Capítulo 24 - Deus salve a rainha

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Alguns dias depois

Dias se passaram desde a conversa não tão amistosa entre Afonso e Catarina. Agora, mais do que nunca, a princesa o evitava com todas as suas forças, só tratava com ele assuntos referentes a sua coroação como rainha de Artena e nada além disso.

Sentia raiva por ele ter remexido aqueles acontecimentos que deviam estar no passado, mas ela tinha plena consciência de que mais dia ou menos dia os dois iriam discutir sobre aquilo novamente.

Afonso a cada dia sentia o arrependimento em si aumentar. Ele se perguntava como não havia percebido que machucou tanto Catarina. A princesa tinha razão quando lhe chamava de egoísta, pois ele todo o tempo apenas pensou em si e em seu romance com Amália.

Se ele tivesse parado para pensar em Catarina, veria que ela foi a mais ferida naquele casamento, mas ele parecia estar cego, ou melhor, só enxergava o que lhe convinha.

Outra coisa que não abandonava sua mente foram as palavras de Catarina quando lhe disse que ele também havia destruído Montemor e isso era uma coisa que ele não parecia querer admitir antes, porém quando as palavras da princesa vieram a tona, foram como um baque, um choque de realidade. Ele sabia que ela estava certa. Se seu reino estava naquele estado, a culpa não era apenas de Rodolfo.

Procurar culpados não adiantaria de nada naquele momento, mas fugir da responsabilidade tornava tudo pior e Afonso sabia disso.

Nesse momento, ele admirava a capacidade de Catarina de encarar de frente suas responsabilidades. Ela assumia o erro que cometeu, mas mais que isso, ela além de não insistir no tal erro, estava dando os primeiros passos para consertá-los. Bem diferente dele, que parecia insistir nos mesmos equívocos.

Quando começou o romance com Amália, ele achava que aquele era o seu grande amor. Achava que nada mais importava além de estar com ela. Obviamente, não jogava apenas na ruiva a culpa por ter abdicado do trono, essa era uma responsabilidade dele.

Quando revelou sua identidade como príncipe e futuro rei de Montemor e a levou até o castelo, se sentiu decepcionado por ela nem ao menos ter se esforçado para conhecer sua vida. O modo que ela falava que aquele Afonso nobre não era o Afonso por quem ela se apaixonou somado a sua impulsividade, o fizeram desistir de tudo.

Mas não tardou para as consequências de seus atos baterem em sua porta e quando ele cogitou retornar para tentar consertar seus estragos, se deixou levar pela ruiva que insistia que aquela vida de plebeu era sua nova vida. Isso, hoje, o fazia ver que talvez aquele romance com Amália não desse certo. Eles começaram sem qualquer base e nada sem uma boa base se sustenta de pé por muito tempo.

E é aí que entra Catarina. A misteriosa mulher, forte e decidida, aos poucos foi entrando em sua vida sem pedir licença e agora parecia cada vez erguer sua própria fortaleza dentro daquele espaço onde deveria existir uma boa base para o relacionamento entre ele e a plebeia. E seu coração se recusava a fazer qualquer mínimo esforço para expulsá-la daquele lugar.

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Catarina estava ansiosa e apreensiva. Não era a primeira vez que a coroa de rainha de Artena iria pousar em sua cabeça, mas agora ela viria mais pesada. Vinha carregada de responsabilidades, de medos e desafios que ela teria que encarar de frente.

Tudo estava pronto para o grande dia. Os nobres já estavam presentes, os plebeus estavam agitados e em festa nas ruas, o castelo de Montemor perfeitamente organizado. Agora faltava apenas Catarina.

Ela terminava de se arrumar no quarto. Escolheu um vestido preto com detalhes em prata nos ombros, de mangas longas que se abriam em seus antebraços e a uma bela trança prendia seus cabelos. Seu coração palpitava de ansiedade enquanto se dirigia para o local da coroação.

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