Dia 2 - Sr. Fuller (Joalin)

1.9K 146 157
                                    

Sabina e eu ficamos uma do lado da outra durante o caminho. Enquanto os soldados nos mostram os quartos em que ficaríamos. Subimos até o quarto andar. Sabina ficou no 402, e supostamente, eu deveria ficar no 403, logo de frente ao dela. Me posiciono em frente a porta, esperando que alguém a abra para mim.

- Você não vai entrar agora gracinha. - Diz o soldado, dando um sorriso malicioso.

- O que isso significa? - Pergunto de volta, com a voz mais firme que conseguia reproduzir.

- O diretor quer te ver no laboratório. Você aí! Mostra o caminho, e não tira o olho dela nem por segundo, entendido?

O outro soldado aparece atrás de mim, e posiciona o cano da arma nas minhas costas.

- Entendido capitão. Ela não vai tentar nada, pode confiar.

- Então vai logo! Não deixe o diretor esperando.

Ele me da um leve empurro, para me fazer andar. E é exatamente isso que faço. Nós andamos até o final no corredor do terceiro andar. Lá havia uma porta de acesso ao prédio ao lado. Todos os prédios eram interligados por uma passarela. Usamos ela para chegar até um hall gigante.

Aquele lugar deve ter custado uma fortuna, era tudo muito luxuoso. O chão de pedra de granito preto, os lustres brilhantes como se fossem feitos de diamantes. Uma moça perfeitamente arrumada está por trás de uma mesa de recepção do outro lado do hall. Ela me encara sorrindo.

Nós atravessamos todo o hall, e noto que a recepcionista ainda não tirou os olhos de mim, tenho a impressão de que ela não está nem piscando como um ser humano normal. Ela apenas movimenta a cabeça nos observando enquanto passamos, e sempre com um sorriso bizarro no rosto. Qual era o problema dela?

Após passar pela recepcionista, paramos em frente a uma porta gigante, que tinha o mesmo sistema de segurança dos quartos. O soldado apoia a palma da mão direita no painel, e a porta abre após alguns segundos.

Nos deparamos com um cumprido corredor preto, que se espalhava em outros corretores pretos. O lugar era praticamente um labirinto. Na quinta curva que fizemos, já não tinha tanta certeza se saberia o caminho de volta para a saída. O soldado continua sempre atrás de mim, ele vai me falando em qual corredores entrar. Até que ele diz que chegamos até o laboratório.

Ele abre a porta, dessa vez não somente com a palma da mão, a segurança aqui é mais exigente. Ele ainda teve que digitar um código no teclado numérico, e arregalar bem os olhos em frente ao scaner de retina.

Uma vez dentro do laboratório, vejo o famoso diretor, o homem que já havia se apresentado no pátio uns minutos atrás. E com certeza não passou uma boa primeira impressão. Ele olha para mim e para o soldado, e faz um sinal de "PARE" com a mão. Não me atrevo a dar nem mais um passo.

Ele aperta um botão, dentre muitos outros botões na mesa dele. E começa a fazer uma espécie de comunicado. Imediatamente a voz dele está espalhada por todo o prédio, ouço os ecos que os auto-falantes fazem nos corredores pelos quais passamos.

Ele termina de falar e se levanta de uma poltrona toda branca. A qual não consigo desviar o olhar, visto que é a única coisa branca em todo aquele lugar, tudo é tão obscuro, que a poltrona parece até brilhar de tanto contraste com o resto do ambiente.

– Por favor – diz ele, estendendo a braço direito em minha direção. – sente-se.

A princípio não saio do lugar, não sei o que pode acontecer naquele lugar, mas quando menos espero, o soldado pressiona novamente a arma nas minhas costas, e me força a andar.

Sem muita opção, me sento na cadeira logo de frente ao homem. Ele volta a se sentar na poltrona, que agora vendo de perto, parecia ainda mais brilhante, talvez devido ao reflexo das luzes da sala.

Unidos Para SobreviverOnde histórias criam vida. Descubra agora