Dia 1 - Está pior do que eu imaginava (Krystian)

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Mostro aos nossos visitantes o primeiro quarto, que era a suíte.

- Coloquem ele ali na cama. - Digo aos dois garotos que estavam carregando o mais jovem. - Precisamos ver o que aconteceu com você.

Eles o ajeitam na cama com o maior cuidado. Ele realmente estava sentindo muita dor. Não sei se conseguiria fazer alguma coisa para ajudar, mas eu tinham que ao menos tentar.

- Qual é o seu nome amiguinho?

- Jaden.

- Muito bem Jaden. Me diga exatamente onde está doendo.

- Meu tornozelo direito! - Diz ele soltando um gemido de dor. - Parece que ele vai explodir.

- Ok, eu vou dar uma olhadinha, mas já vou avisando que pode doer um pouco.

Eu tiro o tênis e a meia do pé dele com o máximo de atenção e cuidado, mas vejo que a dor é inevitável. O pé dele está muito inchado e vermelho. Eu dobro a barra da calça dele um palmo acima do tornozelo. E é quando me deparo com o estrago.

- Certo, por onde começo? - Digo enquanto tento usar todo o conhecimento médico que tenho, que não é muito. - Você consegue mexer o pé?

- Aaah. - Jaden dá um grito de dor. - não consigo.

- Você sem dúvida quebrou o tornozelo, o que complica bastante a situação. Você precisa de uma cirurgia para colocar os ossos de volta no lugar.

- Mas não podemos levar ele para um Hospital. - Disse um dos garotos, que se entendi certo, se chamava Lamar. - É muito perigoso!

- Deixa eu falar com vocês um minutinho ali fora. - Digo aos dois.

Eles me acompanham até o corredor, e fecho a porta do quarto, para o Jaden não ouvir a conversa.

- É o seguinte, o máximo que consigo fazer para ajudar é improvisar uma tala para imobilizar o pé dele. Mas não temos remédios nenhum para a dor. E aquilo ali, não vai parar de doer. Provavelmente ele não vai nem conseguir dormir de tanta dor. E se tivermos que ficar dias aqui nessa casa. Ele não vai aguentar de dor. Sem dizer que o corpo dele vai começar o processo de cicatrização, e se isso acontecer com o tornozelo dele quebrado, ele pode ficar manco para o resto da vida. Ou seja, ele precisa ir para um hospital!

- Você entende isso que está pedindo? - Pergunta o Lamar de volta.

- É lógico que sim. Mas é de um garotinho que estamos falando aqui.

- Mas o exército já deve estar em todos os lugares, incluindo os hospitais. - Insiste ele.

- Que droga! - Digo batendo com minha mão na parede de raiva.

- Está tudo bem aqui? - Aparece alguém vindo da escada.

- Oi Diarra. - Responde o outro menino que ainda não sabia o nome. - Sem boas notícias. O nosso amigo...

Ele olha para mim e levanta as sobrancelhas, como se esperasse uma resposta.

- Krystian. - Digo.

- Então, o Krystian aqui disse que ou levamos o Jaden em um hospital, ou a condição dele pode piorar bastante.

- Qual seria a outra opção Krystian? - Pergunta ela, chegando mais perto.

- Bem... Talvez, e esse é um gigantesco talvez, eu posso encontrar um antigo amigo da minha mãe. Os dois trabalharam juntos num hospital aqui na cidade por um tempo. Ele têm um pequeno consultório na casa dele. Lá talvez conseguiríamos remédios para dor, ou até algum outro tratamento.

- E do que você precisa para achar esse cara? - Pergunta Lamar.

- Basicamente, só do endereço. Mas lógico que não é tão simples. Minha mãe que tinha o endereço. Eu teria que procurar nas anotações antigas dela.

- Você não poderia só ligar para ela e perguntar? - Pergunta o garoto sem nome.

- Infelizmente, isso seria impossível, minha mãe faleceu a 6 anos atrás.

- Nossa, eu sinto muito. - Ele olha para o chão constrangido. As bochechas dele ficam coradas de vergonha.

Agora que parei para observar alguns detalhes na aparência dele, ele tinha os olhos verdes, e um dos rostos mais bonitos que já havia visto.

- Não têm problema. Poderíamos até tentar ligar para meu pai. Mas não sei se ele seria de muita ajuda. Ele passa o dia e quase a noite toda no trabalho. Eu só costumo ver ele as vezes, e só de final de semana.

- Então em outras palavras. Nós teríamos que ir até sua casa para procurar o endereço desse médico?

- Sim. E mesmo que formos lá, não é garantia que acharemos o endereço, e mesmo que achemos o endereço, não é garantia de acharmos o médico, mas mesmo que achemos o médico, também não é garantia que ele irá nos ajudar.  Por isso eu disse. Esse é um gigantesco talvez.

- Certo. Me deixa pensar um pouco nisso tudo, ok? - Disse Diarra, passando as mãos no rosto. - Nesse momento eu só preciso de um banho, e de umas horinhas de descanso.

- Acho que todos nós precisamos. - Concorda Lamar.

- Krystian, tente fazer o que estiver ao seu alcance, até decidirmos o que vai acontecer.

- Ok.

- Noah e Lamar, vão lá em baixo e tente organizar onde cada um vai dormir. Já vai dar quase onze da noite. E amanhã será um longo dia, Precisamos todos ir dormir.

- Ok. - Responde os dois aos mesmo tempo.

Cada um de nós se apressa em começar nossas tarefas. Mas um pensamento fica preso comigo. E fica se repetindo:

"O nome dele é Noah".

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