💋 - - - - - CAPÍTULO VINTE E UM - - - - - 💋

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🌟 || Não posso me entregar || 🌟

Murphy Key

— Filho... "cof cof" Está tudo bem mesmo? Anda tão cabisbaixo ultimamente... — Minha mãe perguntou, presa naquela cama. Ela já não era a mesma desde dois anos atrás, quando foi diagnosticada com câncer no pulmão. Como não tínhamos condições de pagar o tratamento adequado na época, a doença acabou se alastrando e agora se tornou incontrolável. Nem mesmo os médicos têm mais esperança nela e isso realmente fez o mundo desabar diante dos meus olhos.

Minha mãe é tudo para mim. Foi guerreira e até passou fome para poder me alimentar e me manter vivo. Meu pai nos deixou assim que soube que ela estava grávida e isso me fez nutrir um ódio incabível por esse homem que nem sequer conheci, e desejo nunca conhecer. Pelo o que minha mãe dizia, ele só ficou com ela para conseguir pegar todos os seus bens. E conseguiu, a deixando grávida, sem um tostão no banco e na rua.

Isso perdurou até a minha pré-adolescência, até que eu conheci Grego e ele me deu esse "emprego", sem contar que nos tornamos grandes amigos. É muito bom saber que tenho alguém com quem posso contar. Mas nesse mundo, só quem me importa é a minha mãe. Queria poder sugar essa doença maldita dela e ficar preso na cama em seu lugar. Sei o quanto ela está sofrendo em silêncio, mas sempre que me vê coloca um sorriso no rosto.

— Estou bem, mãe... Só um pouco cansado. — Falo e ela sorrir fraco.

— Sabe que ainda insisto que se case com uma moça direita antes que eu morra, não é? — Diz e eu suspiro. Se ela ao menos soubesse...

— Sei, mãe... E não se preocupe com isso, okay? Apenas descanse e procure não fazer esforço. Eu preciso ir trabalhar, mas já chamei a Karol para cuidar de você. Eu te amo. — A beijo no rosto e me levanto, seguindo para a casa do Grego.

Ultimamente, minha cabeça está uma verdadeira bagunça. Ando brigado com meu melhor amigo e tudo porque não tenho a cara e a coragem para assumir o quanto eu amo ele. E por essa minha pouca experiência em relação ao amor, acabo o machucando sem perceber. Porque na real, eu nunca sei o que dizer.

Raffa acabou se tornando o meu abismo: você só pode admirar, mas nunca chegar perto. E me machuca saber que ele já tem outro com quem pode abraçar e jogar conversa fora, quando na real deveria ser comigo. Porém, não posso exigir nada dele. Eu não poderia assumir nada entre nós e muito menos deixar os outros pensarem que sequer rolou algo entre nós dois. Minha mãe está muito doente e por ela ser muito religiosa, morreria se soubesse que seu único filho já matou pessoas e ainda por cima é gay. Não. Definitivamente não. Essa mulher já fez muito por mim, e eu farei de tudo para ver ela bem e viva, comigo.

— Veio rastejando, 'bro?! — Grego me recebeu. Parecia um tanto quanto abatido. Em sua sala Raffa já estava largado no sofá tomando uma cerveja. Ele amava cerveja.

— Desculpa, tive alguns problemas em casa.

— Sem problemas. Bom, sente-se. — Apontou para o sofá onde Raffa estava. O mesmo nem sequer me olhou. E sei que ele está com a razão, por mais que eu odeie admitir. De qualquer forma, respirei fundo e sentei ao lado dele, vendo Grego pegar seu notebook e mexer em algo. — Ouçam, eu chamei vocês dois aqui porque são os únicos na qual realmente confio. Bom, lembram que estávamos suspeitando da Alice com aquelas ameaças que Cássio anda recebendo? — assentimos. Ele realmente estava disposto a encontrar quem quer que fosse essa pessoa.

— Descobriu algo? — Raffa perguntou, se ajeitando no sofá.

— Talvez. Ontem eu coloquei algumas câmeras na frente da minha casa, que filmavam a frente da casa do Cássio, como estava escuro e era muito tarde da noite, só temos a silhueta dessa pessoa. E tenho dois suspeitos principais por enquanto. — Ele virou a tela do notebook para nós, nos mostrando o exato momento em que a câmera filmou a pessoa pondo alguma coisa em frente à casa de Cássio. Tudo estava realmente escuro e difícil de ver, mas aparentemente, parecia ser um silhueta masculina.

— Hm... estou começando a achar que a Alice não tem nada haver com isso. — Raffa comentou, coçando a cabeça, confuso.

— Talvez não tenha. Mas a questão é que se um homem está fazendo tudo isso, só pode ser uma pessoa. — Grego diz, fechando o notebook e pegando dois envelopes pardos, entregando para Raffa e eu. Abrimos, vendo um cara de estatura média, cabelos ruivos e pele branca.

— Espera aí... esse não é aquele maluco que era obcecado por você? — Pergunto e Grego assente.

— Exato! Victor nunca aceitou o fato de que eu jamais me envolveria com ele. Mas por algum motivo, esse babaca começou a ter uma certa obceção por mim. E lembro vagamente que ele sempre dizia que seria capaz de qualquer coisa para me ter com ele, até mesmo eliminar quem estivesse em seu caminho.

— Isso não é amor, é demência. — Raffa comentou, desacreditado.

— Pois é. E vejam isso. — Grego nos entregou um jornal, com uma matéria principal, exibindo ele como capa. — Victor foi preso há dois anos por crime qualificado e tráfico humano, tudo isso após ele ser expulso daqui do morro por ter agredido a própria Alice, que foi o tempo em que comecei a me envolver com ela. E há algumas semanas foi noticiado que ele fugiu da cadeia, o mesmo intervalo de tempo em que Cássio começou a receber essas ameaças.

— Okay, ele é realmente louco. — Raffa comentou, balançando a cabeça em negação.

— Sim. E por hora, quero que vocês descubram o paradeiro dele. Quero que anotem tudo que ele faz, da mesma forma que fizeram com a Alice. Também quero que reforcem a segurança do morro. Ele não entraria sem permissão, então desconfio que alguém está deixando essa brecha para ele.

— Um traidor? Quem seria o louco? — Raffa questionou e Grego deu de ombros.

— Por enquanto eu não sei. Mas logo iremos descobrir, e essa pessoa que está ameaçando Cássio, como também quem está me traindo, vão sofrer as devidas consequências.

O Dono Do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora