|Capítulo 59|

642 72 9
                                    

- Me desculpe.- foi a única coisa que Beatrice conseguiu dizer ao pai, a voz baixa, a vergonha e pressão nítida em suas bochechas rosadas.

Ela sempre temeu o dia que ele descobriria tudo que a garota sabia sobre a morte de Lucien.

Roman se aproximou dois passos, e a encarou por longos segundos.

- Suas desculpas não o trarão de volta.

- E nem o seu rancor.- rebateu, mesmo não querendo machucá-lo.- Como descobriu?

- Lucien nunca fora bom em esconder coisas de mim. Como isso pode ter acontecido?

Ela não respondeu.

Roman então tirou de seu terno sujo de sangue um papel amassado.

- Era estranho demais, todos aqueles que não queriam que eu vendesse minhas ações, aceitaram do nada. Depois eles foram presos, um por um, e a polícia não veio atrás de mim em nenhum momento, nem para depor. E a explosão na mina...- Roman sorriu, exibindo uma dor profunda nos olhos.- Eu fui tão tolo. Como engoli toda essa história mal contada por tanto tempo?

- Você não precisava se preocupar com isso.

- Não precisava?- Ele rosnou.- Como você pode ser tão fria, Beatrice?- aquelas palavras saindo de sua boca a machucaram. Principalmente por ele não ter usado "doce" na frente do nome da filha. Seu corpo se arrepiou em um alerta de medo.- Como chorou a morte de Lucien sabendo que ele morreria?

- Eu não sabia!- Ela gritou, surpresa, se arrependendo no mesmo momento do tom que usara com ele. A grávida já começava a chorar.- Eu descobri depois. Ele me deixou uma carta. E depois um vídeo.

Ele riu.

- Uma carta? Um vídeo? E a mim? Lucien não se lembrou de me avisar que ia morrer!- Ele chorava abertamente. Bea tentou manter a calma. Não adiantaria nada se os dois estivessem descontrolados.

Depois de algum tempo olhando para o piso, o encarou novamente.

- Ele não queria te fazer sofrer.- Argumentou.

- Ele fez mais do que isso.

- A verdade é que Lucien não conseguiria se despedir de você. Ele te amava demais.- Ela confessou.

- E eu não o amava?- Perguntou o Atwell, limpando suas lágrimas.- Eu nunca poderei me despedir dele. E ele se foi, antes que eu pudesse....- Roman comprimiu um choro no fundo da garganta.- Brigar com ele por ter se colocado no fundo do poço.

- Ele nos salvou.

- Eu não pedi para que ele nos salvasse. Preferia que estivesse aqui. Eu conseguiria resolver tudo, à minha maneira!- O pai sussurrou, deixando a dor se esvair de seu corpo e se jogando no chão. A outra caminhou em sua direção para abraçá-lo ajoelhado.- Você é a filha, Beatrice. Não precisava suportar tudo isso. E mais, vocês não tinham o direito de me deixar de fora. Eu não sou uma criança, eu não sou tênue, quebrável. Vocês não tinham que me poupar dor alguma.

Bea o abraçou com mais força.

- Me desculpe.- Pediu mais uma vez. Ele não respondeu, enquanto chorava em seus braços.

- Eu passei noites mal dormidas pensando em quem teria matado meu melhor amigo. Por que ele teria morrido? O que ele teria feito... e aí eu descubro que ele morreu em meu lugar....- Roman tentou olhá-la, agora se sentando totalmente no chão.- Tem ideia disso?

- Não posso imaginar. - Ela respirou fundo.- Mas é tarde para remoer essa história. Lucien havia planejado, ele fez uma escolha, então não faça parecer fútil. Ele deu a vida por você, por mim e pela nossa história, papai.- Ela chorava.- Eu não tenho palavras para explicar agora, mas...- mordeu o lábio inferior, ansiosa.- Posso lhe mostrar a carta e o vídeo que ele me deixou. Talvez, com as palavras dele, você possa entender.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora