Dia 1 - Eu não estou pronta (Sofya)

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Como o Bailey foi capaz de fazer isso comigo? Por quê ele sempre precisa bancar o herói? O que eu deveria fazer aqui? Virar babá de um monte de gente que nunca nem vi, enquanto morro de preocupação?

- Bem... - Digo aos nossos novos hóspedes. - Fiquem a vontade, a casa não é muito grande, então alguns vão ter que dormir juntos, ou no chão. Ah, e mais uma coisa, não temos comida.

- Você deveria ir se deitar um pouco. - Diz Krystian para o irmão do Josh. - Venham, vou mostrar onde ficam os quartos.

- Nós agradecemos. - Diz Shivani. - Não queríamos atrapalhar, mas não tínhamos lugar para ir. Então, somos realmente muito gratos.

- Que seja. - Digo a ela, a final, que outra escolha eu tinha? Deixar eles dormindo no gramado?

Krystian mostra o caminho escada a cima até os quartos. Mas uma das meninas fica para trás.

- Eu posso falar com você um minuto? - Pergunta ela para mim.

- Quem é você mesmo? - Pergunto de volta.

- Me chamo Diarra. - Responde ela no mesmo tom de voz da minha pergunta.

Eu gostei dela. Diarra. Ela tinha um olhar fixo em mim, e através desse mesmo olhar ela parecia bem determinada e confiante. Sem dúvida era uma mulher de temperamento forte e autoritária.

- Vamos ali na cozinha. - Sugere ela.

Eu aceno que sim com a cabeça e passo por ela, indo para a cozinha. Ela vem logo em seguida e fecha a porta que ligava os dois cômodos. Ela realmente estava querendo um pouco de privacidade. Mas ainda não tinha ideia sobre o que ela queria falar.

- O que foi? - Pergunto a ela, enquanto apoio meu ombro na porta da geladeira.

- Precisamos nos organizar. Se quisermos sobreviver, e nos dar bem aqui na casa, precisamos estar todos em harmonia. Separar tarefas, arrumar comida e esse tipo de coisa.

- E eu suponho que você tenha uma ideia para fazer isso funcionar.

- De fato, eu tenho. Você me pareceu ser aquela no "comando" aqui da situação, mas com todo o respeito, não acho que esteja psicologicamente pronta para isso.

Que merda ela estava insinuando? Que eu não sei criar um plano? Que não sou organizada? Que não sou inteligente o suficiente? Ela nem me conhece, como pode concluir esse tipo de coisa?

- Parece que o Bailey era alguém importante para você.

- Ele ainda é importante. Ele não está morto! - Respondo irritada com toda aquela audácia.

- Realmente, nós não sabemos disso. Mas está nítido que você está abalada de mais com toda essa situação. Um líder precisa ser neutro, frio e calculista. Você acha que seria capaz de ser assim, enquanto fica reclamando de como o Bailey foi ingênuo, e imaturo?

Tenho que admitir que tinha um bom argumento.

- Ok, o que você sugere? Você gostaria ser a nossa "líder"?

- Não é algo que eu "gostaria" de fazer. Mas todos nós queremos viver. E claro que todos são úteis e serão de muita ajuda. Mas sim, eu acho que conseguiria contornar toda essa situação.

- Olha... Eu não te conheço, e nem sei se você é de confiança. Mas respeito o fato de ter me dito isso.

Parece que as minhas primeiras impressões sobre ela estavam corretas no final das contas.

- O que vai ser então? - Pergunta ela esperando a minha aprovação.

- Você pode tomar as rédeas da situação por aqui, mas com a condição de me incluir em qualquer decisão. Eu preciso ficar sabendo de tudo o que está acontecendo, e de qualquer plano que saia dessa sua cabeçinha.

- Feito. E você precisa prometer apoiar minhas decisões. Precisamos estar sempre na mesma página, se quisermos passar alguma autoridade. Você conhece seu grupo, e eu conheço meu. Precisamos trabalhar juntas.

- Concordo.

- Então, se me permite, vou até um quarto, tomar um banho, e colocar essa cabeçinha aqui para funcionar. Tenho muita coisa para pensar.

Ela se vira e vai em direção a mesma porta pela qual entramos, indo de volta para a sala.

- Estarei por aqui se precisar de mim. Reclamando mais um pouco sobre o Bailey.

Ela para de andar e se vira novamente para mim, ela abre a porta, mas ainda não saí.

- Falando nisso. Você devia sentir orgulho dele. Nunca havia visto alguém tão determinado, e com coragem de arriscar a própria vida por outros. Pode até ser uma atitude imprudente por parte dele, mas sem dúvida mostra caráter. Você têm sorte de o ter na sua vida, então devia reclamar menos.

Me recuso a responder alguma coisa. E ao invés disso, apenas olho para o chão da cozinha. Ouço o barulho da porta abrindo e fechando. Ele já foi.

Ela estava certa em muitas coisas. Eu realmente não precisava de mais um estresse na minha vida. Se já não bastasse me preocupar de mais com a minha vida, ainda teria que me preocupar com a dos outros sete. Isso definitivamente não era um trabalho para mim.

Mas o que ela disse sobre o Bailey realmente me fez pensar. Será tenho tratado ele dá forma que ele merece ser tratado?

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