Bea tentou parecer invisível. Segurava o livro contra o peito tão apertado que as pontas dos dedos ficaram brancas. Sentia que não podia respirar, já que, caso o fizesse, faria com que Roman percebesse que o estava observando.
Sabia que era ruim observar alguém que quer privacidade, mas, Roman manteve a porta entreaberta e seria um grande desperdício se ela não desse uma espiadinha rápida. Que bom que fez isso. Roman era ótimo quando se tratava de habilidades ocultas. Anteriormente, ela havia descoberto o quão bom ele era com o piano. Agora, contra a luz da janela, o pai pintava uma tela com aquarela. Por conta do ângulo, ela não conseguia ver bem o que ele fazia na tela, e a curiosidade a matava. Infelizmente, caso se movesse, seria horrível ter que dar explicações do porquê de estar ali.
Inclinou a cabeça para o lado tentando entender a mistura de vermelho e vinho escuro. Sentiu o coração sair do peito quando uma mão tapou sua boca e a arrastou para longe da porta. Lucien a encostou levemente na parede e sorriu.
Beatrice recuperou o fôlego.
- Você...- ele a interrompeu com um "shhhh", colocou o indicador em sua boca e olhou para trás, para a porta do quarto de Roman. A menina diminuiu o tom de voz a um sussurro.- Me assustou.
- Desculpe-me. - Disse o homem, também sussurrando. Eles começaram a caminhar juntos até o próximo corredor, onde Lucien voltou a falar em tom normal.- Eu te salvei. Sabe como seria complicado explicar pra ele o que você fazia ali?
Ela deu de ombros.
- Eu daria um jeito. Por que ele esconde essas coisas que faz?
- Roman simplesmente não gosta de ser público. Em nenhum caso. Ele aproveita com mais intensidade as coisas que faz sozinho.- Explicou.
- Entendi porque moramos no meio do nada. Obrigada.- Pensou um pouco.- Quando é que ele vai terminar?
- Eu não sei.- Respondeu.- Nunca saberemos, na verdade.
- Como assim?
- Não sei o que Roman faz com os quadros. Ele pinta há anos. Nunca me mostrou. Nunca expôs. Eu só o vejo pintando às escondidas.
Mais uma vez, Bea olhou para trás, certificando-se de que ninguém os via.
- Como assim? Por quê?
- Talvez fiquem feios.- Lucien zombou.
- Só poderemos dizer se descobrirmos. Como vamos pegar esse quadro? Qual é o plano?- Perguntou.
Ele riu com desdém.
- Não tem plano, Little Beetle. Não vamos nos intrometer, ok? E não faça mais isso. Quanto mais Roman se sente pressionado por uma coisa, mais rapidamente ele se livra dela, o que é pior. Se perceber que nós colocamos expectativas sob suas pinturas, ele parará de pintar.- Disse.
Ela assentiu.
- Se perceber que sinto falta de casa, me manterá presa aqui.- Pensou alto.
Lucien parecia desconfortável.
- Vi que terminou o primeiro livro de Sherlock.- Ele batucou os dedos na capa do segundo livro, nas mãos dela.
- Sim, é muito bom.
Os olhos de Lucien brilharam.
- Boa menina, sabia que tinha bom senso.
Eles riram, descendo as escadas juntos.
- Ah, e aliás...Não que eu goste de cobrar...Você me deve um presente de aniversário.- Brincou.
- Está mais perto do que você imagina, querida. Logo terá seu presente.- Sussurrou, e do jeito que o fez, não pareceu brincar.- Esta noite falaremos sobre isso. Não durma antes que eu passe no seu quarto, ok?
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[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]
عشوائيLivro 2 | Onde cê tá meu amor? Beatrice Coleman finalmente se rendeu ao amor de Joe Hammar e, com o propósito de ser uma pessoa melhor, está disposta a lutar por isso. Ela só não imaginava que o destino colocaria todas suas convicções à prova de tal...