|Capítulo 27|

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Na cozinha de Dooferhill, Maeve preparava um café reforçado para tomar, e foi pega de surpresa com a presença de Roman Atwell na mesma. Era fim de tarde. Eles estavam sozinhos ali.

- Posso ter um particular com você?- O homem questionou, puxando uma cadeira e se sentando de frente ao balcão. O sinal de olheiras começava a se formar. Maeve sabia bem o motivo: Nas últimas semanas, Roman Atwell dedicara sua vida aos cuidados da filha. Também, nos últimos dias, esteve muito recluso pela perda de um amigo próximo e pela preocupação de como estava o afilhado, Alfred Wilson.

Ela fez que sim, servindo uma xícara de chá para o anfitrião da casa também. Se sentou ao lado dele.

- Como tem sido o trabalho?

Ela abriu um largo sorriso.

- Tem sido ótimo. Eu achei que seria estranho porque...você sabe, caí de paraquedas na empresa. Mas você, Roman, sabe escalar ótimos funcionários! Eu fui muito bem recebida por todos, e o contador geral, caramba, me aceitou de braços abertos, me passou tudo que eu precisava.- Ela tocou as mãos do homem.- Agradeço a oportunidade.

Roman sabia bem que eles a trataram da melhor forma que poderiam porque Maeve era uma indicação direta do chefe. Ainda sim, ele sorriu.

- Você merece. É uma ótima profissional.

- Nunca me viu trabalhar.

- Eu não preciso.- Ele retirou suas mãos de perto dela para segurar sua xícara.  Não parecia confortável. - Quero voltar naquele assunto do...ano novo.- Começou.

Maeve ficou feliz por não estremecer com esse assunto. Pela primeira vez, se sentiu confiante, e então tomou um gole quente antes de continuar.

- Você decidiu que o melhor é me matar? - brincou, mas Roman não riu.

- Por Deus, Maeve, eu não vou te matar, entenda.

- E então? - Ela falou, agora séria.

- Quero que repense sobre... ir.- Aquele não parecia ser o assunto favorito do Atwell. Existia um pesar em sua voz.- Talvez, você ache legal por enquanto, mas depois que cansar, não vai ser bom. Não vai ser bom para nenhum de nós. - Sem qualquer resposta dela, o homem continuou. - Sabe, você pode comprar um apartamento em Nova Iorque e nunca mais na vida pisar aqui! Você tem tudo para seguir a sua vida longe disso aqui, Maeve, e você insiste em ficar. Você entrou em nossas vidas por acaso e não aproveita a oportunidade de sair!

- Minha presença te incomoda tanto assim, Roman?- perguntou indignada.

- Não, claro que não. A sua presença faz bem a todos nós. Eu só quero entender, porque nunca ouvi falar em alguém que é retirado de sua zona de conforto e não quer voltar.- Ele bufou.- Você sai todos os dias para trabalhar de manhã e você...sempre...volta. Eu fico pensando se é a última vez que vou te ver e se você vai finalmente tomar juízo mas...por quê? Por que voltar, Maeve? Esse lugar não trás péssimas lembranças? Eu não entendo.

- A minha vida nunca foi minha zona de conforto.- Ela se aproximou dele.- Agora é. Não aguento mais repetir o discurso.- Ela se aproximou, olhando-o nos olhos.- E...eu não tenho péssimas lembranças. E não sou uma pessoa muito normal, já deveria ter percebido isso.- A Andrews sorriu de canto.

Roman sentiu seu coração bater mais rápido, e definitivamente não gostava daquela situação.

- Se você for ficar aqui, Maeve Andrews, você precisa ficar para sempre. E esse é o problema.- Ele engoliu em seco.- Por que eu odeio despedidas.

Ela se aproximou mais, e Roman pôde sentir seu perfume de rosas e o calor de sua respiração.

- Não precisa se despedir de mim.- Maeve não sabia de onde tirava tanta coragem para agir daquela forma.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora