Capítulo 5 - Palavras cortantes

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O tempo passava rapidamente em Montemor, mas se passava lentamente para Catarina. Agora ela se sentia mais feliz por ter recebido o perdão de seu pai. Ele e sua mãe eram os únicos que acreditavam quando ela dizia não ter sido a responsável pela explosão da mina.

Augusto já conhecia o rei Otávio há tempos. Sabia que o homem era totalmente inescrupuloso e não media esforços para ter o que queria, mas se um desejo seu fosse recusado ele faria o possível e o impossível para prejudicar àqueles que o contrariaram.

Porém, haviam algumas pessoas que não acreditavam nas palavras de Catarina e entre elas estava Afonso. "Só pode ser mais uma mentira de Catarina", ele pensava, afinal ele sabia dos sentimentos da mulher em relação a ele e sabia que uma aliança entre Montemor e Artena seria de grande proveito para os reinos. E isso poderia explicar porque ela teve a ideia de realizar a explosão.

Faltava um mês para a condenação de Catarina e desde que ela foi julgada, o rei de Montemor ainda não havia ido falar com ela, mas iria fazê-lo hoje.

Afonso chegou ao quarto de Catarina e a encontrou debruçada na janela observando o movimento das ruas. "Continua absurdamente linda, mesmo com roupas tão simples", ele pensou, mas logo tratou de afastar esses pensamentos de sua mente.

- Catarina. - Ele a chamou e ela virou-se lentamente para encará-lo. O olhar que ela o direcionou era de pura indiferença.

- Afonso, querido, quanto tempo. A que devo a honra da sua gloriosa visita? - Catarina perguntou com a voz carregada de deboche, o que fez Afonso revirar os olhos, mas preferiu ignorar a provocação.

- Vim avisá-la que falta um mês para que você cumpra sua pena. - Ele falou e Catarina começou a rir, deixando Afonso confuso. - O que é tão engraçado, Catarina?

- Você é um péssimo mentiroso, sei que não veio apenas avisar isso, mas não é só em mentir que é péssimo. Como rei também é. - Catarina disse ainda rindo e Afonso fechou a cara. - Os boatos que correm por aí é de que você e sua plebeia sonsa viraram chacota através de desenhos. Francamente, Afonso, não consegue o respeito nem de seu povo.

- Nada disso estaria acontecendo se você não tivesse mandado explodir a mina. Toda essa crise pela qual Montemor está passando é culpa sua, culpa do que você fez. - Afonso falava quase gritando. - Assume de uma vez, Catarina, a quem você acha que engana sustentando a ideia de que não foi você a causadora disso? - Ele falou vermelho de raiva e ela sorriu debochada, o que o deixou mais irado ainda.

- Não fui eu a causadora daquela explosão, mas não importa o quanto eu repita, ninguém acredita em mim. - Catarina disse e se aproximou de Afonso o encarando, fazendo ele dar um passo pra trás. - Mas sabe que as vezes eu adoraria ter tido aquela ideia no lugar de Otávio. É impagável olhar pra sua cara de derrota, ver o seu conto de fadas com aquela mulherzinha nojenta indo pelos ares igual a mina foi.

Catarina falou aquilo em meio a um sorriso debochado e Afonso sentiu uma raiva descomunal da mulher a sua frente. Pra falar a verdade ela falou aquelas palavras apenas pelo prazer de ver Afonso com raiva, pois nunca havia se passado por sua mente aquela ideia tida por Otávio de explodir a mina.

- ASSUME LOGO DE UMA VEZ O QUE VOCÊ FEZ. - Afonso gritou, mas Catarina manteve sua expressão impassível.

- Baixe o tom pra falar comigo. Eu ainda sou a princesa de Artena. - Ela disse com toda a calma de mundo. - Comigo as pessoas se resolvem falando e não dando coices.

- Eu te dei uma última chance para dizer a verdade, Catarina, mas você prefere continuar mentindo. - Afonso disse e ela voltou a encará-lo e dessa vez com uma expressão mais séria. - Não sei como pude passar tanto tempo casado com você. - Ele falou e ela o encarou com ódio.

- É a mesma pergunta que me faço. - Catarina disse seca. - Sabe o que mais me dá alívio, Afonso? É saber que nunca me deitei com você como um dia desejei porque pelo menos eu sei que isso não resultou em nenhum filho e eu jamais me perdoaria por ter um filho de um homem fraco e manipulável como você. Um homem que abdica de um reino por amor a uma mulher? A uma plebeia sonsa? - Ela disse com indignação.

- Catarina, limpe a sua boca pra falar de Amália. - Ele falou e ela o interrompeu.

- AH, PELO AMOR DE DEUS, AFONSO. - Foi a vez dela de gritar. - Eu te amei de verdade, eu sei que eu te amei de verdade. E eu podia ter feito de você um homem muito maior, um rei muito mais poderoso e você seria feliz ao meu lado. - Ela falou e sorriu amarga, enquanto ele permanecia calado. - Mas agora, eu só sinto desprezo por você, por vocês dois, porque vocês se merecem. - Ela disse e instantaneamente sentiu um alívio por dizer tudo aquilo que estava preso em sua garganta.

- Só Amália pode me fazer feliz. - Ele disse tentando usar o que ela mesma disse contra ela, mas para sua surpresa ela disse mais uma de suas palavras cortantes.

- É apenas isso que você tem para se orgulhar. Um homem fraco e medíocre que nem você, que tem uma vida tão sem sentido, realmente precisa de outra pessoa fraca e medíocre pra fingir que juntos são importantes pro mundo. - Catarina utilizou de toda a sua aspereza para dizer tais palavras e as mesmas atingiram Afonso como um soco.

Um silêncio forte instalou-se naquele cômodo. Afonso se questionava pra onde havia ido todo o amor que um dia Catarina sentiu por ele. Aquela, nem de longe, lembrava a Catarina de palavras doces, a mulher que várias vezes tentou o seduzir utilizando dos mais diversos (e tentadores) meios. Aquele olhar perigosamente atraente, que por inúmeras vezes quase o fizeram jogar tudo pro alto e se entregar aos seus encantos, agora deu lugar a um olhar de pura raiva.

- Tudo aponta para você, não sei porque insiste em mentir. - Ele falou mais baixo, ainda tentando digerir as duras palavras ora proferidas por Catarina.

- Eu já disse a verdade, foi Otávio quem causou aquilo e não eu. Eu não teria motivos pra mentir, afinal já fui condenada, de todo modo pagarei sozinha. - Ela fez uma pausa e logo continuou. - Um dia, a verdade irá aparecer, cedo ou tarde irá, e eu faria qualquer coisa para vê-lo se corroer de culpa por ter me acusado tantas e tantas vezes, mas sei que não terei essa oportunidade, pois provavelmente estarei morta até lá. Mas você ainda vai se arrepender disso, Afonso, guarde minhas palavras.

Assim que ela falou, eles permaneceram se encarando por mais algum tempo até que Afonso resolveu sair daquele quarto. Foi a passos largos até a sala do trono e trancou-se nela. Sua cabeça fervilhava de pensamentos, mas o principal deles era: será que Catarina estava mesmo falando a verdade?

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Olá, pessoas. Mais uma vez quero agradecer por toda a recepção que a fic vem tendo, cada voto, cada comentário, tudo me deixa muito feliz por saber que estão gostando.

O que acharam do capítulo? Eu, particularmente, amei escrever a Catarina pisando no Afonso.

Como podem ver, ela está com muito ódio dele e ele, apesar da raiva de achar que ela explodiu a mina, está começando a ter dúvidas e essas dúvidas também levarão a outras e outras e outras...

Espero que tenham gostado. Deixem a estrelinha do amor e comentem suas opiniões. Beijos ❤❤❤

Ps: próximo capítulo vai ser triste, se preparem. Postei e saí correndo.

Ps2: Apreciem essa foto da mídia, achei perdida no celular e tive que postar. Catarina anjo sem defeitos, quem concorda respira.

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