Dia 1 - O que está acontecendo? (Josh)

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Ouço novamente aquele sinal da escola super estridente para indicar o final do intervalo. Hora de voltar para as aulas, agora era o momento que muitos alunos começavam a fazer aquela contagem regressiva para ir embora para casa, e não pensar novamente nela até o dia seguinte. Mas não eu, eu nunca ia embora assim que as aulas acabassem.

Um dos principais motivos para escolher estudar aqui na XIX High School era por sua variedade de atividade extracurriculares. Eu sempre amei dançar, e quando eu descobri que essa escola tinha aulas de dança, eu não pensei duas vezes. Sempre depois das aulas, vou para o estúdio que fica na parte de trás da escola, e faço mais ou menos umas duas horas de aula. Eu me sinto muito mais vivo quando danço, sinto uma energia revigorante. E eu só volto para casa, porque preciso comer e fazer lição de casa, porque se meus pais deixassem, eu poderia ficar o dia interino naquele estúdio. O treinador já me deu até a chave, para quando eu quiser ir lá "fora do horário", mas lógico que não posso contar isso para ninguém.

- Ei! Você aí que está brisando! Terra chamando Josh!

Eu paro de escarar o teto, e viro a cabeça para onde eu acho que aquela voz está vindo.

- Você está bem cara?

Era o meu amigo Bailey.

- Estou sim cara. - Respondo passando a mão no rosto para disfarçar a cara de confuso.

- Então levando daí logo, que precisamos ir para a aula. Lá você vai ter bastante tempo para ficar olhando para o teto.

- Claro, claro, bem engraçadinho você está hoje. - Respondi dando uma risada, mas no fundo sabia que ele tinha razão.

Eu gastava grande parte do meu tempo na escola, pensado em coreografia para várias músicas que eu gostava, e quando me dava conta, já tinha ficado dez minutos olhando para o teto e imaginando. Perdi a conta de quantas vezes os professores tiveram me chamar minha atenção para a aula. O que eu posso fazer? Dançar está no meu sangue, isso é minha vida.

Me levando da cadeira e sigo o Bailey em direção a sala de aula.

Entramos na sala, percebo que só faltava a gente chegar. Faço uma cara de dó para a Sra. Santos, nossa professora de química, que faz uma cara de decepção de volta para mim. E a professora não é a única que faz cara feia para a gente, a namorada do Bailey, a Sofya, fixa o olhar nele e em mim, que parece que está nos fuzilando com os olhos.

A Sofya não ligava do Bailey chegar atrasado, mas se ele estivesse comigo, aí a situação era diferente. Eu e o Bailey já nos conhecíamos a mais bastante tempo, estudamos juntos desde do primário. Mas desde que ele começou esse namoro no final do ano passado, nossa amizade está passando por uma turbulência.

Nunca soube exatamente o porquê dela não de mim, isso se deve ao fato de que ela nunca nem tentou conversar comigo, seja lá o que for que a incomoda tanto, nunca tive a oportunidade de me explicar, geralmente quando ela me vê, ela só faz essa cara de desaprovação e vai embora. Mas qualquer dia eu vou perguntar diretamente para o Bailey o motivo disso, em algum momento do relacionamento dos dois, eu devo ter sido a pauta do assunto em algum jantar em família, num encontro no parque, ou coisa do tipo.

Nós nos sentamos as nossas respectivas carteiras e esperamos a aula começar em silêncio.

- Muito bem pessoal. - Começa a dizer nossa professora. - Na aula de hoje nós vamos continuar de onde paramos ontem. Estávamos falando da carga elétrica que possuem os átomos...

Ela para de falar e vai em direção a porta, parece que havia alguém batendo para entrar.

Ela abre a porta, e dá de cara com o diretor da escola, o Sr. Augusto.

- Só um minutinho classe.

Ela saia da sala, e fecha a porta atrás dela. A expressão do diretor parece a de alguém que acabou de ver um fantasma. É como se ele estivesse morrendo de medo, mas ao mesmo tempo se segurando para não fugir e manter uma postura firme.

- O que será que aconteceu? - Pergunta o Bailey que está sentado na carteira ao meu lado direito.

- Não sei não. - Respondo dando de ombros.

- O Sr. Augusto, nunca vai até as salas. - Continua ele. - Deve ser algo importante. Você viu a cara dele?

- Eu vi, ele pareceu meio assustado para você?

- Assustado? Parecia que ele tinha visto zumbi andando aqui na escola.

A Sra. Santos entra novamente na sala, dessa vez, com a mesma expressão facial que a do diretor. As mãos dela tremiam um pouco. Olha para o Bailey com uma cara de preocupação, e ele olha de volta.

- O merda é essa? - Sussurra ele.

- Classe... - Começa a falar a professora, mas acaba engasgando no próprio nervosismo. - Peço para que todo de forma organizada... recolham seus materiais, guardem suas coisas e vão embora daqui.

A sala inteira começa a falar ao mesmo tempo, não havia sido só eu e o Bailey que achamos toda aquela história bem estranha.

- Silêncio!! - Grita a Sra. Santos. - Parem de falar, só façam o que eu estou mandando agora!!

- Mas o que está... - Começa a perguntar Sina, outra colega de classe.

- Sem mas! - Interrompe nossa professora. - Isso é para a própria segurança de vocês! Vou repetir somente mais uma vez. Peguem suas coisas, vão para suas casas o mais rápido possível, e lá, os seus pais iram te orientar melhor o que está acontecendo.

Um celular toca na sala de aula. Todos param para procurar quem era a pessoa que estava recebendo uma ligação no meio do período escolar.

Era o celular da Sina.

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