Dia 2 - Alguém têm um plano (Hina)

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Eu não sabia o que pensar sobre tudo isso. Teoricamente, se toda essa procura pelos adolescentes têm haver com aquela vacina de cinco anos atrás, então eu não deveria me preocupar, eu nem estava no ocidente naquela época, não tomei vacina nenhuma. Mas claro que os soldados não saberiam distinguir isso logo de cara, então imagino que eles iriam me levar de qualquer jeito.

O carro fica em total silêncio por uns 20 minutos, e é quando percebo que o Bailey acabou caindo no sono e a Any apenas encara aquele portão preto, talvez imaginando o que estava acontecendo com a amiga dela lá dentro. Ela continuaria a pesquisar coisas sobre a NeuroTech, mas meu celular ficou sem bateria. Então só nos restava esperar agora, pelo menos até termos alguma ideia nova. Mas estamos cansados de mais para pensar em alguma coisa. Provavelmente vou imitar o Bailey e tentar dormir um pouco, recuperar as energias.

Fecho os olhos, e apoio minha cabeça no encosto banco do jeito mais confortável possível. Se passam alguns minutos assim, e ainda não consigo dormir, o sol já nasceu, e a luz do dia ficava cada vez mais forte. Toda essa claridade estava atrapalhando, mas sem dúvida era a preocupação que tirava meu sono completamente.

Eu só queria estar na minha cama agora, dar um abraço nós meus pais, dizer a eles que eles são as melhores pessoas que existem, e que os amo mais do que posso me expressar. Isso me lembra de como é bom valorizar as coisas boas que temos, enquanto ainda as temos.

Nunca sabemos o que pode acontecer conosco. Ontem, quando acordei de manhã, nunca imaginaria que hoje estaria em outra cidade, perseguindo carros do exército. A vida é um grande show de improviso, e ela pode mudar de rumo mais rápido do que imaginamos. Por isso que não deixo para fazer depois o que posso fazer agora, porquê posso nunca mais ter a oportunidade de fazer aquilo. Nós só vivemos uma vez, e não deveríamos passar os dias como se fossem apenas mais um dia, mas sim, viver e experimentar cada momento dele.

- Você pensando quê? - Pergunto a Any, visto que não iria conseguir dormir.

- No que estou pensando? Só imaginando como seria uma fuga desse lugar, porque no caso de nós não conseguirmos entrar, talvez eles podem ter um plano de sair.

- Mais fácil sair. Mais difícil entrar.

- Tipo isso. Quer dizer, pelo menos é o que parece olhando assim por fora.

- Não saber...

- AHHH - Grita Any.

- O que... que isso? - Acorda Bailey dando um pulo.

Eu olho pelo vidro do banco traseiro, e vejo um homem com a mão na janela da Any. Ele não parecia ser do exército. Era um homem negro, aparentava ser jovem, não tanto quanto nós, mas sem dúvida menos do que trinta. Ele usava um boné preto, como que quisesse esconder o rosto, e tinha um cabelo cumprido, cheio de dreads, que também ajudava no disfarce. Vestia uma calça jeans preta e uma camisa xadrez vermelha, parecia um cidadão como qualquer outro.

Ele faz um sinal para a Any abaixar o vidro e fazer silêncio. Ela não sabe o que fazer. Ela olha para o Bailey, que está tão confuso quanto ela, e olha de volta para o estranho.

- Ele já viu a gente. Se ele fosse nos entregar para o exercício, ele já poderia ter feito isso, né? - Diz Any, tentando se convencer que abrir o vidro era a coisa certa a se fazer.

- Sim, mas... - Começa a dizer Bailey, mas para de falar quando vê que a Any Já estava abaixando o vidro do carro.

- Oi gente. Meu nome é William. Desculpa assustar vocês, mas vocês não podem ficar parados aqui. A não ser que queiram ser vistos pelos soldados.

Olho para a Any e para o Bailey, parecem estar mais confusos do que de costume. Eu abro a porta do carro.

- Entra! - Digo sem sair do carro, e abrindo espaço no banco de trás do carro.

- Você ficou maluca? - Pergunta Bailey com os olhos arregalados.

- Calma Bailey, vamos ver o que ele têm a dizer.

O cara entra no carro.

- Eu tenho um lugar onde vocês podem ficar, vou mostrar o caminho.

- Nós não vamos a lugar nenhum com você aqui. - Responde Bailey.

- Vai direto ao ponto - Diz Any. - O que você quer exatamente?

- Eu quero o mesmo que vocês. Ajudar  essas crianças que estão presas em diversas outras bases de operações exatamente como essa, espalhadas por todo o país.

- Ah sério? - Continua Bailey. - Desculpa eu não estar a acreditando nessa historinha de "quero o mesmo que vocês". Você vai ter que fazer melhor do que isso.

- Ok. Se não quiserem acreditar em mim. Boa sorte em ajudar seus amigos.

Ele abre a porta do carro e coloca a perna direita para fora.

- Espera. - Diz Any. - O que meu amigo aqui quer dizer, é que nós estamos assustados, ok? Estamos sendo perseguidos, e mesmo assim estamos aqui, nos expondo por falar com você. Então é normal termos um pouco de receio. Só queremos entender o que está acontecendo. Quem é você?

Ele coloca a perna para dentro do carro e fecha novamente a porta.

- Eu entendo. Peço desculpas por isso. O que acontece é que meu irmão caçula está aí dentro do prédio. Eu tentei o avisar para não sair de casa hoje, mas meus pais o obrigaram a ir para a escola. Eles não acreditaram em mim. E quando eu cheguei na escola dele, o lugar já tinha sido invadido.

- Você sabia? - Pergunto a ele.

- Eu tinha um forte palpite. Eu tenho estudado essa empresa por anos, então eu sabia que o dia deles agirem estava bem próximo.

- Mas como assim? - Pergunta Bailey - Se você sabia que essa merda toda ia acontecer, por que você não avisou todo mundo?

- Eu teria o maior prazer de explicar tudo para vocês, mas temos que sair daqui antes.

- Mas e se eles levarem os capturados para outro lugar? - Pergunta Any. - Não podemos perder eles de vista.

- Eu entendo. - Continua William - Mas aqui vocês correm tanto perigo, como os que estão lá dentro. E se forem capturados também, aí que não vão conseguir ajudar ninguém mesmo.

- Para onde? - Pergunto novamente.

- Vamos até a minha casa. Lá posso mostrar a vocês o meu plano para acabar com essa palhaçada toda.

- Vai dizendo o caminho. - Diz Bailey ligando o motor do carro. - Mas ainda não confio em você, então se eu perceber qualquer coisa suspeita, você vai voar para fora desse carro.

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