guio até a porta.

-Há há.

Entramos em um BMW 320i branco e seguimos em direção à editora. Troco algumas estações de rádio até achar uma música que gosto.

-Que música é essa?

-Love on the brain, da Rihanna.

-Essa música não deveria tocar em uma rádio...

-Por que não?

-Parece música de...

-De?

-Você sabe... De fazer... coisas.

-Emmily, você se lembra que não tem mais treze anos para ter vergonha de dizer as “palavras proibidas”, não é? –Ele diz rindo de mim.

-Eu sei, mas é estranho. Enfim, de sexo. Satisfeito?

-Ela é boa mesmo... –Me olha com malícia e eu meu rosto queima de vergonha. –Você adora.

-Meu Deus! –Me mexo no banco tentando cavar um buraco e me esconder. E ele? Ele solta uma gargalhada bem alta.

-Mas então... –Tento mudar de assunto- Nós estamos bem mesmo, não é?

-Estamos. Fique tranquila quanto a isso. –Toca em minha coxa a apertando levemente e depois tira a mão para trocar a marcha.

-Já estamos quase chegando.

-Estou tão ansiosa! –Pego a mão dele e coloco em meu peito para ele sentir meu coração. Só depois da forma como ele me olhou eu percebo o que fiz.

-Só não tenha um piripaque aí.

Olho pela janela e consigo ver a fachada da editora como nome “Limbus” gigante em prateado no alto. Sinto meu pai comigo e isso me trás paz.

Ele estaciona o carro no estacionamento com uma vaga com o seu nome (ao lado posso ver uma com o meu) e cumprimenta os funcionários que também me cumprimentam com um “bom dia, senhorita Figueiredo!”.

Entramos no hall e eu fico em choque com tudo o que vejo a minha volta. O lugar é ainda maior do que me lembrava e cheio de vida com pessoas perambulando de um lado para o outro.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora