Catarina estava em seus aposentos, havia tido uma péssima noite de sono. Ainda pensava na discussão que tivera com Afonso no dia anterior. Se odiava por não conseguir realmente odiar aquele homem como gostaria. Na verdade, não sabia mais qual o verdadeiro sentimento que nutria por ele. Não sabia se era raiva, mágoa ou o que quer que fosse, mas o que mais odiava era que não havia conseguido arrancar completamente de si os sentimentos que um dia nutriu por ele.
Ela estava sozinha com seus pensamentos quando Lucíola apareceu com uma carta endereçada à ela. Catarina sentiu um alívio achando que finalmente seu pai lhe mandava notícias, mas ao ler o conteúdo da carta seu alívio deu lugar ao desespero.
A letra não era de seu pai, mas sim da rainha Gertrudes e seu conteúdo não podia ser pior. Nela a rainha escreveu que o rei Augusto havia sofrido uma piora em sua saúde. Sua tosse havia aumentado, ele espirrava o tempo todo e agora seu corpo ardia em febre. A carta também dizia que ele queria ver sua filha o quanto antes.
Catarina terminou de ler a tudo aquilo trêmula. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Aquilo que ela mais temia iria acontecer, seu pai não ia resistir àquela maldita doença que já havia vitimado tantas pessoas.
Não pensou duas vezes e pediu para que Lucíola arrumasse uma pequena bagagem e que providenciasse uma carruagem para que fosse à Alfambres. Catarina andava de um lado para o outro enquanto chorava.
Passada aproximadamente uma hora, que para Catarina pareciam dias, Lucíola retornou avisando que tudo estava pronta. As duas saíram apressadas do quarto e dirigiram-se até o pátio.
Afonso, que havia ouvido toda a movimentação, correu até o pátio onde Catarina estava. Ele nem mesmo se preocupou com Amália o questionando sobre o porque de ele estar saindo tão apressado de seus aposentos. Ela não teve outra alternativa a não ser seguí-lo.
- Catarina. - Afonso gritou quando ela estava quase subindo na carruagem. Ela se virou de frente para ele. O rei percebeu seus olhos vermelhos e levemente inchados indicando que havia chorado. - O que aconteceu? Porque está saindo? Aconteceu algo?
- A rainha Gertrudes me enviou uma carta. Disse que o estado de saúde do meu pai se agravou e que ele pede urgentemente minha presença em Alfambres. - Ela falou e ele ficou preocupado.
- Porque não me avisou antes? Eu poderia ter pedido que lhe preparassem tudo com mais calma. - Ele disse e surpreendeu-se com um pequeno sorriso vindo dela. Era o primeiro sorriso sem ironia que ela lhe dava.
- Recebi a carta há pouco mais de uma hora, por isso a pressa. - Ela falou e ele assentiu. - Se me permite, preciso partir.
- Claro. Por favor, tente me manter informado. Como Montemor e Alfambres são próximos, creio que suas cartas não devem demorar. - Ele falou e ela assentiu. Sem pensar, Afonso segurou suas mãos e as apertou levemente. Tal gesto surpreendeu a ele mesmo, a Catarina e a Amália, que observou a cena com um olhar de descrença.
Catarina subiu na carruagem e se foi. Afonso ficou observando o veículo se deslocando até perdê-lo de vista. Amália observava Afonso, notou que nos últimos tempos ele se mostrava mais atento aos passos de Catarina, que falava bastante dela. Não estava gostando daquilo.
- O que aconteceu? - Ela questionou andando atrás dele.
- O rei Augusto piorou em seu estado de saúde. Por isso Catarina saiu tão apressada, ela está preocupada com o pai. Notei que ela chorou. Seus olhos estavam vermelhos. - Ele falou sem perceber que estava demonstrando preocupação por Catarina, mas isso não passou despercebido por Amália.
- Afonso, ultimamente você anda falando muito dela, se preocupando demais. - Amália falou e Afonso parou de andar repentinamente e se virou para ela.

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Rise
FanfictieO fogo se aproximava cada vez mais dos pés de Catarina e ela ficou completamente desesperada tentando em vão se afastar. Ela começava a fazer força para tentar se soltar daquelas amarras, mas elas nem se moviam. Suas lágrimas aumentaram, sua respira...