Capítulo 33 - Destinos traçados

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Havia se passado um dia após toda aquela discussão. Afonso havia dormido separado de Amália, ele em seus aposentos e ela em outro lugar. O rei esperava que toda aquela situação logo tivesse um fim, pois não queria e nem iria mais adiar o inadiável.

Afonso quase não havia dormido na última noite. Sua mente refletindo sobre suas ações nos últimos tempos. Como ele teve a coragem de abdicar do trono de Montemor por causa de uma mulher? Como, em sã consciência, ele achou que aquilo era uma boa decisão? Como esteve tão cego ao ponto de achar que aquilo era o mais correto?

Era nesses momentos que ele lembrava das palavras de Catarina sempre lhe mostrando a verdade. Ela lhe dizia, sem hesitar nem por um instante, tudo que ele precisava ouvir, ainda que isso custasse para ele mesmo admitir.

Lembrava perfeitamente do dia em que, no baile, Selena revelou a inocência de Catarina a respeito da explosão da mina. Lembrava-se de cada palavra da agora rainha de Artena quando os dois tiveram um momento a sós para conversar, de como ela lhe disse que ele não era ninguém para dizer que ela destruiu Artena, pois ele também o fez em seu reino.

Ele a admirava por sua força, por sua coragem, por assumir seus erros e, por mais que isso, por lutar para consertá-los. O homem se perguntava como tudo seria daquele ponto para a frente. Não amava mais Amália e sim Catarina, não iria mais casar com uma, mas se perguntava se um dia a outra lhe perdoaria e lhe daria uma chance.

E era aí que, mais uma vez, o arrependimento lhe dava mais um soco na cara. Ele teve a chance de conhecer a Catarina mulher enquanto estiveram juntos, porém fez questão de afastá-la de si em prol de um "amor" que nem mais existia. Ele admitia que merecia cada coisa que estava dando errado em sua vida, nada mais eram que consequência de seus péssimos atos.

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Catarina estava em seus aposentos planejando sua próxima viagem à Artena. Diante dos últimos acontecimentos, ela precisava se afastar daquele ambiente ou logo enlouqueceria. Sem contar que ela sentia falta de sua terra e precisava ver como tudo estava se seguindo por lá.

Ela sentia que sua cabeça estava a ponto de explodir. Eram os problemas de seu reino lhe roubando o sono e agora para completar a confusão em seus sentimentos por Afonso, ainda mais depois do beijo entre eles.

Catarina se sentia estranha após aquele beijo. Parte dela havia amado ser beijada pelo homem que amava, mas parte temia ser mais uma brincadeira de péssimo gosto de Afonso. Ela precisava partir o quanto antes e esperava que os dias longe de Montemor lhe clareassem mais as ideias.

A rainha estava preocupada com seu reino e temia o que encontraria quando lá retornasse. Recebera notícias de que as plantações seguiam bem, mas boa parte fora perdida com o ataque dos insetos e, dessa parte perdida, nada poderia ser reaproveitado.

A reconstrução das casas também se seguia em um bom ritmo. Várias já estavam praticamente prontas para receber seus moradores. Catarina sentia seu coração se encher de felicidade e esperança ao imaginar que logo tudo estaria em ordem e ela e seu povo retornariam ao seu lugar.

Retornar à Artena era seu sonho e ela não via a hora de finalmente partir definitivamente para seu lar, ainda que isso significasse deixar seu amor para trás. Ela precisava manter os pés no chão, não era mais hora de agir feito uma menina boba. Pensava que o melhor era mesmo esquecer que um dia amou Afonso e que logo seu coração se abriria para outro amor. Ou ao menos era isso que ela tentava se convencer.

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Catarina estava em seus aposentos apenas organizando os últimos preparativos para partir em direção à Artena. Ela estava distraída em seus pensamentos quando Lucíola anunciou que tudo estava pronto apenas aguardando a autorização da rainha para que pudessem partir.

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