Costumávamos visitar meus avós na casa deles, pelo menos duas vezes ao ano. Vou ser sincera, não gostava muito daquele lugar. Tudo naquela casa me passava uma sensação estranha. Os móveis eram todos velhos, as escadas ficavam rangendo, a louça, que já foi branca, agora estava marrom. Para não dizer o cheiro, a casa inteira cheirava uma mistura de poeira e naftalina.
Porém desde que minha vó faleceu, faz dois anos, nunca mais fomos lá. A casa deve estar bem pior do que da época em que ainda íamos lá. Mas se esse é o único lugar que temos para ficar, é para lá mesmo que iremos.
- Eu acho que ainda lembro de como chegar lá. - Digo abaixando o tom de voz. - Só precisamos de um carro.
- E de alguém que saiba dirigir né. - Responde Sina, sempre com aquela cara de quem já pensou em tudo.
- O Bailey sabe. - Respondo com firmeza. - E onde chegamos em uma outra questão. Não podemos levar todo mundo aqui da sala.
- O QUÊ? - Pergunta Krystian. - Você ficou maluca? Todo mundo aqui está em perigo!
- Eu sei, eu sei. - Sinto que não gostar nada do que vou dizer agora. - Mas não podemos levar todos conosco. Primeiro que não iria caber 30 pessoas na mesma casa. Não sabemos quanto tempo vamos ter eu ficar lá escondidos.
- Ela tem razão. - Consente Sina, me encarando com um olhar de tristeza. - Além disso, iríamos chamar muita atenção para a gente. Precisamos ficar em grupo pequeno.
- Vocês estão malucas. - Krystian continua não gostando nadinha da ideia. - O que eles vão fazer?
Eu olho para os outros alunos, e vejo o desespero no olhar de cada um deles. Alguns poucos já até fugiram da sala de aula, ou que ficaram estão discutindo uns com outros, ainda alguns falando ao telefone. Olho para o Bailey no fundo da sala em silêncio, mas com as duas mãos na cabeça. Provavelmente devido a confusão de pensamentos. Isso me deixa ainda mais aflita, odiava ver ele daquele jeito.
Também olho para a frente da sala, onde estava nossa professora. E somente agora noto que ela também já tinha ido embora, só não consigo lembrar em que momento.
- É o seguinte. - Digo para os dois bem baixinho. - Saiam disfarçadamente da sala, e me encontrem no estacionamento. Não falem com ninguém, e nem parem para fazer nada.
- O que você fazer? - Pergunta Krystian.
- Vou chamar nosso motorista.
Corro até o fundo da sala, coloco minhas ao redor da cabeça do Bailey, e faço ele olhar para mim.
- Amor, você precisa levantar daí agora, eu tenho um lugar para ficarmos em segurança, mas precisamos ir embora agora.
- Mas...
- Por favor Bailey! - Interrompo ele antes de qualquer coisa. - Não pense em mais nada agora. Realmente precisamos sair daqui, e você é o único que sabe dirigir.
Puxo a mão dele para frente, em uma tentativa frustrada de fazer ele levantar, mas me dou conta de que ele é mais forte, mais alto, e bem mais pesado do que eu.
- Ok. - Responde ele resmungando. - Mas onde vamos?
- Eu vou te guiando durante o caminho, você só foca em nos ajudar a chegar lá.
- Você que manda. - Diz ele enquanto se levanta. - Você não vem Josh?
Ah droga! Eu devia saber que ele ia pedir para o amiguinho dançarino vim junto.
- Para onde? - Pergunta Josh.
- Também não sei. - Responde Bailey. - a Sof conhece um lugar, mas temos que ir agora.
Ele também se levanta, coloca a mochila nas costas e começa a andar atrás da gente.
- A Sina e o Krystian estão esperando por nós no estacionamento. - Digo enquanto corremos pelos corredores da escola.
Se eu achava que lá dentro da sala a coisa estava feia, aqui fora estava pior. Todos estavam correndo pelos corredores. Estava difícil até de passar pelas pessoas. Me pergunto agora se a Sina e o Krystian conseguiram pelo menos chegar até o estacionamento com toda essa confusão.
O Bailey passa a minha frente e começa a empurrar os que estão no meio do nosso caminho. Às vezes ficava supressa de ver como ele era forte. Todas aquelas centenas de horas na academiam valeram a pena afinal de contas.
O Josh vem logo atrás de mim. Ele sempre dava um jeito de se dar bem as custas do Bailey. Se ele era popular, era por causa do Bailey, se era convidado para uma festa, era por causa do Bailey, se ele tirava boa nota das provas, era por causa do Bailey. Ah, como isso me tira do sério!
O Josh nunca fazia nada, só quer saber de ficar dançando. Ele não estuda, não deve ajudar os pais dele em casa, não tem nem vida social direito, e ainda quer ficar se aproveitando do Bailey. Que sempre foi uma pessoa tão bondosa, e carinhosa, que dificilmente iria notar as más intenções do Josh. O Bailey sempre via o melhor nas pessoas, e isso é apenas uma das coisas pelas quais me apaixonei quando conheci ele. Mas uma coisa era ser gentil e simpático, outra coisa, é deixar os outros te usaram.
Eu ainda não tive coragem de falar com ele sobre isso, tenho medo de dizer algo e magoar ele, com certeza ele não vai gostar do que tenho para falar, e não quero que ele fique com raiva de mim. Mas infelizmente, essa conversa vai ter que acontecer mais cedo ou mais tarde.
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Unidos Para Sobreviver
Fanfiction(Fanfic sobre o grupo musical de pop internacional NOW UNITED) Jovens que levavam uma vida normal, indo para a escola e lidando com seus próprios problemas pessoais, se deparam com um desafio que coloca a vida de todos eles em risco. Agora, os 14 ad...