|Capítulo 43|

748 87 11
                                    

Após o pedido inesperado de casamento e o "sim" entusiasmado de Beatrice, o jovem casal de noivos entrou em Dooferhill e comemoraram com champanhe. Na realidade, abriram o champanhe, mas Joe, em seu primeiro ato como noivo, acompanhou Bea no suquinho de maçã.

Eles dividiram momento muito divertido entre os dois, sozinhos, conversando sobre o passado e o futuro, falando sobre o que já foram ou viriam a ser, relembrando os momentos que viviam quando eram apenas uma patricinha mimada e um cowboy bruto, e discutiram também possíveis nomes para o bebê.

Bea tinha as pernas no colo do namorado, sentados no sofá. Ela encarou o relógio de parede. Marcavam exatas dez horas da noite. Estava tarde.

Ela virou a última taça de suco e encarou o noivo.

- Vou falar com ele.- Afirmou, depois de alguns minutos de silêncio. Ela havia aproveitado bem o tempo de paz que os moradores da mansão deram aos dois, mas não poderia mais ignorar o que acontecera no dia. Joe não sabia se era o momento certo, e se o resultado daquilo traria prejuízo à gravidez de Bea. Ainda sim, como o bom e compreensível noivo que era, ele concordou.

- Eu esperarei aqui para que tenham privacidade. Assim que terminarem de conversar você me chama, ok?

Bea assentiu, seguindo em direção ao quarto de Roman, enquanto o cowboy se deitava no carpete frente a lareira e encarava a garrafa de bebida.

Apenas dois toques foram necessários para que abrissem a porta.

Foi Lucien quem abriu, a lançou um olhar de conforto e saiu, deixando os dois a sós.

Seu pai estava sentado na cama, de maneira que ela não era tão acostumada a vê-lo: A camisa branca desabotoada,os pés descalços. Ele se levantou e arrumou a camisa, cobrindo o peito. Bolsas em baixo dos olhos indicavam o quanto ele havia chorado.

- Eles se foram.- Afirmou a garota.

Roman não a olhou.

- Sim, fazem umas três ou quatro horas.

- Joe ficou. Estávamos comemorando nosso noivado.- Bea mostrou a mão para o pai, que, ironicamente ou não, reparou o anel de diamante assim que ela adentrou o local.

- Parabéns.- Ele se levantou, olhando agora para ela.- Vamos falar sobre isso?

Beatrice bufou.

- Não tenho o que falar sobre isso.

- Não, você tem. Ninguém descobre que o pai trafica diamantes e não tem o que dizer.- Ele relembrou rapidamente sua culpa.

Ela o olhou nos olhos.

- Sim, certo. Tenho duas coisas a dizer.- A garota colocou as mãos para trás, enquanto formulava suas falas. Ele cruzou os braços e esperou, ansioso, pelas palavras da filha.- Primeiro de tudo, Peter não fez aquilo porque quis. Ele pediu desculpas e eu acredito nele. Sei que não faz coisas na intenção de prejudicar alguém.

Ele negou com a cabeça.

- Isso não tem a ver com o ele, Beatrice. Não é sobre ele. Querendo ou não, Peter sabia o que teria quando te contou aquilo e...e não importa agora. O que importa é que você já sabe, e tem que me odiar por ser tão ruim e por ter escondido tudo de você.

- Não, eu não tenho que te odiar.- Ela retrucou, não reconhecendo a si mesma. Na verdade, ela reconhecia. Estava dando abertura para uma Beatrice que não gostava: A pessoa que ignorava certos erros porque simplesmente não suportava eles. Fez o mesmo com Judith por toda a vida.- Quer saber a verdade? Eu sempre soube. Não dos diamantes, mas eu sempre soube que você era envolvido com algo muito além da produção dos vinhos. Era nítido, Roman. Quando coloquei os olhos em Lucien, eu soube que ele era seu braço direito, capo, tanto faz! Quando você dizia que precisava resolver negócios, vivia preso no escritório, ou conversava com Lucien coisas que eu não entendia! Ou até mesmo quando disse que Maeve não poderia voltar atrás se decidisse ficar! Eu não sou boba, Roman...eu percebi sim que tinha algo para que vocês me privassem. Mas quer saber? Eu não me importei! E não me importo! Porque todos nós temos motivo para fazer o que fazemos, seja errado ou certo. E, pai...- Ela respirou fundo.- Eu sei o que é errado. Mas eu também vejo em seus olhos que você quer se livrar disso, que você detesta essa situação em que foi colado. Como o meu pai disse...você podia, sim, ter me coberto de diamantes para tentar me convencer a ficar, poderia ter feito muito mais para me comprar e você...não fez. Fez o possível para que eu me sentisse amada e segura. Todas as coisas que fazemos, fazemos por algum motivo. Você deve ter o seu, e eu...eu não tenho forças para te odiar por isso.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora