||Capítulo 60||

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Beatrice estava sentada com os pés na água, a piscina silenciosa, encarando o jardim que nunca mais seria o mesmo. Seu olhar se concentrou em algo quando viu Maeve correr desesperada em direção a ela, tropeçando na grama e caindo no chão. Os olhos dela estavam vermelhos.

- Onde ele está? Onde ele está?- Ela exigia.

- Eu consegui fazer com que dormisse um pouco.- Suspirou a garota, cansada. Já era noite em Dooferhill.- E quanto a arma...entreguei para Charlie. O ameacei a tirar todas essas coisas perigosas da nossa casa, imediatamente.

- Ainda sim, ele poderia pular ali de cima.- Maeve se levantou, tirando a terra do joelho, e então se sentou ao lado de Beatrice. Ela esperou que sua respiração voltasse ao normal.- Graças a Deus você estava aqui.

- E por que você não estava?- A menina se virou para ela.- Me disse que vocês estavam em Pitsburgo! E se eu não estivesse aqui? Pensei que estava com ele! Você mentiu pra mim e meu pai quase morreu!

- Como eu ia imaginar?- A Andrews estava visivelmente assustada.- Nós estávamos sim na capital resolvendo alguns problemas da WellWine. Mas do dia pra noite ele disse que precisava resolver algo sozinho e pediu para que eu dissesse que estávamos juntos, caso você perguntasse. Que seria rápido. Isso foi ontem a noite!- Os olhos dela estavam incrédulos.- Como eu poderia imaginar que ele mataria um homem e em seguida ficaria...maluco?

- Não passou pela sua cabeça que ele faria besteira?- Bea voltava a chorar.

- Eu não sou a babá do seu pai, Beatrice! Sou a namorada dele! E ele não é uma criança à qual eu preciso impedir que enfie uma bala no crânio!- Ela também chorava.- Quando você me ligou eu...eu não...eu nem...- Maeve respirou fundo.- Eu nem sei como dirigi até aqui. Eu não estava enxergando em nada, pensando em nada.

Bea levou as mãos ao rosto, e então Maeve a abraçou.

- Tudo está dando errado...- a garota murmurava. Era exaustivo ser quem ela era.

- Ele vai ficar bem. Não vou desgrudar mais dele. Eu prometo.

- Não é só sobre ele.- Ela fungou, e então olhou para a outra.- Eu recebi uma ligação de casa. Scarlett está com depressão pós-parto, e tudo está indo de mal à pior!- Ela soluçou.- Eu estive no médico e preciso ter certeza se os remédios fortes que eu tomava na época da bulimia e, e todos os antidepressivos não vão fazer mal pro meu filho, mas não tem como dizer até que ele nasça! E eu...eu estou com medo, porque ele vai nascer no meio do caos. Porque a vida da mãe dele é caótica!

Maeve a abraçava mais.

- São só tempos difíceis, querida, e...

- Os tempos difíceis não acabam?- Era triste enxergar Bea daquela maneira.- Se Lucien estivesse aqui, ele resolveria tudo. Sei que resolveria.

Maeve colocou a cabeça dela para descansar em seu ombro.

- Então precisamos aprender a agir como Lucien, não é? - Ele beijou o topo da cabeça da menina.- Vamos ficar bem, doce Beatrice. Vamos ficar bem.

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No dia seguinte, Roman parecia melhor. Ninguém quis tocar no assunto do dia anterior. Com isso, no começo da manhã, Maeve propôs que terminassem a decoração do quarto do pequeno Lucien, todos os três, juntos.

- O bom de termos ganhado tantos presentes...- começou Bea, enquanto ajustava pela quinta vez alguns quadrinhos na parede cinza clara.- É que dá pra montar com folga o quarto dele tanto aqui, em Dooferhill, como na Pejari.

Roman assentiu, concentrado demais na tarefa de montar o berço.

Maeve o ajudava, passando chaves e peças.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora