Capítulo 36 - Alfambres

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A longa e cansativa viagem para o reino de Alfambres finalmente chegou ao fim. Após muitas horas e paradas no caminho, Afonso e Catarina chegaram ao castelo pertencente aos reis Heitor e Gertrudes, que aguardavam a presença do rei e da rainha.

Estar naquele castelo trazia muitas lembranças para a rainha de Artena. Ela parecia reviver o dia em que viajou às pressas devido a morte de seu pai.

Um frio percorria sua espinha quando lembrava-se com exatidão da cena terrível de Augusto deitado em uma cama, visivelmente abatido e de quando ele se foi para sempre. Aquilo ainda mexia fortemente com Catarina, pois era simplesmente impossível esquecer a morte de seu pai.

E também havia outra coisa impossível de ser esquecida, que foi a viagem de lua de mel quando ela e Afonso eram casados. Gertrudes preparou um dos melhores quartos de seu castelo para os recém casados e Catarina tinha esperanças de que o conforto e o clima envolvente da intimidade daquele cômodo fizessem Afonso enxergá-la como mulher.

Mas aquela noite que ela tanto planejou para os dois só serviu para contabilizar mais uma decepção para sua conta. Quanto mais Catarina lembrava-se daquela noite mais triste ela ficava.

Na carruagem que se seguia logo a frente da sua, Afonso também recordava aquela noite. Lembrava-se exatamente de Catarina surgindo em sua frente com aquela camisola vermelha perfeitamente moldada em seu belo corpo, tão linda e tão sedutora, mas que ele rejeitou como se a mulher tivesse uma doença contagiosa. Se hoje Catarina ainda o rechaçava em suas tentativas de aproximação, ele não podia culpar ninguém além de si mesmo.

Aliás, algo que a rainha o havia ensinado era a admitir seus próprios erros. Esse era um defeito gigante que Afonso possuía e agora ele sabia disso. Ele sempre achava que estava certo em absolutamente tudo e Catarina o fez ver que nem sempre ele estava correto em tudo e, mais que isso, o fez aprender a reconhecer seus erros e buscar consertá-los.

As carruagens estacionaram e os criados carregavam as bagagens para o interior do castelo. A rainha Gertrudes já os esperava. Afonso e Catarina foram até ela.

- Majestades. - Ela os cumprimentou. - Estava aguardando vossas chegadas.

- Rainha, é sempre um prazer revê-la e estar em Alfambres. - Catarina disse e ela sorriu a abraçando. - Apesar das outras circunstâncias em que estive aqui, tenho esperanças de que agora tudo será diferente. - Catarina falou e Afonso sabia que, apesar de ela também se referir a morte de seu pai, ela também se referia a noite de núpcias fracassada quando casaram-se.

- Tenho certeza que sim, minha menina. Se depender de mim, bons ventos soprarão em vosso caminho. - Gertrudes disse e a rainha sorriu. Ela, então, virou sua atenção para Afonso. - Afonso, meu querido, como está?

- Vou bem, majestade. Assim como Catarina, espero que nossa viagem seja exitosa e também é sempre bom revê-la. - Ele disse e a rainha sorriu e colocou-se entre os dois guiando-os para o interior do castelo.

- Venham, entrem, por favor. Devem estar cansados, sei o quanto as estradas são cansativas. Vossos aposentos já estão preparados para que se instalem e descansem. - Ela disse e os três entraram enquanto conversavam.

A rainha de Alfambres notava o jeito como agora Afonso olhava para Catarina. Era um misto de sentimentos, de admiração, um certo arrependimento e até mesmo amor. Ela sabia reconhecer a distância um olhar apaixonado e o olhar que o rei dirigia a rainha certamente se encaixava nisso. E ela sabia que com Catarina, apesar de tentar demonstrar o contrário, o mesmo acontecia.

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Catarina estava apreensiva e extremamente nervosa a medida em que as horas se passavam. Ela simplesmente não conseguia parar de pensar na reunião com o Conselho que aconteceria no dia seguinte.

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