Capítulo 21 - Baile parte 3

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Amália entrou furiosa no quarto com Afonso. Ele caminhava automaticamente, como se algo o empurrasse, pois sua mente definitivamente estava muito longe. Ele estava ali apenas de corpo presente.

- Afonso, você ouviu o que eu dizia? - Ela perguntou irritada.

- Perdoe-me. Confesso que não prestei atenção. Minha mente está uma bagunça tentando processar todas essas informações. Foi um dia muito intenso. - Ele disse indo em direção a uma mesinha e tirando a coroa de Montemor de sua cabeça. O artefato naquele momento parecia extremamente pesado.

- Catarina vai transformar nossas vidas em um inferno. Você ouviu o que ela falou? Que vai atrapalhar nosso casamento. - Amália dizia andando impaciente pelo quarto, mas Afonso parecia nem ouvir, o que a irritou mais ainda. - Afonso, me escuta. - Ela disse e agora foi a vez dele de ficar impaciente.

- Amália, eu não estou com cabeça para discussão agora. - Ele disse sentando-se na cama colocando a cabeça entre as mãos.

- Não acredito nisso. Catarina fala que vai atrapalhar nosso casamento, que vai manipular o Conselho da Cália para que desaprovem mais ainda a nossa união e você me diz que simplesmente não está com cabeça. - Ela diz indignada.

Afonso respira fundo. Definitivamente não estava com cabeça para nada, muito menos para discussões.

- Acalme-se. Catarina deve ter dito aquilo apenas no calor do momento. Se tem uma coisa que ela não é, é impulsiva. Ela não tomará nenhuma atitude sem antes pensar. - Ele disse tentando convencer mais a si mesmo do que a ruiva.

O que mais o preocupava no momento não era nem o fato de que Catarina realmente poderia influenciar o Conselho da Cália contra seu casamento com Amália, pois nem ele mesmo tinha mais tanta certeza de que queria levar tal união adiante, mas o que o preocupava era a questão da água, da ameaça de Catarina de cortar o fornecimento.

- Selena não podia ter feito isso. Não podia ter mexido nessa história. - Ela falou e Afonso não acreditou no que ouviu.

- Como? - Ele perguntou incrédulo.

- Não havia necessidade de levar essa história até o fim. De todo modo, Catarina não será mais punida, visto que o bispo cancelou a condenação após a chuva. Assim, ela não será condenada. - Ela disse. Afonso, definitivamente, não acreditava no que ouvia. "Pra onde foi a Amália justa que um dia eu conheci? Ou que achei que conheci? Onde estava aquela Amália que era justa até com aqueles que foram injustos com ela?", ele pensou.

- Selena tinha total direito de investigar. Se ela e Catarina conversaram após a morte do rei Augusto e se Selena teve dúvidas quanto a culpa ou inocência de Catarina, me diz por qual razão ela não investigaria? - Ele perguntou com uma expressão séria. - Me diz, Amália, no fundo você queria que a condenação de Catarina tivesse acontecido? - Quando ele questionou a ruiva ficou sem palavras.

Afonso estava incrédulo. Aquela nem de longe parecia a Amália que um dia ele conheceu e sentiu aquela paixão arrebatadora. Sempre teve em sua mente a imagem de uma Amália cheia de senso de justiça, mas ali em sua frente via apenas uma mulher rancorosa e vingativa, características essas que, aliás, ela tanto julgava em Catarina.

- Não, meu amor, me ouve. - Ela sentou-se de frente para ele e segurou sua mão. - A convivência com Catarina aqui dentro desse castelo será impossível. Ela tem que arrumar outro lugar para ficar, mande-a para o palácio de inverno como ia fazer da outra vez.-  Ela disse.

- Eu não ouvi isso. - Afonso disse se levantando e ficou de costas para ela. Respirou fundo e virou-se novamente para encará-la. - Catarina não sairá desse castelo a menos que ela mesma queira fazer isso.

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