Horas se passaram, mas Catarina não saia de perto de seu pai. Ela permanecia abraçada a ele se agarrando a uma falsa esperança de que ele iria acordar, de que tudo aquilo não passava de um pesadelo. Mas quando ela olhava para o seu rosto inexpressivo e seu corpo paralisado sabia que tudo era verdade, que seu pai havia ido embora e, dessa vez, para sempre.
A rainha Gertrudes bateu na porta do quarto e logo em seguida entrou. Seu coração partiu ao ver Catarina deitada e abraçada a seu pai e não pode segurar às lágrimas. Era triste demais ver a princesa naquele estado e ver Augusto, seu velho amigo, sem vida sob a cama.
- Catarina. - Ela aproximou-se da princesa. - Sinto muito. Fizemos tudo que era possível para a doença cessar, mas não tivemos êxito. Como se sente?
- Acabada. Destruída. - Catarina falou sentando-se na cama e colocou a cabeça entre as mãos. Gertrudes sentou-se a seu lado e a abraçou. Catarina retribuiu o abraço.
- Posso pedir para que lhe preparem um chá para deixá-la mais calma. - Catarina sorriu fraca e negou com a cabeça.
- Agradeço, mas agora não conseguiria ingerir nem mesmo água. Minha mente está uma confusão. - Olhou para seu pai deitado e seus olhos encheram de lágrimas. - Daria tudo para ir no lugar dele.
- Sei como se sente. Me senti assim quando meus pais se forem. - Gertrudes lhe disse. - O tempo acalmará seu coração, Catarina. Deus lhe confortará.
As duas se abraçaram. Aquele abraço a confortou um pouco mais, mas ainda sentia a dor dilacerar sua alma. Gertrudes saiu deixando Catarina a sós. Sabia que a princesa precisaria daquele momento sozinha. Iria começar a resolver o que fosse preciso para a cerimônia de funeral do rei Augusto, ela sabia que naquele momento Catarina não teria cabeça para esse assunto.
Mal a rainha saiu do quarto e Catarina se abraçou novamente a seu pai. Vê-lo ali deitado lhe dava a ilusão de que ele acordaria a qualquer momento, mas no fundo sabia que aquilo não aconteceria.
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Em Montemor, Afonso estava preocupado. Catarina ainda não lhe havia enviado nenhuma carta, nem mesmo um bilhete, absolutamente nada. Durante aqueles dias sem sua presença no castelo ele achou que conseguiria tirá-la da mente, mas na verdade o contrário aconteceu. Não parava de pensar na princesa.
Sua cabeça estava cheia. Eram os problemas do reino para resolver, a dúvida crescente sobre Catarina ser ou não inocente, os olhares desconfiados de Amália quando ele, sem perceber, falava de Catarina. Amália. Ele nem mesmo tinha mais tanta certeza assim sobre seu amor por ela. Algo havia mudado e ele não sabia o que era, só sabia que não tinha mais absoluta certeza de que a amava.
Ele estava sozinho na biblioteca do castelo quando seus pensamentos foram interrompidos por Gregório.
- Majestade. - Gregório fez uma reverência. - Perdoe entrar assim, mas acaba de chegar uma carta do reino de Alfambres enviada pela rainha Gertrudes. Creio que são notícias a respeito do rei Augusto.
Afonso levantou da cadeira em um pulo. Gregório lhe entregou o papel e ele rapidamente começou a ler.
A carta dizia que o rei Augusto havia falecido e que seria dado início a sua cerimônia fúnebre. Seria feito um velório em Alfambres, onde alguns reis seriam recepcionados e, depois, o corpo do rei seguiria para Montemor onde seria sepultado, já que este reino era o mais próximo de sua terra natal. A rainha Gertrudes lhe pediu para que o castelo estivesse devidamente preparado para receber a cerimônia.
Afonso ficou paralisado. Não podia imaginar a dor que Catarina estava sentindo. Ele já havia perdido os pais quando criança e também sua avó, a rainha Crisélia, que lhe foi como uma mãe pois foi ela quem cuidou dele e educou durante praticamente toda sua vida.
Pediu para que tudo fosse providenciado o mais rápido possível para recepcionar os monarcas e para receber o corpo do rei Augusto.
Ficou sozinho novamente na biblioteca e mais uma vez seu pensamento voou para Catarina. Por mais estranho que parecesse, ele gostaria de poder abraçar e confortar a princesa. Sabia que a dor que ela sentia no momento era dilacerante e ele apenas gostaria de lhe ajudar a superar aquele terrível momento.
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Olá, meus amores. E aí, o que acharam do capítulo? Como o de hoje foi pequeno, não demorarei a postar o próximo pra compensar.
Alguma dúvida que os sentimentos do Afonso em relação a Catarina estão mudando? Hahaha.
Não esqueçam de deixar a estrelinha e de dizer o que acharam.
Beijos e até o próximo ❤❤❤
Ps: próximo capítulo teremos um momento afonsarina.
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Rise
FanfictionO fogo se aproximava cada vez mais dos pés de Catarina e ela ficou completamente desesperada tentando em vão se afastar. Ela começava a fazer força para tentar se soltar daquelas amarras, mas elas nem se moviam. Suas lágrimas aumentaram, sua respira...