Capítulo 26 - Sentimentos

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Os primeiros passos rumo a reconstrução de Artena começavam a ser dados. Catarina iniciou mandando limpar os destroços das ruas.

Seu acordo com os prisioneiros fora um sucesso. Ela escolheu os mais jovens e fortes e com crimes menos graves, como pequenos roubos, para o trabalho. A eles ofereceu assistência às suas famílias e que seus crimes fossem perdoados pela coroa. Todos aceitaram de bom grado.

A limpeza já havia começado há alguns dias. Demorou bastante, visto que o estrago fora grande. Apenas algumas coisas foram reaproveitadas e seriam utilizadas para reconstruir as casas.

A rainha vistoriava tudo de perto. Ela havia construído, com as próprias mãos, uma espécie de acampamento para si mesma. Ela, definitivamente, não se importava em estar em um lugar tão simples. Se isso significava acompanhar seu reino crescendo novamente, ela até dormiria ao relento.

As ruas já estavam limpas e algumas casas já começavam a ser reconstruídas e em breve o castelo também começaria a ser reerguido. Catarina sabia que aquilo não era nem metade do desafio que viria a sua frente, que ela ainda se veria diante de muitas lutas, mas ela sentia uma felicidade sem tamanho a invadir quando via, aos poucos, as ruínas virando vida novamente.

Se perguntava o quão feliz estaria seu pai ao ver Artena progredindo novamente. Sentia um aperto no peito ao lembrar dele, além do arrependimento que parecia nunca querer deixá-la, mas também tentava focar nos bons momentos que tiveram e em tudo que ele a ensinou.

O trabalho se seguia a todo vapor. Catarina tinha esperanças de que retornaria ao seu reino o mais rápido possível. Ela imaginava como seria seu reinado. Imaginava-se uma rainha forte e respeitada, reinando sob uma Artena próspera e soberana. Pretendia levar seu reino ao máximo da glória. Realizaria seu sonho de fazer Artena conhecer toda sua força.

Mas ela também não podia evitar o pensamento de que também seria uma rainha solitária. Se perguntava se um dia seu amor por Afonso morreria, se um dia seu coração se permitiria amar um outro homem.

Odiava sua mente que a levava a imaginar  a vida com o rei de Montemor. Idealizava imagens dos dois juntos em meio a sorrisos e carinhos, imaginava-se carregando no ventre o fruto do amor dos dois, imaginava o castelo cheio de crianças sorrindo e correndo. Mas logo ela retornava a realidade quando encarava sua imagem no espelho e se conformava com a ideia de que ele jamais a amaria, de que era com a maldita plebeia com quem ele se casaria.

Catarina desistiu. Simplesmente desistiu. Era hora de encarar a realidade e parar de alimentar ilusões que só a faziam sofrer. Um dos motivos que a faziam querer focar na reconstrução de Artena era pra manter sua mente ocupada e para que logo pudesse voltar para casa. Tinha esperanças de que com a cabeça focada no reino e morando novamente em Artena ela finalmente esqueceria Afonso.

Em Montemor, Afonso também dava início ao processo de reabertura da mina. Assim como Catarina, ele também já havia mandado reorganizar o local que ainda estava uma enorme bagunça de destroços após a explosão.

Já haviam chegado em Montemor os novos equipamentos de trabalho dos mineiros. Os homens já estavam prontos para iniciar os trabalhos, esperavam apenas pelas ordens do rei.

A agricultura e pecuária também caminhavam bem. Parte da produção já fora comercializada e os cofres do reino estavam bem mais aquecidos. Logo a mina seria reaberta e quando o minério produzido fosse comercializado a situação do reino melhoraria muito.

Afonso estava feliz em ver que seu reino, aos poucos, saia da grave crise na qual estava mergulhado há tanto tempo. Tinha esperanças de que logo tudo voltaria ao normal e dias bem melhores viriam.

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