Dia 1 - Salvo por ela (Lamar)

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Abro os olhos subitamente, mas os sinto ardendo e coçando muito. Nem tenho tempo de me preocupar com meu olhos, pois a dor que sinto nos meus pulmões é maior do que qualquer outra coisa que esteja de errado no meu corpo agora.

Eu continuo deitado no chão, tossindo muito, e não tenho forças suficiente para me levantar sozinho. Cada vez que tento respirar, sinto queimar meu nariz, minha garganta e todo o meu peito. Nunca senti algo tão doloroso assim na minha vida.

Alguém tenta me levantar do chão com muita dificuldade, eu não consegui manter os olhos abertos por tempo o suficiente para ver quem é. Mas aproveito a ajuda, e tento ficar em pé a qualquer custo.

Continuo de olhos fechados, e tossindo muito, a dor e queimação é tanta que parece que meus pulmões estão literalmente pegando fogo, tentei respirar pela boca, mas a dor essa a mesma, se não ainda pior.

- Não respira pela boca Lamar. - Ordena a voz da pessoa que está me dando apoio para andar. - Vamos logo, precisamos levar você e seu amigo para um lugar mais arejado.

É claro que eu reconheço essa voz. Mesmo com os olhos fechados, já consigo visualizar o rosto dela enquanto tenta me arrastar e me puxar, para andar mais rápido.

- Como você me achou aqui Diarra?

- Para de falar idiota! Só tenta andar o mais rápido possível.

Tento retomar a consciência do que está acontecendo ali e focar em encontrar qualquer vestígio de força que resta no meu corpo.

Consegui abrir os olhos, pelo menos o suficiente para enxergar o caminho pela minha frente. Continuo me apoiando nos braços da Diarra, e ela que vai guiando meus passos.

Saímos da sala, e somente agora que percebi que o Noah também estava sendo praticamente carregado nos braços por uma outra garota. Ela até parecia familiar, mas minha cabeça não estava nada bem para tentar lembrar o nome dela.

Nós paramos de andar no meio do corredor, e me apoio na parede para não cair.

- Tira a camisa. - Diz Diarra.

- O quê?

- Só tira logo Lamar!

- Já que está pedindo com tanta gentileza.

- Sabina, ajuda o Noah a tirar a dele também. - Continua ela, me ajudando a passar meu braço direito pela manga da camisa.

Ela pega as nossas camisas, corre até o bebedouro ao lado da escada, e começa a molha-las. Quando ela volta, ela amarra a camisa toda encharcada ao redor da minha cabeça, tampando meu nariz e minha boca.

- Faça a mesma coisa no Noah. - Diz ela jogando a camisa nas mãos da amiga.

- As vezes eu esqueço de como você é inteligente. - Digo, enquanto me apoio novamente nos braços dela, e voltamos a andar.

- Já pedi para você parar de falar. - Responde ela.

Começamos a descer as escadas até o térreo, onde ficava a entrada principal da escola, mas ela continua descendo mais um lance de escada em direção ao subsolo.

O pano molhado realmente aliviou muito a dor e a queimação na hora de respirar, mas ainda podia sentir meus pulmões ardendo. Descer todas aquelas escadas também não estavam ajudando em nada. Só me deixavam mais ofegante, ou seja, com mais dor.

- Não tô conseguindo mais Di. - Digo a ela com uma voz bem fraca. - Vamos parar um pouco aqui nesse degrau, preciso sentar.

- Aguenta aí Lamar. Nós estamos quase chegando. - Responde ela, segurando ainda com mais força no meu braço.

- Onde você quer chegar? - Pergunta a amiga, que se entendi a Diarra corretamente, devia se chamar Sabina.

Ainda não ouvi a voz do Noah, será que ele estava bem? Ou estava pior do eu? Só sei que sinto um grande mal estar de ver ele inconsciente daquele jeito, ainda mais sabendo que ele só está assim por minha causa. Não sei se conseguirei me perdoar se alguma coisa mais grave aconteceu.

- Eu lembro que tinha uma sala aqui em baixo em algum lugar. - Diz Diarra, enquanto olhava para os corredores tentando lembrar o caminho.

- A sala da marcenaria. - Digo a ela.

- Essa mesmo, eu acho que deve estar pra esse lado.

- Não, não. - Diz Sabina. - A marcenaria fica para esse lado.

- Certeza disso?

- Sim! A Any me obrigou a fazer um semestre inteiro dessa aula com ela. Se têm uma coisa que eu sei, é chegar até lá. É só me seguir.

Sabina toma a dianteira em guiar o caminho, eu já tinha desistido de acompanhar. Minha cabeça não estava boa o suficiente nem para diferenciar direita da esquerda, quanto mais decorar um caminho. Mas depois de algumas curvas, chegamos até a sala.

- Parece que não somos os primeiros. - Diz Sabina abrindo a porta.

Eles entram, e Diarra e eu entramos logo em seguida.

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