|Capítulo 36|

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Era manhã quando Beatrice passou tagarelando pelo telefone quando seu pai lhe chamou a atenção.

- Querida?- O tom de Roman era baixo dentro do escritório, e ela voltou alguns passos.

- Sim?

- Podemos conversar?

Bea olhou para o telefone rapidamente, e então sorriu para Roman.

- Brie, eu te ligo depois, tudo bem?‐ Ela mandou beijo.- Fique bem.

Ao desligar o telefone, a menina avaliou rapidamente o escritório. Não costumava frequentar aquele lugar.

- Sente-se, por favor.- Pediu o Atwell.

- É sobre as roupas?- Ela cruzou as pernas.- Eu amei, de verdade. Também não pensava que eu ficaria tão bem em um vestido com estampa de morango.- Ela riu. Roman concordou com a cabeça.

- Na verdade não é sobre isso. Eu recebi uma ligação do meu advogado esta manhã.- Quando ele tocou no assunto, a menina sentiu o coração bater mais rápido.

- E...?

- O Conselho Tutelar e a justiça em geral tem se questionado sobre algumas coisas. Eu já sabia que você andava se esquivando em relação à assistente social. Mas eu soube que nos últimos dias você simplesmente não quis atendê-la. Por quê?

A menina suspirou e, sem saber o que fazer, mexeu nervosamente no grampeador sobre a mesa.

- Não gosto das visitas dela.

Roman esperou. Sem mais declarações, ele continuou.

- E por quê?

- Não gosto da posição que ela me coloca. Não gosto de ter que responder suas perguntas.

O pai não precisava de mais. Coçou as sobrancelhas.

- Beatrice...Eu não sei o que vocês conversam...O que é sei que faz parte do trabalho dela fazer perguntas que talvez te deixe desconfortável. Mas você sabe a importância disso, não sabe? Os relatórios dela implicarão na decisão do juiz sobre a sua guarda.

- Eu sei.- Ela encarou o pai.- É justamente por isso.

- Minha querida...- Ele estendeu a mão, guardando o grampeador.- O problema de você fugir disso é que estão pensando que sou eu. Estão questionando se eu estou te impedindo de se expressar. Como se eu estivesse interferindo.

Ela negou com a cabeça.

- Não é isso...é...

- Eu sei, Beatrice. É difícil. Mas você precisa falar com ela. Ou talvez com outro, se preferir. Posso pedir para trocar o profissional.

Um minuto inteiro se estendeu.

- Eu sei que tudo que eu digo está inclinado para que eu escolha um lado. A questão é que as coisas mudaram, pai. Eu não queria ter que escolher.

Roman sorriu, acariciando as mãos dela.

- Não precisa pensar nisso. Olhe para mim.- Ela o fez.- Diga o que seu coração mandar, tudo bem? Deixe que o juiz julgue. Sua parte é apenas ser verdadeira.

Bea engoliu o choro. Odiava a situação em que estava.

- Tudo bem.- Ela limpou o rosto.- Peça para que ela venha, então.

E ela saiu, cabisbaixa, como se o universo tivesse tirado sua luz.

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oito semanas depois

Beatrice estava satisfeita com a última reunião que tivera com seu psicólogo. Sentia que estava se recuperando muito rapidamente, e julgava não precisar mais de psicólogo ou até mesmo de tomar remédios. Ainda sim, gostava da forma como fora cuidada desde suas crises e a bulimia.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora