Dia 1 - Conselhos de mãe (Sina)

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Não pode ser coincidência, a professora falar para todos fugirem para nossas casas e de repente minha mãe, que está em casa, está me ligando.

- É minha mãe. - Digo alto para a sala toda ouvir. - Façam silêncio por favor.

Eu atendo a ligação.

- Filha! Que bom que você atendeu! - Minha mãe está com um de voz firme, mas ao mesmo tempo preocupada. - Você está na escola?

- Sim. Eu estou aqui. O que está...

- Então me escuta filha. - Interrompe minha mãe. Parece que ninguém estava me deixando falar hoje. - Você não pode vim para casa, mas também pode ficar aí na escola, está me entendendo?

- Como assim mãe?

- Estão acontecendo algumas mudanças organizadas pelo governo americano em conjunto com o exército, e vocês não estão seguros!

Escuto mais um celular tocar na sala de aula, dessa vez eram os pais do Krystian. Ele atende o celular.

- Tudo bem mãe. - Continuo a conversa. - Que não estamos seguros eu já entendi, mas para onde você espera que eu vá, se não para casa?

Ao dizer isso, os outros colegas que ficaram em silêncio para ouvir a conversa começam a resmungar coisas que eu simplesmente não estava conseguindo entender. Outro celular começa a tocar. E mais outro. E mais outro.

- Filha... - Diz minha mãe, respirando fundo, para tentar manter a calma. - Você é a mais inteligente dessa casa, eu confio que você vai pensar em alguma coisa, mas por agora, eu vou ter que desligar para conseguir mais informações sobre o que está acontecendo, entro em contato com você daqui a exatamente uma hora.

- Não desliga mãe, eu não sei o que vou fazer! - Digo de maneira mais histérica que conseguia.

- Filha. Você consegue, eu e seu pai estamos tentando resolver as coisas, por enquanto, tudo o que eu te peço, é para se esconder. Não fique na rua, e nem nas casas de seus amigos, eles também estão em perigo tanto quanto você. Vá para qualquer outro lugar e espere pela minha ligação. Não importe o que acontecer NÃO LIGUE para mim. Eu vou jogar esse celular fora para eles não rastrearem o seu número.

- Quem são "eles"? - Pergunto indignada.

- É o que estamos tentando descobrir minha filha. Agora vai! Não perca mais tempo. Eu te amo muito querida!

- Eu também te....

A linha cai antes mesmo de poder terminar a frase. Quando me dou conta, estou tremendo. Eu realmente não sei para onde iria.

Olho ao redor, mais da metade da sala, estão falando no celular com seus pais, ou tios, ou seja lá, quem toma conta deles. A pânico se instalou naquela sala, de uma forma que ninguém sabia exatamente como reagir. Uns choravam, outros riam, aposto que de nervoso, e eu só consigo tremer.

Ficar chorando e se lamentando não iria ajudar em nada, eu queria demonstrar alguma atitude, tomar uma ação e sair dali, mas simplesmente não conseguia colocar meus pensamentos em ordem.

A professora, Sra. Santos, que antes estava tentando nos avisar para fugir, agora não sabe nem mais o que falar, ela só escara aos alunos com um olhar de pena, segurando fortemente as lágrimas nos olhos. Se nem ela, que era a única pessoa adulta na sala, não sabia o que fazer, quanto mais eu. Como que minha mãe coloca essa responsabilidade em minhas costas?

Eu me dou uns dois tapas na cara para ver se volto a realidade, isso sempre me ajuda, a colocar os pés no chão e raciocinar.

- Pensa Sina. Pensa! - Digo para mim mesma em voz alta.

Os outros alunos falando todos ao mesmo tempo, só estão me atrapalhando, como devo pensar e ter uma ideia de como fugir, se todo mundo fica gritando na sala? Precisava sair dali.

Eu me levanto e seguro na mão do Krystian, que fica sentado logo atrás de mim, puxo ele para cima.

- Precisamos ir agora. - Digo para ele, enquanto ele ainda está no telefone com os pais.

- Vamos para onde? - Ele me pergunta com o celular na orelha.

Eu pego o celular da mão dele, e desligo a ligação.

- O que você fez? - Grita ele, soltando a minha mão do braço dele.

- Não é seguro falar no celular. - Respondo rapidamente. - A única coisa que importa agora, e arranjarmos um abrigo para nos escondermos.

- Eu acho que conheço um lugar. - Diz Sofya, que estranhamente estava ao nosso lado, ouvindo toda a discussão.

- Onde? - Pergunto, virando meu corpo para ficar de frente para ela.

- Meu vô tinha uma casa velha a uns 20 minutos daqui.

- Ele tinha? - Pergunto de volta.

- Desde que minha vó faleceu, ele decidiu sair da casa e foi morar com um dos meus tios. A casa ficou vazia, acho que ninguém vai nos procurar lá.

- Acho que vai servir. - Concorda Krystian. - Como que chegaremos lá?

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