Dia 1 - Qual é o plano? (Noah)

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Ouço vozes na minha cabeça. Aos poucos elas vão ficando mais altas. Minha cabeça dói, está latejando. Tento abrir os olhos, mas a luz do ambiente, faz minhas pálpebras se fecharem imediatamente. As vozes continuam ficando mais altas, até eu conseguir entender claramente o que estão dizendo.

- O quê você está fazendo aqui?

- A Any nos trouxe aqui, ela disse que seria o lugar mais seguro.

- Mas onde que ela está agora?

- Ela foi te procurar!

Eu estou deitado de lado, mas não no chão, pareço estar em algum tipo de bancada, num lugar elevado. Sinto um calafrio nas minhas costas vindo até meu peito, e é quando me dou conta que estou sem camisa.

Coloco minhas pernas para fora da bancada, e levanto meu corpo até ficar sentado, meus pés ainda não tocam o chão. Sinto outro calafrio.
Volto a tentar abrir os olhos, mas dessa vez mais devagar, o brilho da luz volta a incomodar, mas lentamente aquela agonia vai passando, e as vozes continuam a discutir.

- Já deu muito trabalho chegar até aqui. Está uma loucura lá em cima.

- Então vamos esperar, combinamos que se em uma hora ela não te achasse, ela voltaria para cá.

- Muita coisa pode acontecer em uma hora!

Só ouço vozes de mulheres até o momento. Quando consigo abrir completamente os olhos, localizo uma cadeira ao meu alcance, e uso ela de apoio para desses da bancada. Quando consigo ficar de pé, ainda percebo certa vertigem, mas mesmo assim, começo a andar em direção às pessoas.

- Finalmente mano. - Diz Lamar, vindo na minha direção e me dando um abraço. - Cara, você não têm ideia de como eu estava preocupado com você.

- Eu tô bem. - Respondo meio tonto e olhando para o chão.

- Eu sinto muito. Nunca devia ter feito aquele bloqueio na porta.

- Relaxa. - Digo, seguido de mais um calafrio. - Está tudo bem.

Ele me dá mais um abraço, e vejo no olhar dele o alívio de ver que eu estava bem.

- Certeza que você está bem? - Pergunta Diarra. - Vai ficar meio difícil carregar você de volta escada acima.

- Estou bem, só com um pouco frio.

- Sobre isso... - Começa a dizer Sabina. - Tivemos que molhar sua camisa, então, pode demorar um pouco até ela secar.

Ela aponta para uma espécie de varal de roupa improvisado com alguns fios atravessando a sala de aula. E lá está a minha camisa e a do Lamar, secando lentamente.

- Ficamos muito felizes que você acordou e está passando bem. Mas realmente precisamos de um plano. A Any vai voltar e não pensamos em nada ainda.

- A Shivani têm razão. - Continua Diarra. - Aqui em baixo vamos ganhar tempo, mas não estamos a salvo.

- Eu ter ideia. - Disse a menina nova.

O Lamar da um risada, mas para um segundo depois que a Diarra olha para ele com os olhos cerrados. Nem nessas horas ele não perde o senso de humor. Ele era o tipo de cara que até em velório faria piadas.

- Sim Hina. - Disse Diarra. - Qual é a sua ideia?

- Soldados entram... e nós escapa.

- Como assim? - Pergunta Sabina. - Não sei se entendi o plano exatamente.

- Eu acho que o que ela quis dizer foi... - Shivani pensa um pouco antes de continuar. - Que os policiais vão ter que entrar se quisermos sair? É isso?

- Sim. - Responde Hina sorrindo e acenando com a cabeça.

- Mas se o exercício entrar aqui, estamos todos ferrados, não vamos conseguir fugir! - Diz Lamar. - Os caras estão armados, não têm como passar por eles.

- Só se não passarmos por eles. - Sugere Diarra.

- Ok, definitivamente, eu não estou entendendo o plano. - Diz Sabina, puxando uma cadeira para se sentar.

- Eu entendi. - Respondo, dando um passo para dentro do círculo da conversa. - A escola têm mais de uma entrada. No momento, elas devem estar todas protegidas pelos soldados. Mas se deixarmos eles entrarem pelo portão principal, é provável que os soldados guardando as outras saídas larguem o posto para ir ajudar os outros na invasão.

- Exato. - Continua Diarra. - Eles irão precisar de toda ajuda possível na hora de entrar na escola e controlar os alunos. Ao fazer isso, as outras saídas devem ficar livres. E é por lá que poderemos sair.

- Certo... - Diz Sabina levantando da cadeira. - Eu entendi, mas não acho que vai dar muito certo não.

- Foi a melhor ideia que apareceu até agora. - Responde Shivani. - Com certeza será perigoso e arriscado. Até porque não sabemos realmente se as saídas paralelas vão ficar livres. Mas eu acho que vale a pena tentarmos.

- Vocês vão realmente deixar a escola ser invadida, só porque existe uma remota e minúscula chance de escapar? - Refuta Lamar. - E os outros alunos? Eles vão estar sendo presos pelo exército enquanto nós saímos de fininho pelos fundos? Isso se também não formos pegos na hora da fuga. Vale mesmo a pena arriscar tudo isso?

Isso parecia um impasse para mim. O plano era realmente arriscado, mas era o melhor que conseguimos pensar, no entanto, o Lamar tinha razão. Como ficariam todos os outros alunos? Onde estaria a justiça nisso tudo?

Sinto que todos nós seis estamos com dúvidas. Olhamos uns para os outros na esperança de que surgisse alguma ideia melhor, que não prejudicasse ninguém, mas tudo o que há é silêncio e olhares confusos. Não sabíamos o que fazer.

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