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Beatrice alcançava seu converse all star vermelho embaixo da cama. O sorriso estava estampado em seu rosto desde às seis da manhã, quando descobriu que, após quinze dias, finalmente voltaria para casa. Ela arrastou sua mala pelo piso de madeira velha através do corredor, sem se importar com as pessoas que esbarravam em seus ombros. Se sentou na poltrona de sempre, que permitia a vista de uma janela para a rua, e com ansiedade, ela olhava o celular. O telefone estava quase descarregando, então, ela o guardou no casaco de lã. Não acreditava que seria a última vez que estaria naquela janela. As coisas enfim voltariam a ser normais. Seus olhos se enchiam de lágrimas à medida que o horário combinado com seu pai se aproximava.
- Bea?- A secretária a chamou, com uma certa intimidade que desenvolveram. Ela segurava uma prancheta na mão.- O seu pai veio te buscar.
- Ele já chegou?- Seu sorriso foi de orelha a orelha. Beatrice pulou da poltrona.- Tínhamos combinado depois do almoço.- Ela saltitou até a secretária.- Você é uma das poucas coisas boas que esse lugar me proporcionou, Veronica.- Disse a menina.
- Posso levar sua mala até o carro?- Perguntou um homem de estatura média qual ela não se recordava ter visto na instituição, embora ele usasse o uniforme. Estando empolgada, Beatrice apenas assentiu, murmurando um "obrigada". O homem pegou a mala dela, e, antes de sair, ofereceu outro serviço.- Quer que eu leve o casaco?- Os olhos verdes dele eram penetrantes, embora ele não a olhasse diretamente. Beatrice tirou o casaco e estendeu para o homem, repetindo a gratificação.
Ela e Veronica caminhavam tranquilamente até o andar de baixo, enquanto trocavam uma palavra ou outra em tom de despedida. Ao pisar no salão onde se recepcionava as pessoas, Beatrice não encontrou Peter. O reconheceria facilmente se estivesse ali.
- Não é comum que um pai precise se apresentar para uma filha, mas presumo que, em nossa situação, isso seja necessário.- Um homem que estava no balcão se dirigiu até as duas. Beatrice não conseguiu desviar os olhos de sua feição que parecia se esforçar para agradá-la, além da forma elegante como ele vestia um terno às nove da manhã. - Beatrice, é um prazer finalmente conhecê-la.
Como resultado de um instinto de medo, Bea não soube negar o aperto de mão, dando um passo para trás logo em seguida. Ela sorriu amarelo. Colocou as duas mãos trêmulas para trás do corpo.
- Um momento, senhor Atwell.- Ela disse, já sabendo há alguns dias o nome de seu tenebroso pai. Puxou Veronica levemente pelo cotovelo e sussurrou no canto da sala.- Onde está Peter? Você disse que meu pai veio me buscar!
- Mas ele é seu pai!- A secretária respondeu, analisando a ficha em suas mãos.- Aqui está, a autorização que tenho do Conselho é que Roman Atwell venha te buscar, ele inclusive já assinou todos os papéis.
- Ma-mas...- Ela olhou de canto de olho para o homem que ainda as encarava, e estremeceu.- Peter me disse que...
- Se Peter já sabia, eles provavelmente combinaram de que Roman te leve pra casa.- Explicou Veronica.- Todas as vezes que vieram nos últimos dias, os dois estavam juntos.
- É, eu sei.- Bea bufou.- Eu não esperava encontrá-lo tão cedo.
- Ele só quer te conhecer.- Veronica sorriu.- Dê uma chance a ele.
- Não quero conhecê-lo e muito menos dar chances a ele.- Ela forçou um sorriso para o homem, torcendo para que ele não fosse bom em leitura labial.- Mas você tem razão, Peter me disse que é graças a Roman que estou saindo tão rápido daqui. Ele vai me levar pra casa.- ela sorriu, como se a ideia de estar na Pejari fosse tão empolgante que nada mais a assustava.
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[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]
De TodoLivro 2 | Onde cê tá meu amor? Beatrice Coleman finalmente se rendeu ao amor de Joe Hammar e, com o propósito de ser uma pessoa melhor, está disposta a lutar por isso. Ela só não imaginava que o destino colocaria todas suas convicções à prova de tal...