Acabou

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Capítulo 23 – Acabou.

Maryann Jacob POV •atualmente•

Justin foi aquele tipo de pessoa que mexeu com todo o meu psicológico, me fez mudar a maneira de pensar e de viver. Mas, no final, ele me decepcionou. Desde o começo eu tinha um pé atrás na nossa relação, imaginei que ele me trairia ou cansaria de mim, dispensando-me sem se importar com meus sentimentos. Mas ele fez pior. Desejou a morte de uma pessoa, a pessoa que nos ligaria para sempre. Desejou a morte do nosso bebê. Meu bebê.

Nunca senti tanto desprezo por uma pessoa, como senti pelo Justin no dia em que acordei no hospital. Ele não estava lá. Covarde demais. Mas, devo admitir, com os anos, a realidade me bateu e eu percebi que não o odiava. Sentia raiva. Muita raiva. Justin foi um moleque fraco e idiota. Mas ainda era o amor da minha vida. Talvez isso seja o pior. Saber que eu amava um ser humano tão sem sentimentos acabava comigo.

— Aurora. — chamei.

A menininha de cabelos longos e loiros me encarou sorrindo. Ela levantou o rosto e seus olhos verdes me fitaram animados. Me aproximei, sentando-me ao seu lado e pegando uma das bonecas espalhadas na cama.

— Você está indo? — perguntou.

— Sim. Não pretendo demorar, apenas obedeça a Cibelle, ok?! — passei a mão em seus cabelos e dei um sorriso — Amanhã eu juro que vamos passear pela cidade, a viagem foi cansativa. Você precisa descansar.

— Se eu preciso descansar, acho que você também precisa. — fez careta, levando dois dedos até a boca.

— Eu também preciso. — afirmei, dando risada. Ela era esperta demais — Mas vou descansar quando chegar. Vou encontrar com alguns amigos.

— Amanhã vamos visitar o vovô?

— Claro, minha filha. Agora eu tenho que ir. — beijei sua testa — Mamãe te ama. Muito.

Maryann Jacob POV

Ouvia um barulho distante, era o bipe do monitor que indicava meus batimentos. Então eu estava num hospital. Identifiquei o cheiro forte de remédio, formol e produto de limpeza. Abri meus olhos devagar. A claridade me machucou muito, mais do que deveria. Gemi de dor, não conseguia me mexer. Minhas pernas estavam doloridas e minha coluna parecia ter sido quebrada em mil pedacinhos.

O acidente.

Arregalei meus olhos ao lembrar como tinha ido para naquela cama, quase imóvel. Eu estava indo para o bar, precisava me lembrar do Jaden, precisava sentir a presença dele. Não tinha visto aquele caminhão, então só lembro do carro voando para o outro lado da estrada. Perguntei-me se tinha machucado alguém. Meu Deus, eu não poderia ter machucado alguém, não me perdoaria por ter sido irresponsável. Eu tinha desviado de uma porrada de gente, não queria pegar ninguém.

Meu coração apertou, pelo monitor ao meu lado eu pude ver que ele estava acelerado. Tinha lembrado o por quê de eu ter saído dirigindo feito uma louca. Justin queria que eu abortasse meu bebê. Ele não podia desejar a morte do fruto do nosso amor. Naquele momento, estar com Justin me pareceu errado. Pela primeira vez, me pareceu errado amá-lo.

Ouvi o barulho da porta se abrindo. Meu pai passou por ela distraído, conversava com alguém que, depois de entrar no quarto, vi ser a minha mãe. Ela tinha chegado lá tão rápido? Não era possível. A aparência dos dois não era a das melhores, tinham olheiras profundas que indicavam como eles estavam triste e largados. Deviam ter chorado muito. Estavam elegantes mas desleixados. Meus pais estavam juntos, por minha causa.

Cocei a minha garganta e senti como se uma faca estivesse sido enfiada lentamente ali. Chorei em silêncio, eu queria falar mas minha garganta doía. Um barulho estranho saiu pela minha boca e aquilo foi suficiente para chamar a atenção dos meus pais.

Amar sem onde || Justin Bieber Onde histórias criam vida. Descubra agora