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Peter sentiu o peso sobre seu corpo. Ele não costumava gostar daquela sensação, mas dessa vez era diferente. Nada lhe tirava o fôlego ou apertava seu peito. Ao sentir as respirações pesadas, seu subconsciente pareceu se dar conta do que acontecia aos poucos. Ele parecia perceber até mesmo pequenos detalhes, como reparar algo molhar sua mão, e entendia que aquilo era Beatrice chorando. De seu lado esquerdo, escutava um tamborilar repetitivo de dedos nervosos na mesa, que muito provavelmente eram de Arthur. Peter sentia o desejo de abrir os olhos, mas aparentava ser um processo lento. Tudo que ele mais queria era ver seus filhos, mas o sentimento era de limitação.
- Não tínhamos combinado de não observar os outros dormirem? Não era estranho?- Ele comentou com a voz rouca, fazendo força para tal ação. Bea levantou a cabeça da cama e endireitou o corpo, abrindo um sorriso largo ao ver seu pai sendo irônico. Ela limpou as lágrimas.
- Bom dia, dorminhoco.- Comentou a garota, e Peter sorriu de canto, ainda fraco. Arthur fez menção de abraçar seu pai, mas precisou olhar primeiro para Charles, que concedeu a autorização.
- Vamos, me abracem, eu não sou de vidro.- Pediu o pai, conseguindo finalmente abrir os olhos cansados totalmente.
Seus filhos tomaram todo o cuidado do mundo, e os três se abraçaram em silêncio, aproveitando o momento. Após alguns instantes, escutaram o choro de Beatrice que não mais era contido. Ela depositou um beijo no rosto do pai.
- Tive medo de nunca mais fazermos isso.- Comentou, acariciando o rosto pálido dele.
- Não foi dessa vez que se livraram de mim.- Ele brincou, e os filhos se afastaram lentamente.
- Como se sente?- Perguntou Arthur.
- Impotente.- Peter foi verdadeiro.- Mas sei que estou melhor. A cada dia.
Charles Rider colocou as mãos dentro do bolso do jaleco.
- Vou deixá-los a sós. - O rapaz informou, fechando a porta.
Por alguns instantes, Beatrice e Arthur trocavam olhares desconfortáveis, imaginando que Peter não soubesse do que precisavam falar. Tolos.
- Acho que precisamos falar sobre isso, não acham?- Ele se ajeitou, e a filha correu para arrumar o travesseiro de forma confortável para seu pai.
- Talvez não.- Arthur cruzou os braços, sem conseguir encarar os dois de volta.- Você...hã...não deve tratar de assuntos emocionantes assim e...
- Na verdade, acho que é a melhor hora.- Peter interrompeu.- Já estou no hospital, se acontecer alguma coisa...
- Deus me livre!- Bea disse, franzindo o cenho.
A quietude mais uma vez tomou a sala.
- Como vocês sabem, eu não recebi visitas nos últimos dois dias. Eu acordei sim no dia seguinte a cirurgia, mas eu precisava de um tempo sozinho para pensar em tudo isso, e peço desculpas a vocês pela covardia.- Peter baixou a cabeça.- Eu imagino que estivessem desesperados para me ver, mas eu não conseguiria olhá-los sem pensar em tudo que...aconteceu. - Os filhos assentiram, com medo.- Antes de tudo, quero dizer que nada me faz mais feliz do mundo do que a nossa família, no caso, nós três. E eu não posso descrever o orgulho que senti pelo que fizeram por mim nesses últimos dias.
Arthur e Beatrice se olharam, confusos.
- Como você soube? -Ela questionou.
- Bem, se existe uma coisa que eu conheci nesse hospital foram as fofocas.- Peter riu, olhando Arthur tocar nos tubos de medicação com curiosidade.- Na noite da cirurgia, as enfermeiras comentavam o tempo todo quando entravam no quarto, e por mais que eu estivesse "dormindo", eu escutava. Depois, eu perguntei para Mabel, que me confirmou.
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[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]
РазноеLivro 2 | Onde cê tá meu amor? Beatrice Coleman finalmente se rendeu ao amor de Joe Hammar e, com o propósito de ser uma pessoa melhor, está disposta a lutar por isso. Ela só não imaginava que o destino colocaria todas suas convicções à prova de tal...