💋 - - - - - CAPÍTULO TRINTA E DOIS - - - - - 💋

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🌟 || Um acidente ||🌟

Cássio McKinney

— Olha, papai! — Olivia me mostrou um desenho, onde tinha ela, o Simon e eu dente de uma casinha. Eu sorri, deixando um beijo em sua testa. Claro qur ouvir ela me chamar de pai ainda era estranho, mas um estranho bom. Eu me sentia bem com ela. Como se nada mais importasse. Mas falta algo. E estou ciente do que é esse algo.

— Está lindo, Oli! Vou guardar com muito carinho, tá bom? — Ela sorriu, toda boba, e assentiu. — Tá, agora vai logo ou você vai se atrasar. — Falo, arrumando a mochila dela. Minha mãe iria levá-la para passar o fim de semana na casa da amiga dela, onde a mulher também tem uma filha da mesma idade que Olivia.

— Tá bom! Tchau, papai! — Ela me deu um beijo na bochecha e saiu correndo atrás da minha mãe.

— E se comporte! — Grito para que ela ouça. Vou até a porta, observando ela ir com minha mãe, de mãozinha dada com ela e toda saltitante. Olho para frente vendo Grego saindo da casa. Seu olhar estava... indecifrável. Como antes, a primeira vez que o vi, porém, mil vezes pior.

Eu estava em uma luta interna, entre deixar meu orgulho e ir atrás dele, ou me afastar por completo e lembrar o que ele fez. Estou tão confuso.

Decidi ir atrás dele. O puxo pela manga do casado, fazendo ele parar de andar e me olhar. Seu olhar era tão frio que chegou a me arrepiar de medo e recuar um passo.

— O que você quer? — Seu tom era grave e seco. Me tratando como se eu fosse um completo estranho.

— Grego... eu...

— Anda logo. Não tenho o dia todo. — O encarei perplexo. Por que ele estava me tratando assim? Foi ele que torturou outra pessoa na minha frente. Eu que devia estar irritado.

— Eu só... nada. Não é nada. — Desisti de falar, e ele simplesmente me virou às costas e foi embora, me deixando ali, parado, como se já tivesse esquecido tudo que passamos. — Grego... — murmuro baixinho. Mas ele não me ouviu, e se me ouviu, me ignorou.

— Cássio. — Murphy e Raffa apareceram na minha frente, me olhando com um olhar de compaixão.

— O que deu nele? — Pergunto.

— Ninguém sabe. Ele acordou virado no demônio hoje. — Raffa respondeu. — Ele está chateado e triste, e como odeia demonstrar fraqueza, ele prefere agir assim, feito um “iceman”.

— Eu tentei falar com ele. Ele me tratou como se eu fosse um estranho. Mal olhou na minha cara...

— Eu sinto muito, Cássio. Mas não fique assim. Isso logo passa. Deixa ele esfriar a cabeça. Já basta o show que ele deu ontem. — Murphy consolou e eu assenti, cabisbaixo.

— Tudo bem... Talvez isso realmente não dê certo. — Saio dali, voltando para casa e me trancando no quarto, onde coloquei meu pijama e meus fones de ouvido no último volume. Deito na cama e fecho meus olhos, sentindo a melodia contagiante de Alarm - Anne Marie  preencher meus ouvidos. Eu não fazia ideia que amar, da mesma forma que podia ser extremamente bom, também podia ser igualmente doloroso.

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— CÁSSIO! FICOU SURDO, PORRA?! — Me assustei, no momento em que Lúcio invadiu meu quarto e tendo a ousadia de tirar meus fones de ouvido.

Fuck! Não se tem sossego nem na própria casa?! — Resmungo.

— Anda, se arruma. — Ele não estava pedindo, estava mandando.

— E eu posso saber para quê?

— Baile funk, meu anjo. — Volto a deitar na cama e pondo novamente meus fones de ouvido.

— Não, obrigado. Não estou com clima para festas e aquilo não faz meu estilo. — Falo e ele novamente puxa meus fones. Eu ainda vou matá-lo por interromper meu momento de ouro!

— Eu não estou perguntando o que você acha ou não. Você vai e fim de papo. Eu não me arrumei todo, vim lá da casa do cacete até aqui para ficar ouvindo você resmungar. Anda, levanta.

— Lúcio, vai pegar a Amanda e me deixa em paz. Eu estou falando sério, cara. Não estou com clima para festas.

— Vocês ainda estão brigados? — Ele perguntou, agora mais compreensivo e se sentando na beirada da cama.

— Pior. Ele resolveu me tratar como um qualquer, como um estranho. Não vou ficar correndo atrás de ninguém, e também não estou com saco para ficar ouvindo aquela gritaria no meu ouvido  e suor de gente grudando na minha pele. Prefiro ficar em casa e dormir que eu ganho muito mais. Valeu a tentativa, mas hoje eu realmente não quero. — Falo e ele suspira.

— Dessa vez passa. Então eu vou indo. Se cuida. — Ele deixou um beijo em minha bochecha e saiu. Coloquei meus fones de volta e adormeci, ao som de Nikki - Acabou. Incrível como essa musica me representou tão bem.

Acordo assustado, sendo sacudido indelicadamente por alguém. E assim que abro meus olhos, me deparo com Lúcio novamente, mas ele estava pálido e com um olhar assustado.

— Cássio, rápido, acorda! — Ele puxou meu braço, me arrastando para fora da cama. Céus, que santo baixou nesse menino hoje?!

— Hey, calma aí! O que aconteceu? — Puxo meu braço, fazendo ele me soltar.

— O Grego. Ele está em uma briga com um garoto no baile. Ele já deve ter batido em uns cinco somente esta noite. Cássio, só você vai conseguir pará-lo. — Meu peito se apertou ao ouvir isso.

— E por que eu?! Ele nem sequer quis me ouvir hoje. Não vou me humilhar novamente.

— Ele está assim por sua causa! E nem tente negar. Agora veste uma roupa e vamos logo! — Eu não tive escolhas. Coloquei uma calça moletom preta e uma camisa vinho, seguindo correndo para o baile.

A música estava insuportavelmente alta. Era notável o baixo nível que aquilo havia chegado quando me deparei com um casal no canto mais escuto transando em público e sem preocupação nenhuma. Porra, por que eu ainda dou ouvidos ao Lúcio?

Passamos entre algumas pessoas e logo aviat Grego, na área onde só a turminha dele ficava. Ele parecia possuído, agredindo um pobre garoto que já estava inconsciente. Suspirei, segui pelas escadas, subindo até lá, mas antes que eu o alcançasse, um dos seguranças me barrou.

— Só entra se for permitido. — Disse o grandão, tentando me intimidar. O puxei pela gola da camisa, o encarando seriamente.

— Se não me deixar entrar, eu garanto que te deixarei em coma em questão de segundos! — Ameaço. Ele arregalou os olhos e abriu espaço. Fui direto aonde estava Grego e tentei o puxar pelo braço. — Grego, por favor, já chega! — chamo.

— NÃO SE META! — Ele gritou, tentando voltar à briga. Vi que ele estava armado e pronto para matar aquele garoto. Eu não estava pronto psicologicamente para presenciar outra morte. E acabei entrando na frente do garoto, recebendo o tiro no lugar dele. A bala me atingiu no estômago. Caí de joelhos, as mãos cobertas de sangue e vendo por último, Grego me olhar assustado e... com medo.

— CÁSSIO! — Lúcio subiu, chorando e tentando me manter acordado enquanto mandava alguém chamar uma ambulância. Meu olhar estava preso em Grego, que permanecia parado, em choque.

— Cássio... eu... não queria... — Ele murmurou, recobrando a lucidez e se abaixando ao meu lado. Eu não tive tempo de dizer nada. Apaguei.

O Dono Do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora