Dia 1 - Não esperem por nós (Joalin)

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- Josh! Josh! - Grito corredor a fora. Infelizmente o barulho das pessoas é muito maior que o som da minha voz. A fumaça também dificulta um pouco a visão.

Até que finalmente o vejo! Saindo de uma das salas, com um olhar desolado no rosto, com certeza já pensando que o pior deve ter acontecido com o irmão. Corro até ele para dar a boa notícia.

- Josh! Nós achamos o Jaden! O Bailey está o levando para o subsolo...

- Sério? - Diz ele com os olhos se enchendo de lágrimas.

- Sim, sim. Vamos encontrar com eles lá em baixo. É hora de ir.

- Ok.

Corremos até a escada que nos leva de volta ao subsolo. Vejo apenas as largas costas do Bailey, e a garota nova descendo os degraus carregando o Jaden.

- Lá estão eles! - Digo ao Josh apontando para a escada com o dedo.

Não ouço resposta, olho para os lados, e o Josh não está mais aqui. Então me viro, e dou de cara com uma arma apontada para a minha cabeça. O Josh está algemado, e sendo segurado por outro soldado.

- Mãos para o alto, e não se mexa! - Ordena o soldado, ainda com a arma em minha direção.

Sinto as gotas do suor gelado em minha nuca, sinto cada osso do meu corpo de debatendo. Não sei se tenho forças suficiente nas pernas para me manter de pé.

- Foge! - Grita Josh, mas logo recebendo um soco na barriga para ficar calado.

E mesmo que eu quisesse fugir, não teria coragem para isso. A final, uma arma está sendo apontada para mim.

Mais soldados passam por nós e começam a fazer o mesmo com outros alunos. Alguns se jogam no chão, outros gritam e choram. Eu não conseguia. Estava completamente travada. Parecia que tinha perdido o controle sobre meu corpo. Estava paralisada de medo.

O soldado puxa minhas mãos e as vira para trás, juntando meus pulsos atrás das minhas costas, ele também me algema. Ele me empurra para os braços de outro soldado.

A única coisa que me impede de entrar em pânico, é saber que o Bailey e o Jaden conseguiram fugir. Só torço para que eles não estejam esperando. Na minha mente eu digo repetidamente. "Foge logo Bailey! Não espere por nós!"

Os olhos do Josh parecem perder aos poucos o tom de azul. Sua feição é uma mistura de terror e de alívio ao mesmo tempo. Eu não tenho ideia do que ele está pensando, mas com certeza deve ser algo que está o perturbando psicologicamente.

- O que vocês vão fazer conosco? - Pergunto ao soldado que está me prendendo.

- Cala a boca! - Responde ele, sem nem mesmo me olhar.

O medo e o pânico que estava sentindo devido ao choque de estar nessa situação, começa aos poucos a ser substituído por uma raiva sem precedentes.

- Você não se sente um merda fazendo isso com um bando de crianças inocentes? - Digo mais alto, com a intenção de fazer os outros soldados ouvirem também.

O que acaba funcionando, não só aquele soldado me encara, bem como outros quatro. Inclusive o Josh, que estava com um olhar fixo ao chão, se vira em minha direção, como que tentando entender as minhas palavras.

- Você deve ser um desgraçado sem coração, sem família, e de sangue frio! Que sente prazer em ver o sofrimento alheio!

- É melhor você ficar quieta. - Diz ele no meu ouvido com os dentes serrados.

- Como você é capaz de se olha no espelho todo dia? Me fala! O que você vê no reflexo? O rosto de um assassino de adolescentes?

- Já chega disso! - Diz um outro soldado que estava apenas me observando de longe.

Ele chega mais perto, e então consigo ver que ele não é como os outros. O uniforme dele têm alguns detalhes em dourado diferente dos demais. Será que é ele que está no comando?

Ele tira uma seringa do bolso da calça e por mais que eu tente me mexer e me soltar, ele aplica a injeção no meu braço.

- Porque não dorme um pouquinho meu anjo. Aposto que vai ficar mais calminha.

Ele guarda a seringa e continua andando pelo corredor da escola, apenas observando outros jovens sendo presos e algemados.

Sinto minhas pernas amolecerem, não tenho forças nem para levantar meus braços. Minha visão começa a ficar turva, e tudo vai se escurecendo. O soldado desiste de me segurar, e simplesmente me solta no chão.

Sinto o impacto do meu ombro, e da minha cabeça batendo no chão. A esse ponto já não estou enxergando mais nada. Ainda ouço a voz do Josh gritando meu nome, mas até isso vai diminuindo até que desaparece por completo.

Não falo, não me movo, não vejo, e não ouço. Espero que ...

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