A mulher os convidou para entrar. De uma hora pra outra, aparentava estar tão nervosa que mal olhava para os rostos que adentravam a sua casa, apenas buscava, com os olhos, possíveis respostas para o carpete caríssimo da sala.
- Então...- Ela sorriu frouxo, passando as mãos suadas na saia amarela.- Quem são vocês?
-Peter Coleman, e essa é a minha família.- O homem apontou para os outros três.- Tivemos a sorte de encontrá-la tão facilmente...você é exatamente quem procurávamos.
A mulher ficou por alguns segundos intacta.
-Coleman, certo...Creio que não posso ajudar, seja o que for. Não tenho contato com Judith desde que ela foi embora da França em 2001." Respondeu, deixando que o nervosismo entregasse tudo que eles precisavam, sem ao menos perguntarem.
Peter, em seu cansaço interminável daquela situação e do vitimismo que veria daqui pra frente, decidiu se sentar, enquanto os acompanhantes apenas o olhavam. Esses não eram os costumes do Coleman.
- E eu poderia saber onde a senhora conheceu minha esposa, por favor?- Ele questionou, lançando um olhar astuto para Mabel. Fingir que ainda estava com Judith poderia ser uma vantagem.
A mulher, claramente culpada e não tendo como fingir não saber do que se tratava, continuou.
-Judith me encontrou quando eu estava trabalhando de garçonete em um evento de moda aqui, na primeira vez que vim à França.- Ela engoliu em seco, antes de continuar.- Eu estava sem casa, sem família, grávida, sem ninguém pra me ajudar... Judith foi como um anjo pra mim. Ela me deu todo o apoio que precisei. Como ela está?- Perguntou Natalie, forçando um sorriso.
Se aproveitando da vulnerabilidade da mulher, Dominic decidiu lançar outras indagações.
- Mas, uma pessoa não é tão caridosa a troco de nada, não é? Toda essa hospitalidade e apoio valeram algo, não?
Peter estreitou os olhos, esperando a resposta de Natalie.
Ela assentiu de leve com a cabeça, andando de um lado para o outro, arrumando coisas que já estavam arrumadas na decoração de sua sala.
- Judith se mostrou uma ótima amiga durante todo esse tempo. Ela cuidou de mim e abriu as portas para o mundo da moda em Paris, o meu maior sonho... Algumas pessoas que nunca notaram a minha existência, notaram, graças a Judith. Ela trouxe de volta a vida alguém que não suportava a ideia de viver.- Explicou a mulher, em transe por alguns segundos, e logo depois corrigindo-se para uma expressão mais triste.
-Claro, porque com certeza é muito melhor ser renomada em Paris do que criar um filho, não é? -Arthur não se aguentou, já que o mínimo que esperava dos pais de Beatrice é que fossem pobres e só por isso nunca tiveram condições de ir atrás da filha. Agora, vendo o perfil de Natalie e o comparando tão justamente com o de sua mãe, ele precisou apertar os pulsos e cruzar os braços.
-Olhando deste ponto de vista, parece mesmo que sou um monstro. - Respondeu Natalie, os olhos apresentando um brilho diferente.- Mas só quem estivesse na minha pele, saberia que, hora ou outra eu acabaria morrendo antes do fim da gravidez se continuasse no fundo do poço.- Ela se sentou de frente para Peter.- Assim que meu pai descobriu a gravidez, me expulsou de casa...eu não tinha nada, não queria ser mãe aos dezessete anos e principalmente, eu não queria que aquela gravidez prosseguisse.- ela enfatizou o "aquela."Ao escutar Natalie dizer isso, Arthur Coleman observou uma das várias fotos em uma mesa. Natalie Carpentier, um homem de terno e outros dois garotos. Ao que parecia, marido e filhos.
Peter Coleman respirou fundo, olhando o horário no relógio. Precisava voltar para casa logo. Essa história não precisava se estender mais do que o necessário. Mas, antes que ele continuasse, a mulher retornou a fala.
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[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]
RandomLivro 2 | Onde cê tá meu amor? Beatrice Coleman finalmente se rendeu ao amor de Joe Hammar e, com o propósito de ser uma pessoa melhor, está disposta a lutar por isso. Ela só não imaginava que o destino colocaria todas suas convicções à prova de tal...