💋 - - - - - CAPÍTULO VINTE E SETE - - - - - 💋

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🌟 || Outra vez? || 🌟

Raffa Duncan

Solto aquele idiota do Victor no chão do porão, deixando ele cair feito um saco de merda, com a cara toda arrebentada. E eu gostei de saber que Grego não está se envolvendo com alguém indefeso e que aceita tudo. Cássio é determinado e não leva desaforos para casa. Isso é bom. Muito bom. Pois eu realmente acreditava que ele não passava de um filhinho de papai, mimado e esnobe. Mas não. Ele se mostrou ser uma caixinha de surpresas a cada dia e até posso dizer que está se adaptando muito bem aqui no morro.

— Agora precisamos avisar ao Grego. — Murphy comenta, após prender as mãos e os pés de Victor. Eu apenas assenti, sempre me sentindo desconfortável perto dele. Prometemos não misturar nossas desavenças com o trabalho. Grego precisa da nossa ajuda sempre e não podemos ficar de birra um com o outro. Então concordamos que ao menos no trabalho iríamos nos aturar.

— Beleza, podemos ir? — Falo, já fazendo menção de sair, mas ele segurou a ponta da manga da minha camisa, me fazendo o encarar.

— Espera. Eu... quero te perguntar algo. — Fiz um sinal para ele continuar. Murphy suspirou e se aproximou de mim, hesitante. Senti minha respiração falhar por alguns segundos ao tê-lo tão perto, mas me mantive firme e indiferente por fora. Ele não precisava saber o quanto sua presença me afetava. — Raffa... É verdade que está namorando com aquele tal do Bruno? — indagou, e quase pude notar uma pontinha de mágoa em seu tom de voz, mas logo descartei essa possibilidade. Foi ele que me deu um fora.

— Murphy... antes me diga... Dependendo da resposta, vai mudar alguma coisa entre nós? — Questiono e ele desvia o olhar, enfiando as mãos no bolso da calça.

— Não... — Murmurou, quase que inaudível.

— Então não tem o porquê eu te responder. — Falo, virando às costas e seguindo para fora dali.

Eu já não aguentava mais isso. Toda vida ele me fazia esse tipo de pergunta, questiona com quem estou namorando, se já o esqueci. E tudo para quê? Para nada! Isso só me machuca cada vez mais. Sempre penso que ele quer algo, que sente alguma coisinha, nem que seja mínima, por mim. Mas não. Estou farto desse joguinho sem pé nem cabeça na qual ele criou! Por que ele faz isso comigo? Por quê?

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— Você realmente fez isso? — Amanda questionou, olhando surpresa para Cássio, que sorriu, um pouco constrangido. Afinal, ele virou o assunto do momento na comunidade depois daquela briga com o Victor.

— Pela milésima vez, Amanda... sim, eu fiz. — Diz e toma um pouco do seu refrigerante zero. Lúcio resolveu de repente reunir nosso “grupo” para comemorar. O quê, eu já não faço ideia. Mas devia ser importante. Todos estavam ali, naquela mesa de bar um tanto quanto luxuosa: Cássio, Grego, Amanda, Lúcio, os irmãos Denial e Gabriela, e... Murphy. Estava até um clima agradável. Grego e Cássio se envolvendo entre beijos e aquelas típicas brincadeiras de casal, que ao olhos dos outros parece ser bobo. Lúcio flertando com os irmãos. Amanda trocando olhares com um carinha de outra mesa... Apenas Murphy e eu estávamos quietos, às vezes chegando a bater os olhares. Era palpável a tensão entre nós dois.

— Tudo bem entre vocês? — Cássio perguntou de repente, alternando seu olhar para Murphy e eu. E em segundos, a atenção da mesa inteira estava presa em nós dois, aguardando uma resposta. Eu suspirei, nervoso e constrangido.

— Por que não estaria? — Rebato, passando garganta abaixo uma dose de tequila, tudo de uma só vez.

— Talvez porque eu acho que melhores amigos não sentam cada um em uma ponta da mesa e ficam de cara feia um para o outro? — Cássio falou, em um misto de ironia e dúvida.

— Não somos mais amigos. — Afirmo, amargo.

— Porque você não quer. — Murphy rebateu, do outro lado da mesa e chamando minha atenção. Cruzei os braços e o encarei debochado.

— Talvez porque ainda me resta um pingo de amor próprio. — Falo e ele suspira.

— Talvez porque é um cabeça dura que só pensa em si mesmo!

— Talvez porque eu penso antes de falar algo e ferir os sentimentos dos outros! Coisa que você não faz! — Altero o tom de voz. Ele se levanta bruscamente, batendo as mãos na mesa e me olhando furioso.

— VOCÊ É MUITO EGOÍSTA PARA ENTENDER QUE O QUE TIVEMOS NÃO PODE SE REPETIR! — Gritou. Me levantei, fazendo o mesmo e batendo minhas mãos na mesa, o encarando.

— ENTENDO! ENTENDO O QUANTO FUI TROUXA AO TRANSAR COM VOCÊ E DEPOIS VOCÊ CAIR FORA COMO SE EU NÃO VALESSE PORRA NENHUMA! — Um silêncio se instaurou por todo o bar, e só então percebemos que tínhamos todo o bar como plateia da nossa “dr”, e agora todos sabiam que transamos e eu levei um fora.

— Era isso que você queria? Chamar atenção? Meus parabéns! Conseguiu! — Ele reverberou, chutando a cadeira e saindo dali, indo para os fundos do bar. Eu bufei, pegando uma das garrafas de whisky e abandonando a mesa, saindo dali.

Caminhava sem rumo, sem vontade de nada, apenas de beber e esquecer por um momento que isso aconteceu. Era tarde da noite e começou uma chuva traiçoeira. Tudo ali estava sendo jogado contra mim. Me deixei cair à beira de uma estrada qualquer. Minha visão estava turva, a garrafa estava vazia e minhas lágrimas se disfarçavam com a água da chuva. Deitei no chão, não me importando com o frio absurdo ou a chuva batendo na minha cara. Naquele momento, eu realmente não me importaria com o que quer que acontecesse comigo. Eu estava confuso, perdido e triste. Agora entendo quando as pessoas diziam que amar é uma droga sem volta. Você tá fodidamente ferrado se pensar em se apaixonar por alguém e esse alguém não te corresponder da mesma maneira. Cara, é uma merda se apaixonar...

Ali, eu apaguei.

O Dono Do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora