Os últimos três dias em Dooferhill passaram tão rapidamente que Lucien e Beatrice quase não perceberam.
Receberam uma ligação mais cedo de Roman, informando que eles estavam a caminho de casa.
Sem muito o que fazer, os dois insistiram para Sra.Wayne deixar que a ajudassem na preparação do jantar.
"Ah, por favor" dissera Lucien "Se esqueceu que fui eu quem lhe ensinou a cozinhar?"
E, após caírem na risada, a senhora cedeu.
Agora, o homem experimentava alguma coisa que mexia na colher de pau, colocando na mão e saboreando um pouco do que havia feito.
- Me passe o sal.- Pediu. Bea então entregou, os olhos curiosos. Não se arriscava na cozinha mais do que deveria, na tentativa de não matar ninguém durante o jantar. Beatrice lembrava-se claramente de que, quando morou na fazenda, Joe ficava subitamente carinhoso quando ela inventava de cozinhar: apenas para mantê-la longe dessa ideia.
- Você poderia me ensinar a cozinha algum dia desses.- Sugeriu a garota. Lucien assentiu.
- Demoraria muito tempo.- Debochou ele. Beatrice o agrediu com um pano de prato.
- Vou ter de buscar alguns temperos na horta.- Disse Sra.Wayne, se arrastando para a porta dos fundos.- Muito cuidado com a minha cozinha.
Bea e Lucien fizeram a saudação militar de continência, e depois riram.
- Little Beetle.- Lucien a chamou, sem tirar os olhos das panelas.- alia quaestio est quaestio.
Enquanto secava os pratos, ela sorriu. Era seu jogo favorito.
- Pode mandar.
- Uma coisa me deixa um pouco indignado. Você diz que, antes de Joe, você não conhecia o amor, se tratando de um relacionamento a dois, certo? Mas...bem...ninguém tem a sorte de conhecer o primeiro amor e se dar bem, sabe?- Lucien balançou a cabeça em negação.- É um ritual da adolescência passar por um amor não correspondido, sofrer e aí talvez depois encontrar aquele que te mostre que as coisas valem a pena.- Lucien tampou uma das panelas e olhou para a garota.- O que você acha que aconteceu pra você...fugir da normalidade?
- Certo.- Começou ela.- Quando eu era mais jovem, eu escutava algumas meninas falando sobre os garotos que eram apaixonadas, e depois elas quebravam a cara, e diziam que doía, e elas choravam tanto! Eu senti muito medo. Aquilo me deixava um tanto quanto confusa, já que alguns falavam tão bem e outros tão mal... - A Atwell suspirou, virando-se para o outro.- Certa vez, um garoto da escola me deixava cartinhas no armário e eu estava achando aquilo tudo muito fofo...Estava disposta a me permitir conhecer esse sentimento... Mas não tive tempo. Judith descobriu as cartinhas em minha bolsa e me proibiu de chegar perto dele, dizendo que não era de família boa e essas pessoas não estavam à minha altura. Eu acreditei. Na verdade, quando ela disse isso...Senti um aperto estranho, sabe? Queria chorar por ser proibida disso...mas não. Segurei firme e fiz uma promessa a mim mesma: O amor destruia tudo por onde passava e eu não queria ser uma vítima. Não queria ser como minhas amigas, não queria chorar por ninguém. Aquilo era humilhante, era...era...triste. Era medo mesmo. - Beatrice riu de sua tolice.-A partir daí, eu me considerava uma garota fria e inconsequente.- Sentiu as bochechas queimarem de vergonha.- Tinha treze anos e eu acreditei, depois do primeiro beijo, que podia beijar os meninos desde que nunca os repetisse, para ninguém se apaixonar por mim. Achava que era uma tática interessante. Não consegui evitar alguns meninos no meu pé, mas eu não me importava.- Respirou fundo.- Aos quatorze anos eu perdi a virgindade com o mesmo garoto das cartas, mas nunca respondi nenhuma delas. E não me pergunte, eu era muito, muito nova. Confesso que, olhando agora para trás, me arrependo de ter me entregado a isso quando podia ter aproveitado mais minha adolescência, sabe?- Seu olhar estava distante.- Mas...eu não era apenas uma má influência para minhas colegas. Eu também era muito influenciada e uma coisa leva a outra...parecia legal ter a minha idade e não ser mais virgem.- Por um segundo, Bea sentiu raiva.- Judith e Peter só descobriram meses depois, porque o maldito do Arthur contou. Não foi um mês fácil para mim.- Ela riu, se lembrando amargamente dos castigos.- Sendo assim, não, nunca passei por uma paixão não correspondida. Judith me obrigou a namorar com Edgar quando fiz dezesseis, e como eu estava em dívida por alguns segredos que ela escondia de Peter, eu aceitei. Meses depois, Joe apareceu. A única coisa que eu queria era tê-lo, uma única vez, para nunca mais, como dizia minha regra.- Bea fechou os olhos, e um lampejo de seu primeiro beijo com o cowboy nas macieiras veio rapidamente.- Foi ele quem errou, ok?- Brincou.- Joe inventou de se apaixonar por mim, e conseguiu, por algum motivo, me fazer perder o medo e me apaixonar por ele também. Ele prometeu que eu não me arrependeria.- Ao olhar para Lucien, viu que ele sorria com a história.- E, de fato... até hoje não me arrependi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]
AléatoireLivro 2 | Onde cê tá meu amor? Beatrice Coleman finalmente se rendeu ao amor de Joe Hammar e, com o propósito de ser uma pessoa melhor, está disposta a lutar por isso. Ela só não imaginava que o destino colocaria todas suas convicções à prova de tal...