Capítulo 41 - Eu te amo

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Alguns dias haviam se passado. Afonso e Catarina haviam se aproximado bastante para discutir sobre o casamento e isso estava deixando a todos satisfeitos. Ao povo e ao Conselho da Cália, que viam com ótimos olhos aquela nova união entre os dois. Todos estavam felizes, menos Catarina.

A angústia no coração da rainha aumentava a cada dia, pois a cada dia que se passava mais perto o dia do casamento chegava e ela sentia como se estivesse a ponto de explodir a qualquer instante.

Se sentia assustada, com medo desse novo casamento ser ainda pior que o outro. Por mais que não adimitisse nem para si mesma, a rainha, no fundo, sentia uma pontinha de esperança que tudo fosse diferente, mas diferente também podia significar algo ruim.

Catarina ainda amava Afonso. Nunca antes em sua vida um homem mexeu com ela tanto quanto ele mexia, nem mesmo Constantino, com quem viveu uma avassaladora paixão, mas o sentimento que nutria pelo rei era diferente. Era maior, era mais forte, fazia ela ainda ter esperanças e era dessa esperança que ela tinha medo, temia se machucar ainda mais.

Ela definitivamente temia que Afonso estivesse tratando-a bem apenas por pura conveniência e que mal se casassem, ele logo iria atrás da plebeia maldita novamente. Catarina tinha certeza de que seu coração não suportaria sentir de novo a mesma dor que sentiu antes. E era por isso que ela havia se fechado tanto, era medo de ser destruída novamente e de não ter mais forças para recomeçar de novo.

A data já havia sido anunciada e foi recebida com grande alegria pelo povo que via em Catarina a mulher e rainha ideal para Afonso. Já se via o clima de festa se espalhar pelas vilas e casas e todos estavam ansiosos para a chegada do grande dia.

Afonso estava feliz por estar casando-se com Catarina, mas ao mesmo tempo triste por saber que ela só o estava fazendo para conseguir o empréstimo com o Conselho. Isso o fazia relembrar do primeiro casamento dos dois, das inúmeras vezes em que rechaçou qualquer mínima tentativa de aproximação por parte dela, das outras tantas em que tratou-a com frieza.

Hoje era ele quem estava no lugar dela, era ele que tentava se aproximar, mas era rejeitado. Os dois tratavam apenas de assuntos sobre o casamento e os reinos e ele sabia que quando partia dela a aproximação era apenas para que perante todos, os dois fossem convincentes como casal.

E agora Afonso sabia o quanto Catarina saiu machucada da primeira vez, afinal era sua vez de sentir na pele tudo que ela sentiu, mas assim como ela teve antes, o rei tinha esperanças, pois sabia que Catarina ainda o amava, só estava machucada demais para abrir seu coração novamente e ele estava decidido a lutar pelos dois juntos.

Em seu quarto, Catarina estava em mais uma prova de seu vestido. O mesmo seria branco, com detalhes dourados, com mangas longas com uma espécie de capa nas mesmas e com uma estrutura que moldava perfeitamente a fina cintura da rainha. Era absurdamente lindo, imponente e poderoso tanto quanto quem usaria.

- Está esplêndido, majestade. Parece que foi esculpido pelas mãos de anjos. - Lucíola disse admirando a rainha, que forçou um sorriso.

- É realmente muito bonito. - Catarina disse descendo de um pequeno pedestal onde estava durante a prova e colocou-se diante do espelho. - Uma pena que um vestido assim, tão belo, esteja sendo feito para a realização de mais um acordo comercial. Sinceramente, as vezes tenho vontade de sair correndo, de fugir de tudo isso, de ir para longe e nunca mais dar notícias, simplesmente sumir.

- Se me permite o comentário, majestade, creio que dessa vez tudo pode ser diferente. Todos comentam sobre como o rei Afonso parece diferente em relação a senhora. Parece olhá-la com outros olhos. - Lucíola disse e Catarina sorriu triste.

- Eu não consigo mais acreditar em nada. Você sabe bem como sofri com tudo que aconteceu. As tentativas frustradas de aproximação, a fracassada noite de nupcias, as noites e noites perdidas na sala de jantar que passei aguardando por ele, feito uma imbecil, enquanto ele estava lá naquela maldita cabana rolando nos lençóis com aquela plebeia rameira. Meu Deus, Lucíola, uma simples tentativa de conversar e logo era repelida como se eu tivesse a mais contagiosa das doenças. - Catarina disse sentando-se na cama e começando a tirar o vestido de noiva que lhe pareceu extremamente sufocante naquele momento.

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