Toca o sinal do fim do primeiro período, eu ouço só o suspiro de alívio da sala, como se a aula de história fosse um pesadelo. Eu não entendo isso. Entender nosso passado, ver como e porque as pessoas no passado faziam as coisas daquele determinado jeito, e de como a sociedade evoluiu desde de então, é algo que todos nós deveríamos ter interesse. Mas pelo contrário, ninguém dá atenção de verdade para isso. A Any e a Sabina chegam toda vez atrasadas. A Shivani parece que só fica me encarando, como se não tivesse lição no quadro para copiar. O Lamar e o Noah ficam conversando um com o outro todo o tempo, para não falar das piadinhas sem graça. E pensar que essa geração é o futuro do planeta. Que decepção.
Eu geralmente espero todo mundo sair primeiro, não gosto de ficar no meio daquela multidão de pessoas que ficam se apertando pela porta da sala, só para ver quem sai primeiro. Depois que fiquei sozinha, pego minhas coisas e saio da sala em direção a minha próxima aula. Matemática. Sala 12. Sr. Ferraz é quem leciona essa matéria.
É engraçado que sou sempre a última a sair, mas a primeira a entrar. Nunca gostei de ficar socializando com as pessoas nos corredores, sou muito mais conversar com meus amigos virtuais, do que pessoalmente. Para mim, era quase que um desafio passar pelo meio de todas aquelas pessoas, que faziam da transição de uma aula para a outra, um momento de colocar a fofoca em dia. Mas uma coisa aconteceu diferente hoje.
Quando entrei na sala, logo vi o Sr. Ferraz sentado em sua mesa, tentando conversar com uma garota, que estava sentada logo na primeira carteira, a mais próxima do quadro possível. Já achei estranho que ela havia chegado antes de mim na sala, algo que não acontecia a muito tempo, mas o que era ainda mais estranho foi que eu nunca tinha a visto antes naquela aula, ou melhor, nunca a notei em nenhum lugar da escola.
Eu dei bom dia para os dois, e fui para o meu lugar. Por alguns segundos fiquei encarando os dois tentando conversar, para entender o que estava acontecendo, mas o professor não disse nada. Na verdade, ele parecia estar tento bastante dificuldade de se comunicar com a menina nova. Qual será que era o problema dela?
Aos poucos os outros alunos foram chegando, e claro que todos ficavam encarando aquela pessoa estranha balançando a cabeça em sinal de sim, em resposta a qualquer coisa que o professor estava dizendo a ela. Será que ela era surda? Ou talvez fosse muda? Ou até mesmo ela fosse surda e muda, e só entendesse leitura labial. Isso explicaria por que o Sr. Ferraz gesticulava tanto as mãos e o rosto para falar.
O sinal tocou. Estava na hora de começar a aula. Ainda tinha algumas pessoas que estavam entrando na sala, mas o Sr. Ferraz nunca esperava pelos atrasados, sempre foi muito pontual nesse sentido.
- Bom dia classe. - Disse ele em alto e bom tom, mas sem ouvir muitas respostas de volta dos alunos. - Queria dizer que antes de começar a aula de hoje, gostaria que todos vocês conhecessem a mais nova aluna da nossa escola. O nome dela é Hina Yoshihara, e antes que alguém aqui pergunte, sim, ela veio do Japão, e não, ela não fala muito bem inglês, e sim, ela vai estudar normalmente conosco, e sim, ela até que consegue entender bem o que falamos, então nada de piadas, e também por favor evitem fazer esses seus interrogatórios para os alunos novos, todo mundo sabe que ninguém gosta de expor a sua vida pessoal para pessoas que está vendo pela primeira vez, não é verdade?
O Lamar levanta mão, do jeito que ele é, certeza que vai soltar alguma piadinha sem graça, ou fazer uma pergunta idiota.
- Pois não Lamar. - Diz o professor, só esperando para ver qual seria a pérola da vez.
- O Senhor já pesquisou para ver se ela não é uma espiã da máfia japonesa? Sabe como é, segurança nunca é demais, e lá eles têm aqueles lances de ninja e tal. E se ela tiver uma espada escondida na mochila e sair atacando todo mundo?
- Claro Lamar. Vamos fazer o seguinte então. Depois do período de aula, dá uma passada lá na sala da detenção e me ajuda a aprender um pouco mais sobre a máfia japonesa e sobre os ninjas, pode ser? Parece que você está sabendo bastante sobre isso.
Alguns dos alunos que estavam só segurando a risada para não rir, fecharam a cara imediatamente. Depois as pessoas reclamam que eu não gosto de conversar. Sou muito mais ficar quieta na minha, do que abrir a boca para falar umas idiotices e levar bronca. Minha época de ir para a detenção já acabou a muito tempo. Cansei de dar palpite e me envolver em qualquer coisa aqui nessa escola. Só queria que o ano acabasse logo
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Unidos Para Sobreviver
Fanfiction(Fanfic sobre o grupo musical de pop internacional NOW UNITED) Jovens que levavam uma vida normal, indo para a escola e lidando com seus próprios problemas pessoais, se deparam com um desafio que coloca a vida de todos eles em risco. Agora, os 14 ad...