Eu sempre tive um pouco de dificuldade em acordar cedo. Quando o despertador tocava, a única coisa que eu queria era jogar ele na parede e poder ficar na cama por mais uns 20 minutos. Hoje, apesar de tudo, eu posso pelo menos me dar o luxo de ficar o tempo que eu quiser aqui, deitado. Pensar nisso enche meu coração com uma leve satisfação, mas que vai embora no momento que abro os olhos, e não vejo a Diarra ao meu lado.
Eu começo a ficar um pouco preocupado, imaginando que alguma coisa pode ter acontecido. "E se ela saiu na rua?", "E se ela também foi capturada?", "E se alguém invadiu a casa durante a noite e eu estava com o sono tão pesado que não percebi?".
Eu dou um pulo para fora da cama, e corro pelo corredor em direção a escada.
– Di! Diarra! – Chamo enquanto tropeço descendo os degraus, minha coordenação motora nunca foi boa pelas manhãs.
– O que foi agora Lamar? – Responde ela sentada no sofá conversando com a outra menina asiática.
– Você está aí, que bom – Digo enquanto chego na sala bem mais devagar, aliviado, mas ainda um pouco ofegante. – Nada é nada não... eu só acordei um pouco assustado, só isso.
– Então por que não volta a dormir? – Responde ela.
– Tarde demais. Eu vou ficar aqui com vocês caso alguma coisa aconteça.
Eu não consigo tirar da minha cabeça o fato de que a Diarra foi quem me salvou. Se não fosse por ela, sabe lá onde eu estaria, e o que estaria acontecendo comigo. Eu devo minha vida a ela, então o mínimo que eu posso fazer é ficar aqui para ajudar no que for necessário.
– Nada vai acontecer. – Responde ela. – Nós estamos seguros aqui... pelo menos, por enquanto. Mas bem que você poderia me fazer um favor.
Era isso o que queria, ajudar, essa é minha oportunidade.
– Claro Di. Pode falar. Do que você precisa? Uma água? Uma massagem?
– Claro que não, meu Deus. Talvez eu tenha sido tão clara. Preciso que você faça um favor por todos nós que estamos residindo aqui nessa casa.
– Ah, tudo bem. O que seria esse favor então? – Ao menos ainda estaria ajudando de alguma forma.
– Então, é claro que você não faria isso sozinho, teríamos que designar mais alguém para te ajudar porque não é algo simples. Mas eu acredito que você seja capaz de fazer isso...
– Me fala logo o que é Diarra.
– Eu preciso que... ou melhor, nós todos precisamos que alguém busque alimento.
Me sento na poltrona de frente para o sofá onde elas estão sentadas. Tentando entender o que está envolvido nisso que ela está me pedindo.
– Certo, mas como exatamente...
– Não deve ser tão difícil – Continua ela. – Você pode tentar ir em alguma loja de conveniência aqui do bairro, onde o movimento de pessoas é menor. Ou, você também pode ir disfarçado até um supermercado, se escondendo no meio da multidão. Apenas algumas ideias.
– Mas... – começo a dizer enquanto organizo os pensamentos que estão passando na minha cabeça agora. – mesmo que fosse seguro ir lá fora, o que eu imagino que não seja, mas suponhamos que seja seguro, o que eu tenho certeza de que não é, mas vamos figurativamente dizer que é seguro, você espera que eu use que tipo de disfarce? E compre comida com que dinheiro exatamente?
– Quanto ao disfarce a Heyoon aqui pode te ajudar a pensar em alguma coisa. – Responde ela estendendo as mãos para mostrar quem é Heyoon, mesmo que só estejamos nós três na sala. – E em relação ao dinheiro, vamos ter que fazer uma vaquinha com os outros, mas mesmo que não tenhamos dinheiro o suficiente, nós precisamos de comida.
Nesse momento, até mesmo a Heyoon, que estava durante toda essa conversa olhando apenas para o tapete da sala, olhou para a Diarra. Será que ela estava insinuando o que eu acho que ela estava insinuando?
– Eu não posso roubar comida Diarra! – Respondo levantando da poltrona que havia acabado de me sentar. – E mesmo que não fosse errado, o que todos nós sabemos que é, mas se hipoteticamente fosse normal roubar, mesmo que em nenhuma realidade isso seja algo normal, mas apenas vamos fingir que não há nada de errado em roupar, eu não tenho ideia de como fazer isso! Para sua informação, eu não tenho experiencia como Ladrão! Meu rosto nem é tão intimidador assim, as pessoas vão rir de mim se eu tentar assaltá-las.
– Não irão rir se você estiver armado.
Eu, Diarra e Heyoon olhamos para a escada, de onde aquela voz havia vindo. Era aquela loira baixinha novamente.
– Vocês SÃO LOUCAS! – grito me jogando de costas na poltrona novamente.
– Bom dia Sofya. – Diz Diarra. – Espero que nossa pequena conversa aqui não tenha te acordado.
– Não me acordaram não – Responde ela chegando mais perto do centro da sala. – Mas não vou negar que ouvi a conversa de vocês. Achei que tínhamos combinado que você iria me consultar antes de sair tomando as decisões aqui pela casa.
– Nós estamos apenas expondo ideias. Conhecendo o Lamar, vai levar um tempo até convencê-lo a de fato colocar essa ideia em prática. Então, por enquanto ninguém tomou decisão alguma minha princesa. – Diarra volta a sua atenção para mim e continua dizendo – Mas não pense que você vai fugir disso Lamar.
– Você só pode estar de brincadeira Diarra! Vamos apenas ignorar o fato de que nossa amiga aqui, sugeriu usar uma arma? Esse plano claramente saiu do nosso controle, e só vocês não enxergam isso!
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Unidos Para Sobreviver
Fanfiction(Fanfic sobre o grupo musical de pop internacional NOW UNITED) Jovens que levavam uma vida normal, indo para a escola e lidando com seus próprios problemas pessoais, se deparam com um desafio que coloca a vida de todos eles em risco. Agora, os 14 ad...