Capítulo 38 - Surpresas

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Alguns dias se passaram após a tensa reunião de Afonso e Catarina com o Conselho da Cália. A rainha ainda estava inconformada com o que ocorreu e não conseguia engolir a derrota. Ela tentou novamente uma nova reunião com os reis e rainhas, mas saiu novamente frustrada.
 
Já Afonso evitou um pouco conversar com ela, mas não por querê-la longe ou algo do tipo, mas sim porque seguia amadurecendo a ideia de os dois unirem-se novamente em prol de seus reinos. Mas ele sabia que dessa vez havia muito mais que um acordo entre reinos envolvidos, mas uma segunda chance de consertar os erros do passado.

Porém, ele sabia que precisaria logo apresentar seus pensamentos a Catarina e ele temia sua reação. Temia que ela se afastasse, que o rejeitasse e, pior que isso, que fosse embora de uma vez por todas e ele não queria isso.

Passava horas pensando em como iria falar com Catarina e decidiu que seria melhor fazer isso quando estivessem de volta a Montemor. Queria também falar com Gregório antes de tomar sua decisão definitivamente.

Afonso estava em uma batalha interna. Ele temia que tudo desse errado, que Catarina não aceitasse sua proposta, que caso aceitasse, ela o rejeitasse ainda mais. Ele sabia que era algo arriscado, mas também não conseguia não ver naquilo sua grande chance de reconquistar a mulher.

Não conseguia conter o sorriso em imaginar que um dia Catarina o perdoaria e o diria que o amava. Ele lembrava-se do dia em que, oscilando entre momentos de lucidez e delírio, enquanto sofria com a peste, ela disse que o amava. Aquilo jamais saiu de sua mente e só Afonso sabia o que seria capaz de fazer para ouvir Catarina dizer que o ama novamente.

O que o rei de Montemor não sabia era que Catarina, por mais que já tivesse se praguejado ao máximo, chegou a cogitar uma nova união por casamento com Afonso, mas não queria isso novamente. Precisava pensar em outra alternativa, em outro meio que a fizesse fugir daquilo.

Desde que tudo ocorreu, ela estava evitando uma conversa com o homem, mas sabia que não poderia fugir de Afonso para sempre, eles precisariam se encarar em algum momento e ela temia a chegada dessa hora.
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Era início de tarde em Alfambres e Afonso e Catarina estavam preparando-se para retornarem a Montemor. Suas bagagens já estavam praticamente prontas, faltando apenas algumas coisas para enfim fazerem o caminho de volta.

Afonso estava em seus aposentos quando ouviu batidas na porta e ao abrí-la deparou-se com a rainha Gertrudes.

- Posso entrar? - Ela perguntou e o rei sorriu abrindo passagem para ela.

- Claro, majestade. - Ele disse e a mulher adentrou o cômodo. - Aconteceu algo, majestade?

- Não, meu querido, está tudo bem. Vim apenas conferir se estão sendo bem servidos. - Gertrudes inventou uma desculpa, rindo de si mesma de sua justificativa boba.

- Sim, não se preocupe, vossos servos são sempre muito gentis e prestativos. - Afonso disse e sorriu. A rainha o analisou e podia ver ums certa confusão em seu olhar, um misto de sentimentos.

- Noto que parece um tanto cansado, com um olhar disperso. - A rainha disse e Afonso sorriu com a capacidade de Gertrudes de sempre ver o interior das pessoas. - Sei que a negativa do empréstimo o afetou bastante, assim como a Catarina, mas não é apenas isso que está deixando sua mente dispersa.

- Não tem como esconder meus sentimentos, sempre me surpreendo com vossa capacidade de ler a alma das pessoas. - Ele disse e Gertrudes sorriu. Os dois sentaram-se lado a lado na cama. - Foi um grande baque para mim e para Catarina a negativa do empréstimo, tínhamos muita esperança de saírmos vitoriosos. Majestade, nossa proposta era muito boa e me pergunto até hoje o motivo da negativa.

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