Capítulo 1 - Julgamento

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"E assim, eu condeno, Catarina de Lurton..." O juíz fez uma pausa, enquanto Catarina o encarava com medo e expectativa. "... à fogueira. Mesmo não sendo uma bruxa, a ré possui o sangue de uma e, para garantir que a presença nefasta da ameaça das bruxas esteja longe de Montemor, a ré merece ser queimada para pagar por seus atos. A pena será executada em 3 meses quando todo o caso estiver devidamente registrado nos autos".

Catarina sentiu lágrimas grossas descerem por seu rosto quando ouviu sua sentença. Ouvia os gritos de comemoração vindos dos plebeus. Aqueles que um dia a veneravam, hoje comemoravam sua sentença de morte. Ela nada disse, não adiantaria de nada gritar por sua inocência na explosão da mina de Montemor ou por clemência, pois uma vez proferida a sentença, apenas um milagre a salvaria daquele destino cruel.

Catarina foi condenada por provocar, juntamente com Rodolfo, a guerra que destruiu Artena, seu reino. Disso ela era culpada, não podia fugir da responsabilidade daquilo que causou, mas a mesma pagaria por seu erro sozinha, já que Rodolfo nada sofreu. Porém, quanto a explosão da mina a mesma era inocente, mas não tinha como provar.

Precisava do testemunho do alquimista da Calaba, o homem que fabricou os explosivos, para ao menos ter uma chance durante seu julgamento, porém o mesmo havia desaparecido. Ela acreditava que Otávio, o verdadeiro culpado pela explosão, havia matado tal homem e, sendo assim, ninguém podia depor a seu favor.

Otávio tentou fazer com que Catarina se casasse com ele, porém devido a grave crise pela qual Montemor passava, que obrigou Afonso a tentar um empréstimo com o Conselho da Cália, Catarina tinha esperanças de que Afonso a pedisse em casamento, pois assim o Conselho concederia o empréstimo mais facilmente.

Porém, com raiva da recusa de Catarina ao casamento, Otávio resolveu tomar o reino de Artena à força e declarar guerra a Montemor. O resultado disso foi a morte de Otávio durante uma batalha, porém ele se certificou de que, caso morresse, Aires executaria seu plano de deixar Montemor mergulhada em uma grave crise explodindo a mina e culpando Catarina.

Catarina ainda encontrava-se parada enquanto encarava o horizonte. Seus olhos, ao mesmo tempo em que estavam vazios, expressavam dor, medo e tristeza por seu destino, porém mantinha sua postura altiva e sua cabeça erguida. Não iria se entregar por completo à humilhação que lhe fora imposta, já lhe bastava o vazio no peito e a dor por saber que apesar de tanto ter feito, nada havia conquistado.

Naquele momento, mesmo com todos a encarando, era como se ela estivesse sozinha e, de certa forma estava, sozinha com seus pensamentos. Se arrependia da guerra que causou e se arrependia mais ainda pelo sofrimento que causou em seu pai.

Após algum tempo os plebeus se dispersaram e retornaram aos seus afazeres. Não havia mais quase ninguém no pátio de Montemor, onde seu julgamento ocorrera. Restavam ali apenas o rei Augusto, que encarava sua filha com tristeza após sua condenação, Amália, por quem Catarina nutria o mais profundo ódio e, ao seu lado Afonso. Ele. O homem que Catarina tanto amou e, que do mesmo, apenas recebeu indiferença e traição.

Eles encaravam-se e Afonso tentava decifrar seu olhar, tentava descobrir um pouco do que ela pensava. Não conseguiu, mas de uma coisa ele tinha certeza, nos olhos dela todo aquele amor que outrota a mulher nutriu, agora havia virado o mais profundo ódio e desprezo por ele. E Afonso estava certo.

Após alguns minutos Afonso ordenou o fechamento do pátio e pediu para que os guardas conduzissem Catarina para o antigo quarto que a mesma ocupava quando os dois eram casados. Um aposento em frente ao dele, queria monitorá-la de perto.

Os guardas aproximaram-se para retirar as algemas de suas mãos e levá-la para dentro do castelo. Ela desceu os degraus do pequeno palco onde esteve durante o julgamento e deu alguns passos rumo ao interior do lugar. Ela passou por todos com sua postura impecável e seguiu ao local onde ficaria até o dia de sua morte.

Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, Catarina se lembrava de tudo que havia vivido enquanto era casada com Afonso. Recordou-se de todas as suas tentativas de conquistar o homem, de fazer com que ele esquecesse a maldita plebeia sonsa, porém nenhuma de suas tentativas surtiu efeito. Parecia que a cada passo que ela dava em direção a Afonso, ele dava três passos para distanciar-se dela.

Ela havia feito de tudo para que ele a amasse, para que ele a visse como esposa e não como um mero acordo comercial. Mas o que mais lhe doía o coração era saber que Afonso a odiava por achar que ela havia sido a responsável pela explosão da mina. Ela ainda lembrava de cada palavra acusatória dele quando a confrontou sobre o acontecimento, de seu olhar raivoso sobre ela.

Parou de pensar em tudo assim que estava em frente a grande porta de seu antigo quarto, o lugar onde ficaria até o dia de sua sentença. Adentrou o local ouvindo a porta ser trancada e dirigiu-se à cama.

Estava sozinha. Sua dama de companhia, Lucíola, que lhe foi fiel até o fim, estava presa na masmorra. Catarina havia ouvido falar que a mesma seria condenada a forca no mesmo dia que Catarina. Queria interceder por ela, mas a mulher disse que se tivesse de morrer por sua rainha, o faria com prazer.

Brice havia sumido há alguns dias. Após descobrir que a bruxa era sua mãe, as duas se aproximaram e Catarina passou a nutrir um sentimento maternal pela mulher. Nunca teve uma mãe ao seu lado e quando Brice apareceu, apesar do estranhamento inicial de sua parte, se permitiu ouvir a história de sua mãe e, com a proximidade entre elas, Catarina havia desenvolvido um grande amor de filha por ela.

E seu pai, bom, ela gostaria de pedir perdão por tudo que lhe fez. Jamais teria coragem de lhe tirar a vida, mas sabia que o matou um pouco o mantendo preso e, com isso, começou a aceitar sua pena. Ela sentia que merecia pagar por ter destruído seu reino e por ter causado tanta tristeza a seu pai.

E foi com esse pensamento que Catarina deitou-se, tentando, em vão, dormir um pouco, mas sabia que naquela noite o sono lhe faltaria a deixando apenas com o início de seu castigo: sua mente que não lhe permitia o descanso e a atormentaria até seu último dia.


Olá, pessoal. Essa é a minha primeira fanfic. Depois de meses do fim de Deus salve o rei, eu resolvi escrever essa história.

Vinha pensando em algo, mas não saía nada bom o suficiente, mas um dia eu estava ouvindo Rise da Katy Perry e me veio a ideia da fanfic. Essa música, pra mim, é a cara da Catarina.

A fogueira foi tenso, né? Mas vocês vão entender mais na frente porque optei por ela em vez da forca.

Aqui na fic, Catarina e Otávio não chegaram a casar e nem ela ficou grávida dele, só pra esclarecer.

Bom, é isso. Estou nervosa kkkk mas espero que gostem. Deixem suas opiniões. Continuo ou não?

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