💋 - - - - - CAPÍTULO TRINTA E TRÊS - - - - - 💋

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🌟 || Me perdoa || 🌟

Gregório Del Rey

Eu não podia estar mais aflito. Eu desejei ter morrido no exato momento em que vi a bala atingir Cássio. E pensar que eu o havia tratado tão mal mais cedo, me faz estar cada vez mais claro que Cássio não merece nada disso.

Entro no hospital, para onde ele foi encaminhado com urgência, mas assim que entrei, vi Lúcio correndo até mim e me surpreendendo com um soco no rosto. Eu não revidei. Eu merecia.

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! VOCÊ PROMETEU NÃO MACHUCAR ELE! SAIA JÁ DAQUI! — Gritou, chorando, enquanto Amanda e Raffa o seguravam.

— Pode me bater o quanto quiser, Lúcio. Mas eu não vou sair daqui sem antes ver ele.

— Gregório. — Ouço uma voz feminina atrás de mim. Olho para trás, vendo a mãe do Cássio. Seus olhos estavam inchados e ela me olhava em um misto de raiva e tristeza. — Eu sei que você não fez de propósito. Mas eu te peço, por favor, que não volte a se aproximar do meu filho. Não quero que ele se envolva... nessa sua vida. Eu deixei vocês se envolverem e ele agora está em um quarto de hospital entre a vida e a morte. É o meu limite, Grego. Não volte a se aproximar do meu filho, entendeu? E acho melhor... você ir embora. Não é o melhor momento para você estar aqui.

— Sinto muito, Donna. Entendo que esteja preocupada, e acredite, eu jamais iria querer fazer isso com ele. Eu o amo muito. E volto a repetir. Não vou sair daqui, sem antes vê-lo, nem que seja por um minuto. — Falo e ela suspira, passando por mim e indo para a sala de espera.

— Então você é o tal Grego? — Um homem apareceu, estava muito bem vestido e com um olhar sério.

— Sim, e quem é você?

— O pai do garoto que você atirou. — Respondeu, seco. Então era ele? Até o pai dele havia vindo para cá?

— Eu não queria, ele entrou na frente.

— Eu devia denunciá-lo às autoridades! Mas o que importa agora é a vida do meu filho! — Dito isso, ele foi até Donna, a consolando. Eu realmente estava me sentindo mal. E não esperei mais nem um segundo. Andei pelos corredores, procurando o quarto onde Cássio estava, até que o encontrei. Olhei através da janela de vidro. Ele estava desacordado, cheio de fios e um tubo respiratório. E só então eu me permiti chorar. A culpa era toda minha. Por minha causa ele estava naquela situação.

Abri a porta, notando só então o quanto eu estava tremendo. Caminhei até ele, respirando fundo e buscando ficar calmo. Pelo pouco que entendo de medicina, notei que pelas máquinas, a situação dele estava estável. Mas eu sei que pode piorar ou melhorar. Sentei com cuidado ao lado dele, pegando sua mão, mantendo uma correntinha de Nossa Senhora, que eu ganhei da minha mãe, entre nossas mãos entrelaçadas.

— Eu... não sei se você está me ouvindo. — Falo, enxugando uma lágrima que embaçava minha visão. — Mas eu quero te pedir perdão, por tudo que já te fiz. Todos devem estar me odiando nesse momento, mas a única opinião que me importa é a sua. É o que você pensa sobre mim. E, claro... eu não espero que me perdoe. Você não deve mais nem querer olhar na minha cara depois de tudo. Eu também nunca fui muito religioso, mas se existe algum Deus... por favor, não deixe o Cássio ir... — Me entrego ao choro, encostando minha testa na mão dele, e deixando um beijo em seu dorso.

Enrolo a correntinha na mão dele e me levanto, me afastando e saindo dali, o observando uma última vez pela janela. Ele não pode morrer.

Cássio McKinney

Eu não sei se eu estava vivo ou morto. Tudo em minha volta era branco: o teto, as paredes, as portas... Chegava a ser enlouquecedor.

— Ah, ele acordou! — Ouço alguém falar. Olho para o lado, e sorrio ao ver meu pai, porém, estranho ao mesmo tempo. — Que bom que está bem, filho! — disse papai, deixando um beijo em minha testa. Tento levantar, mas minha barriga dói e meu pai me força a deitar de volta. — Acalme-se, filho. Ainda precisa se recuperar.

— O-onde está o Grego? — Pergunto, olhando em volta.

— Eu o mandei embora. Ele quase te matou! — Mamãe reclamou, vindo até mim.

— Eu quero ver ele. — Peço.

— De jeito nenhum! — Papai negou. — E quando melhorar, você vai daqui direto para os Estados Unidos.

— Não... combinamos que eu terminaria minha faculdade. — Me forço a falar, quase chorando.

— Não quero saber! Eu deixei você fazer o que quisesse e olha para onde isso te levou! Para uma cama de hospital!

— Eu não quero ir! E o senhor não pode me obrigar!

— Tanto posso, como vou. Já mandei arrumar suas coisas e da Olivia. Sua mãe, como sempre, ainda teima em ficar naquela favela. — Disse e mamãe se aproximou dele.

— Pelo menos eu não sou alguém esnobe e mesquinho como você. E eu só estou concordando com isso, porque eu já percebi que lá não é lugar para Cássio.

— Parem de brigar... Eu estou bem lá. Não quero ir...

— Filho, é para o seu bem. Agora descanse, sim? — Papai falou, não me deixando mais dizer nada.

Assim que anoiteceu, não tinha mais ninguém no quarto, até porque, o médico não permitiu que meus pais ficassem aqui. Olhei para a janela, vendo que lá fora chovia. Eu queria ver ele, queria saber como ele estava. Eu sei que ele não quis fazer nada comigo. Pelo menos agora eu sei...

Puxei a intravenosa da minha mão, arrancando-a, e mesmo com meu corpo doendo e com aquela roupa ridícula de hospital, eu me forcei a andar e sair pela janela, aproveitando o fato de que eu estava no primeiro andar.

Estava frio, não, na verdade estava congelando. A chuva batia contra minha pele como pedras de gelo, mas continuei andando. Demorei, mas logo cheguei ao Morro. Segui até a casa do Grego, tocando a campainha várias vezes. Eu estava tremendo de frio, e vi que os pontos em minha barriga havia aberto.

Grego abriu a porta, e ao me ver, seus olhos se arregalaram em surpresa. Eu sorri fraco, me mantendo encostado no batente para não cair.

— Hey... não vai me convidar para entrar, amor? — Falo, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Em minha mão, eu mantinha firme a correntinha, e que eu tinha certeza que era dele, pois já o vi usando outras vezes. Acredito que foi aquilo que me deu forças para vir até aqui, até o homem que eu amo.

O Dono Do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora