Dia 1 - Nosso tempo está acabando (Shivani)

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Esse alarme de incêndio não podia ser bom sinal. Com certeza não era uma das simulações, então havia apenas duas outras opções, alguém acionou por acidente um dos alarmes, ou a escola estava realmente pegando fogo, e se a segunda opção for verdade, estamos muito ferrados, já que estamos no subsolo da escola.

- Hina, procura no seu celular se têm alguma coisa acontecendo lá fora. - Pede Any. - Pode ser que tenha alguma coisa a ver com o alarme ter disparado.

Devemos agradecer muito que hoje foi o primeiro dia da Hina na escola, e ninguém ainda havia dito a ela a regra de "sem celular nas salas". Enquanto o celular dela tiver bateria, nós vamos conseguir ficar atualizadas do que está acontecendo lá fora.

- Achei coisa. - Diz ela, entregando o celular na mão da Any.

Os olhos da Any se arregalam enquanto ela lê a notícia. Seja lá o que estiver escrito, parece preocupante.

- Precisamos sair daqui. E precisamos fazer isso agora. - Diz Any, enquanto continuava lendo.

- Por quê? - Pergunto a ela. - O que diz aí?

- Diz que...

"...as autoridades decidiram apelar a força bruta. As primeiras horas do cerco foram pacíficas e o governo acreditou que os alunos se entregariam pacificamente como têm ocorrido em algumas outras escolas ao redor dos EUA. Mas no caso da United High School, que já está totalmente fechada por quase 10 horas, os diretores se recusaram a deixar as autoridades entrarem. Devido a relutância da escola, os soldados decidiram expulsar os alunos de dentro usando bombas de gás. As bombas foram atiradas pelas janelas de algumas das salas de aula, e o exercício acredita que em questão de poucas horas a fumaça irá se espalhar por toda escola, dificultando a respiração, o que forçará os alunos a saírem da escola se quiserem ter oxigênio..."

- Foi essa fumaça que ativou o alarme de incêndio. - Digo andando de um lado para o outro da sala.

- Você viu aqui, temos algumas horas até ficar impossível de respirar. Precisamos dar um jeito de sair daqui agora!

- Como? - Pergunta Hina.

- A escola está cercada Any! - Digo desesperada.

- E não posso deixar a Saby para trás. - Diz Any passando as mãos no rosto. - Preciso achar ela.

- Tudo isso está ficando parecido com um filme daqueles de Missão Impossível.

Eu concordo com tudo que a Any disse. Precisamos fugir rápido? Com certeza. Precisamos ajudar nossa amiga que não temos ideia de onde esteja? Sem dúvida. Eu nunca me vi tão perdida. Não sei lidar com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo. Eu só queria ter a vida de uma adolescente normal, estudar, namorar, sair com meus amigos, ir para a faculdade, e começar uma família que eu ame mais do que tudo nesse mundo. Será que era pedir demais que isso acontecesse?

- É o seguinte... - começo a dizer, mas paro para engolir aquela saliva de nervosismo. - ... Essa é a hora de trabalharmos em equipe. Todas temos que pensar em como sair dessa situação.

- Vamos nos dividir. - Diz Any. - Eu não gostaria de fazer isso, e sei que parece uma ideia ruim. Mas sabemos que ainda estamos seguros, daqui a meia hora, já não sei mais.

- Eu também não gosto da ideia de se dividir, mas temos que agir rápido, qual é o seu plano?

- Eu vou subir até as salas, e procurar pela Sabina. Só espero que a sala dela não tenha sido uma das que atiraram a bomba de fumaça. Por que aí ela teve que fugir e vai ficar ainda mais difícil de acha-la.

- Meu Deus Any, você precisa ser muito rápida, mas precisa tomar o dobro do cuidado. Se eles abrirem as portas por conta da fumaça, não vai ter como voltar mais.

- Eu sei, eu sei. - Diz ela, acenando que sim com a cabeça, enquanto encarava o chão. - Mas enquanto eu procuro ela, vocês precisam achar um jeito de sair dessa escola. Acham que conseguem?

- Eu não conhecer nada. - Diz Hina, tentando muito forte segurar as lágrimas.

- Nós vamos tentar Any. - Digo com o máximo de confiança que consegui.

- Vou marcar no relógio uma hora. Deve ser mais do que o suficiente para achar a Sabina, e para vocês criarem um plano de fuga.

Olho no relógio a cima da lousa e ele mostra 9:30. Espero que uma hora seja o suficiente, se a fumaça não começar a sufocar todo mundo antes disso.

Como eu, que estou em completo pânico poderia pensar em qualquer forma de fuga? E como que a Hina poderia me ajudar nisso? Certeza que ela iria se perder se fosse andar pelos corredores. Até eu me perco as vezes, e isso porque já faz 4 anos que estudo aqui, parece que sempre têm alguma coisa nova nessa escola.

- Então, eu acho que é isso. - Diz Any Indo em direção a porta.

- Calma! - Digo a ela, e também vou em direção a porta. - Você têm certeza disso?

- Tenho sim. Preciso ir ajudar ela, e vocês precisam se concentrar agora.

Ela tenta parecer que não está nada preocupada com aquela situação, mas a voz trêmula entregava o nervosismo. Mas ainda assim, era admirável a coragem e o esforço dela, de se arriscar e subir até às salas.

- Você vai conseguir. - Digo a ela enquanto lhe dou um abraço. - Te vejo em uma hora nesse mesmo lugar.

Ela sai e fecha a porta logo atrás dela. Hora de colocar o cérebro para funcionar.

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