|Capítulo 38|

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Joe esperou pacientemente que Beatrice tomasse um banho e trocasse de roupa - ação a qual ela não uniu coragem para fazer na frente dele - para que conversassem.

Ainda estava sentado na poltrona quando ela se sentou na cama, de frente pra ele, secando os cabelos em uma toalha branca.

- Bem.- Bea respirou fundo.- Pode falar.

O Hammar não tinha palavras para aquele momento. Não esperava. Mesmo enquanto a assistir dormir, não saberia o que dizer quando chegasse a hora. O que mais o preocupava, na verdade, era o que ela tinha a dizer.

- Lucien achou mais fácil me contar. Disse que você não conseguiu falar ainda...as... palavras.- ele se sentia um idiota. Um tremendo idiota. Se via novamente como um garoto medroso e trêmulo, de frente da garota que amava. Às vezes, Joe esquecia das posições que um homem supostamente deveria tomar. Esquecia que precisava ser responsável ou ter as palavras certas para dizer. Ele sentia que não sabia fazer isso.

- É.- ela tinha o rosto inexpressivo.- Demorei para conseguir dormir. Aconteceu tão rápido, né?

Bea queria que ele dissesse. Tinha o coração tão acelerado entre as costelas que quase não podia segurar. Ela pensou se alguém um dia já esteve pronto para essa conversa. Pareciam não haver repertórios que os ajudassem. Um dependia da resposta do outro.

- Eu ainda não acredito, na verdade.- O cowboy confessou. Quando se deparou com o olhar arregalado de Beatrice, se prontificou em acrescentar.- Quero dizer, eu acredito no teste e no médico. Eu só não...- Ele engoliu em seco. - O que nós fizemos?

Bea riu de seu jeito desengonçado de falar.

- Estamos muito, muito ferrados.- Ela permitiu soltar o ar dos pulmões com uma gracinha.

- Mas não tem como voltar atrás.- Joe falou aquilo que lhe afligia, como se fosse um tiro. Seu medo de que, de fato, Beatrice não quisesse tanto quanto ele.

- E você gostaria que tivesse como?- Ela perguntou, penteando o cabelo de forma agressiva.

- Você gostaria?

- Eu perguntei primeiro, Joe.

- Bem, mas...- Ele baixou a cabeça, e depois de um longo suspiro, a olhou novamente.- Você que tem que saber, afinal, é você que o está carregando. Você voltaria atrás?

Bea colocou as mãos sobre o rosto. Sentia a pele arder, mas não queria chorar naquele momento.

- Não estou arrependida.- Confessou. Joe pareceu subitamente aliviado. - E você? Voltaria atrás se pudesse?

Após alguns segundos de tensão, Joe começou a rir, alongando as mãos.

- Eu...eu estou assustado, assustado com a responsabilidade, assustado porque você é muito jovem, por estarmos tão longe e por crescer tão rápido.- Ele apontou para a barriga da menina.

- É, é o que dizem.- Bea acariciou a barriga, fechou os olhos e, finalmente, aquelas três palavras saíram de sua boca.- Eu estou grávida. O que nós faremos?

Joe forçou as pernas a caminharem até sua namorada.

- Você mesma já disse no telefone.- ele sorriu, segurando o rosto dela.- Eu sinto muito para a Beatrice que conheci há quase dois anos atrás, que me disse que essa coisa de ter uma família não era pra ela. Nós vamos nos casar.

A menina abriu um sorriso largo e o abraçou.

- Isso pode parecer um pesadelo para ela, mas não pra mim.- ela o beijou.- Eu amo você.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora