|Capítulo 13|

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Beatrice esperava acordar, virar para o lado e ver Joe: Assim saberia que só teve um pesadelo ruim.

Infelizmente, tudo que ela viu foi o quarto estranho que agora lhe pertencia. Ela bufou, se levantando e esfregando os olhos. O lugar estava escuro, e Bea sentiu medo. Andou com cuidado esbarrando nas coisas, tropeçando no cadarço de seu tênis que ainda estava nos pés. Encontrou o interruptor perto da porta, e pôde respirar melhor quando percebeu que ainda estava sozinha no quarto estranho, e a chave da porta ainda estava sob a cama. Ninguém entrou ali.

Olhou pela janela e percebeu que era noite. Não saberia dizer quanto tempo dormiu, mas agora, ela repôs suas baterias e estava pronta para fazer o que for preciso para ir embora daquela casa.

Caminhou até o celular que, mesmo no carregador, não dava sinais de vida. Ela praguejou em silêncio. Ou o telefone havia estragado justamente no momento em que ela mais precisava dele, ou aquilo era também uma trama muito baixa de Roman, o que não era de se duvidar: afinal, não havia escutado as melhores coisas sobre ele.

Desde que chegou, Beatrice tentou não pensar nisso. Arthur poderia não ter entendido direito, talvez Roman não tivesse estuprado Natalie. Talvez a conversa tenha sido mal repassada. Ela preferia acreditar em tudo, menos que estava em um ambiente com um homem que seria capaz de fazer aquele tipo de coisa.

Todos os pelos do corpo da garota se eriçaram quando o vento frio entrou no quarto. Era como uma indicação de que a janela existia, e ela era um ponto de fuga.

Bea considerou avaliar a ideia.

Caminhou até ela, empurrando mais o vidro. Conseguiria passar ali, tranquilamente. Talvez sua maior desvantagem fosse o fato de que não sabia onde estava, nem para onde correr. Mas no momento, qualquer lugar parecia melhor que ali. Se chegasse a alguém, poderia usar o celular dessa pessoa e finalmente falar com alguém da família, e tudo estaria resolvido.

- Eu não entendo muito sobre a rebeldia adolescente, mas acredito que tomar um ar dessa forma no peitoril da janela possa ser um pouco perigoso.- Uma voz surgiu, atrapalhando seus pensamentos. Beatrice procurou pelo autor, e encontrou Lucien com os cotovelos apoiados em outra janela, a três metros de distância. Ela voltou o olhar para uma de suas pernas ultrapassando os limites da janela. Não costumava ter medo de altura, mas quando percebeu que fazia aquilo involuntariamente, ela sentiu.

- Olha aí, minha babá.- Beatrice cruzou os braços.- O seu quarto é aí? Vai me vigiar por vinte e quatro horas?

- Sua babá?- Lucien riu abertamente, exibindo os dentes perfeitamente brancos.- Não, não. Eu ganharia muito mais se aceitasse esse emprego. Eu só estava aqui observando a noite.

- Sei.- Ela soprou uma mecha de cabelo em seu rosto.

- Ah, espera, espera.- Ele riu.- Agora eu entendi! Você pretendia pular? - O homem parecia despreocupado.- E eu cheguei em um mau momento. Tudo bem, vai lá, não quero te atrapalhar.- Lucien ficou de costas, e Bea pôde ver a marcação de seus músculos dentro da camisa apertada.- Eu só consideraria algumas coisas, como, por exemplo, a altura daqui até o chão. Parece mais certo usar as escadas, mas, eu entendo sua preguiça, são muitos degraus.- Ele pigarreou.- Também consideraria os dois cachorrinhos lá embaixo, que cuidam da nossa segurança durante a noite. Eles adorariam brincar com você ao te ver correr pelo jardim.- Beatrice olhou para baixo, procurando pelos animais citados. Não os via. Lucien estava blefando.- Eu examinaria também como é difícil abrir estes portões, são de ferro, não sei se viu, bem pesados. Ah, e, é claro, tomaria cuidado com o sapato que estaria usando. Sabe, o tempo chuvoso, escorregaria muito na floresta, poderia cair em alguma toca ou ninho, servir de alimento para animais escondidos ou sei lá. Morro de medo.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora