Dia 1 - Mãos a obra (Hina)

1.3K 106 0
                                    

Eu entendo a dificuldade envolvida nessa decisão. Escolher salvar a si mesmo, pode custar a vida e o bem estar de muitos outros. É injusto. É egoísta. É maldade? Seria essa aquele tipo de decisão que vai te assombrar pelo resto da vida?

Eu não sei quanto aos outros, mas estava disposta a correr esse risco. Era a coisa mais lógico a ser feita. E tenho certeza que noventa por cento dos outros alunos, se estivessem em nossos lugares, fariam a mesma coisa sem nem pensar duas vezes.

Na minha mente a decisão era simples e envolvia a mais pura lógica. Não íamos ficar para sempre aqui dentro, em questão de poucos minutos a escola seria invadida de qualquer forma, só estaríamos adiantando um pouco o serviço. Se colocarmos o plano em prática ou não, o resultado seria exatamente o mesmo.

Seja lá o que acontecer com os alunos capturados, não seria nossa culpa. Sim, nós vamos deixar os soldados entrar, mas eles iriam fazer isso de uma forma ou de outra, e no final das contas, o resultado seria o mesmo. Na verdade, se conseguirmos escapar, nós poderemos ter uma chance real de conseguir ajuda, de achar uma solução para tudo isso. Aqui dentro não estamos fazendo bem para ninguém.

- Vamos agora. - Digo alto quebrando o silêncio absoluto.

- Temos que pensar melhor nisso. - Diz Lamar. - Não sei como são as coisas no Japão, mas aqui nós não saímos fazendo qualquer coisa que pensamos.

- Já chega disso Lamar. - Diz Diarra me defendendo novamente das pobres piadas. - Vamos fazer uma votação. Levantem as mãos quem está de acordo com o plano.

Eu, Diarra, Shivani e Noah levantamos as mãos. Lamar encara o Noah com um olhar de desaprovação, como que questionando a decisão do melhor amigo, apenas porque acabou sendo uma decisão diferente da dele.

- Então, está decidido. - Continua Diarra. - Estamos correndo contra o tempo.

- Como vamos fazer isso exatamente? - Pergunta Shivani.

Diarra parece já ter pensado em tudo. Ela começa a explicar todo o plano minuciosamente, e cada um ali deveria desempenhar um papel importante na execução do plano se quiséssemos ser bem sucedidos. Então ela se certificou de que todos tinham entendido suas funções.

- Então vamos revisar tudo. Primeiro você Noah.

- Eu vou até o portão distrair os professores que estão de guarda. Vou dizer que têm alguém precisando de ajuda e levar eles até outra sala, ou até o refeitório.

- Muito bem, tente ser o mais convincente possível. Agora você Lamar.

- Assim que os professores sairem, eu vou destrancar o portão principal, e deixá-lo um pouco aberto para chamar atenção dos soldados.

- É importante dizer que, uma vez o portão estando aberto, você precisa correr para longe dele o mais rápido possível. - Alerta Diarra. - Eles talvez não entrem imediatamente, mas calculo que você pode ter no máximo uns dois minutos até fugir da vista deles completamente.

- Está preocupadinha agora?

- É lógico que estou! E você deveria estar também, todos nós aqui estamos contando com você.

- Sem pressão. - Responde ele.

- Shivani, sua vez.

- Eu já vou estar no refeitório, e vou avisar a todos que os soldados estão entrando, isso vai gerar tumulto suficiente para sairmos escondidos.

- Exato. E você Sabina?

- Eu vou atrás da Any. E só para constar, a minha tarefa é a mais difícil. Essa escola é gigante.

- Então vai lá dar as boas vindas ao exército americano. - Diz Lamar.

- Gente, ninguém têm tarefa fácil aqui. - Diz Shivani, cortando todo o clima da piada de mal gosto. - Você conhece ela melhor do que ninguém Saby. Lembre-se que ela está procurando por VOCÊ. Então pense onde você estaria escondida, e onde a Any iria procurar por você. Ela deve estar em um desses lugares.

- Ok. - Responde Sabina pensativa. - Acho que já sei por onde começar.

- Tudo isso precisa ser feito em no máximo meia hora. - Diz Diarra. - Nós iremos sair pela porta dos fundos da escola, por onde os funcionários da limpeza sempre passam. É a localização mais escondida. Eu e a Hina vamos para lá abrir a porta antes de vocês chegarem. Inclusive Hina, me lembre de pegar algumas ferramentas aqui na marcenaria, pode ser útil na hora de quebrar a fechadura da porta.

Todos ficam em silêncio depois dessa recapitulação das tarefas. Ninguém também se mexe. É fácil notar o medo nos olhos de cada um deles. Eu até queria poder ajudar mais, mas sinceramente, não falo bem o idioma, muito menos conheço a escola, eu sou mais um fardo do que uma ajuda.

- Está na hora gente. - Diz Diarra.

- Se cada um fizer tudo certinho, vamos nos reencontrar lá do lado de fora, daqui a trinta minutos. - Diz Shivani.

- Então vamos lá. - Diz Lamar indo em direção a porta. - Quanto antes começarmos, antes saímos dessa espelunca.

Lamar sai da sala, seguido por Noah, logo depois foi a Shivani. Eu e a Diarra pegamos uma chave de fenda, uma furadeira elétrica, brocas, uma serrinha de aço, e mais alguns itens que não sabíamos os nomes, mas pareciam úteis. E saímos da sala uns dois minutos depois do resto. Agora não têm mais volta, é a hora de ver se o plano realmente era um bom plano.

Unidos Para SobreviverOnde histórias criam vida. Descubra agora