||Capítulo 30||

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Uma hora e meia se passara desde a briga, e então Bea acordou. Joe se mantinha de costas para ela, da mesma maneira que se deitou. Era difícil saber se estava acordado ou não. Em todo o tempo que estiveram juntos, ela nunca havia se acostumado com aquela imagem. Joe nunca lhe dava as costas enquanto estava na cama. Era ele quem a abraçava por trás, e sempre que abria os olhos, sabia que encontraria as feições dele próximas ao seu rosto. Era estranha aquela sensação de não poder lê-lo.

Escutou alguns passos no corredor, e deduziu que os outros já estavam de pé e provavelmente se direcionavam ao café da manhã. Bea gostaria de descer e tentar esquecer toda aquela discussão, mas ali, olhando pra ele, não parecia tão fácil. Por um segundo, desejou ser a antiga Beatrice: Dar as costas para a situação e não se importar em finalizar aquela conversa. Mas ela sabia que gostava mais da nova Bea, a garota que sabia resolver as coisas com um bom diálogo. E não seria diferente agora.

De toda forma, precisava acordá-lo. Joe partiria de volta para casa nessa manhã, e era doloroso pensar em deixá-lo ir. Mesmo após tudo aquilo que disseram, era óbvio que ela não queria que o namorado se fosse. Há meses não sentia a segurança e o conforto que sentia ao lado de Joe Hammar. Mesmo ele ali, tão distante, ela sabia que estava segura. Porque o amor de sua vida estava ao seu lado. Ter Joe deitado ali depois de tantos dias em que ela apenas o imaginou era tudo que precisava. Seria idiotice deixá-lo ir depois de uma briga como aquela.

Foi ao banheiro, escovou os dentes, e tomou um banho. Se deitou ao lado dele novamente. Não sabia como fazer isso. Se colocando no lugar dele, ela também estaria brava agora. Imaginou o quanto fora difícil escutar de alguém que ama, tudo que ela disse. Apesar de arrependida por não ter explicado as coisas da melhor maneira, ela não se arrependia por ter defendido seu pai.

Quando começava a lacrimejar de novo por esse assunto, Bea respirou fundo e se debruçou sobre os ombros musculosos dele.

Joe se virou instantaneamente. Estava acordado, e os olhos estavam um pouco inchados, com um leve tom de vermelho sob eles. Estava chorando. Ela sabia.

- Sim?- Ele perguntou.

- Vamos descer?

Joe assentiu e se sentou na cama. Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Bea o abraçou por um tempo consideravelmente longo. Como se todo o dia que passaram juntos não tivesse sido suficiente para matar a saudade dele. Nunca era suficiente. O tempo sempre era cruel quando se tratava dos dois. Cada hora era como um segundo e, em contrapartida, cada segundo longe era uma eternidade.

O Hammar a apertou forte.

- Me perdoe.- Pediu com a voz rouca.

- Eu amo você, J.- Ela afirmou, como se não visse necessidade de falarem sobre perdão. Ninguém estava bravo de verdade.

- Eu odeio brigar com você.- Disse o rapaz.

- Eu também.- Ela se afastou e segurou o rosto dele.- Não vamos falar sobre isso. Só estávamos expressando opiniões diferentes. Já aconteceu antes.

- Posso te perguntar uma coisa? - Pediu. Ela assentiu.- E quanto a Lucien? Qual sua relação com ele?

- Ele é tipo um tio muito, muito chato.- Brincou.- Me trata tão bem quanto Roman. Ele faz de tudo para que fiquemos bem. Tudo.

- Só isso?

- Sim. Ele é muito legal. Queria que você tivesse a oportunidade de...conhecê-los como eu conheci. Mas, bem, você não precisa se preocupar.

- Você quer me contar? Sobre você e...o que aconteceu?- Pediu.

Bea puxou todo o ar que conseguia dos pulmões. Não precisava privá-lo disso. Aquele era Joe. Seu Joe. Ele era confiável, mais confiável do que ela mesma.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora