-É evidente que você pode dispor de mais duas damas de companhia. Entretanto, por que você está fazendo esse pedido? Suzi lhe desagradou? –Cecília pergunta, franzindo as sobrancelhas.
-Suzi é muito mais do que perfeita comigo. Porém, sou um peso para a longa lista de tarefas que ela acumula. Seria uma espécie de reforço para ajudá-la. Além disso, seu aniversário será daqui a três dias e ela está ainda mais sobrecarregada. –Esclareço.
-Bem, acredito que você tenha razão. Ela já é responsável por todo o castelo. Provavelmente, uma responsabilidade a menos lhe fará bem. Mas você sabe que Suzi não aceitará essa mudança com tanta facilidade, não é? –Cecília inquere.
-Irei conversar com ela. Não se preocupe com isso. –Afirmo.
-Sendo assim, não tenho nenhuma objeção a isso. Você quer que eu escolha suas damas? –Ela questiona.
-Não. Já escolhi, serão Gail e Zara que trabalham na lavanderia. –Digo com veemência.
-Lavanderia? –Ela pergunta com surpresa. –Aquelas mulheres não são muito prendadas. Não sei se irão ser úteis as suas necessidades. –Fala em dúvida.
-Eu não sou muito exigente. –Falo sorrindo.
Pelo resto da noite, Cecília exige minha companhia alegando que não estou lhe dando atenção suficiente. Aceito seu pedido com prazer por apreciar imensamente estar em sua presença.
Ela discorre por algumas horas sobre como está nervosa com a proximidade de seu aniversário e com a possibilidade de não alcançar a aprovação de seu pai. Só a simples menção do rei faz meu estômago embrulhar.
Não sei ao certo qual será meu destino depois da Apresentação. Contudo, algo me diz que o rei não se satisfará somente com a comprovação de que posso dominar meu poder. Sei que ele quer mais, apenas não consigo dimensionar a profundidade dos seus desejos ainda.
Minha primeira atitude na manhã seguinte é me encaminhar até a ala dos funcionários. A ideia de possibilitar uma vida um pouco melhor a Gail e Zara me deixa eufórica. Porém, quando me aproximo do local, noto a presença de um número incomum de soldados ali. Eles estão próximos ao quarto de Zara, o que me traz um mal pressentimento.
-O que está acontecendo? –Pergunto a um deles.
-Um criada veio a óbito nessa madrugada. A senhorita não deveria estar aqui. –Ele me censura.
Paro de ouvir suas palavras no momento em que minha mente processa a palavra "óbito". Quando avisto Gail saindo do meio da comoção, minhas suspeitas são confirmadas. Seu rosto está marcado por lágrimas e seus olhos vermelhos.
Não! Não posso ter chegado tão tarde.
No instante em que nossos olhos se encontram, ela vem em minha direção e me abraça. Envolvo-a com meus braços da melhor forma possível, já que seu corpo avantajado praticamente me encobre.